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Informativo 143 – Derretimento, aranhas e pré-sal

1 – Derretimento da Groenlândia se acelera

2 – Polícia prende inglês com 900 aranhas em aeroporto no Rio

3 – Exploração do pré-sal terá pouca influência para aumento das emissões de carbono

 

1 – Derretimento da Groenlândia se acelera

 

Velocidade do degelo na ilha aumenta desde 2006. Conclusão saiu de estudo que usou dados de satélite e medições feitas em terra

Ricardo Mioto escreve para a “Folha de SP”:

O degelo está se acelerando na segunda maior massa de gelo do mundo, a Groenlândia, que nos últimos nove anos perdeu 1,5 trilhão de toneladas de água- o suficiente elevar o nível do mar em mais de 4 milímetros. O número é apontado em um estudo publicado na edição de hoje da revista “Science”, liderado por Eric Rignot, geocientista da Nasa.

“Nenhuma notícia boa por aqui. Sinto muito”, disse o cientista em entrevista à Folha. Segundo ele, a aceleração do derretimento se verifica desde 2006 em um nível sem precedentes. Isso pode ser apenas uma oscilação normal -em alguns anos o gelo derrete mais, em outros menos. Mas, se for uma tendência, trata-se de mais um sinal de que o planeta está esquentando rápido.

Jefferson Simões, glaciologista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, diz que não se trata de mero acaso. “É preciso ver que esse não é um estudo isolado, existem várias outras evidências científicas, tudo vai se somando.”

Os números, de qualquer forma, impressionam. Nesta década, as regiões que mais derreteram, aquelas próximas ao oceano, chegaram a perder mais de uma tonelada de água -uma caixa d’água cheia- por metro quadrado por ano.

Outro dado novo é sobre o destino do gelo perdido. Cerca de metade dele se transforma em icebergs, perdendo contato com a Groenlândia. A outra metade se torna lagos de água líquida sobre a superfície de gelo, dizem os cientistas.

Além de servir como sinal de aquecimento, o derretimento do gelo tem uma consequência imediata a elevação do nível dos mares e, com isso, o alagamento de regiões litorâneas.

Se a Groenlândia derretesse por completo, os oceanos subiriam sete metros -uma catástrofe global para áreas costeiras. Nem os pesquisadores mais pessimistas, entretanto, acreditam que isso acontecerá.

O estudo na “Science” pode forçar uma revisão das previsões de 2007 do painel do clima da ONU (o IPCC) sobre o assunto, dizem os cientistas.

Estimava-se que os mares, na pior das piores hipóteses, subiriam no máximo 58 centímetros até 2100. “Levando em conta o novo cenário, eu diria que existe uma real possibilidade de ultrapassarmos esse valor”, diz Jonathan Bamber, físico da Universidade de Bristol, no Reino Unido, e um dos coautores do estudo.

“O valor da ONU é muito pequeno. Infelizmente, o gelo está derretendo rápido. Eu estou preocupado”, diz Rignot.

Falta a Antártida

Para ter certeza que não estavam cometendo erros, os cientistas utilizaram dois métodos diferentes. Um deles usou dados obtidos em solo, outro, via satélite, e os resultados estavam de acordo um com outro.

Para saber com precisão o que vai acontecer com o planeta no futuro, será necessário fazer algo similar com a Antártida. Apesar de o continente gelado ter 90% do gelo mundial -e, portanto, ser muito mais decisivo do que a Groenlândia-, sabe-se relativamente pouco sobre o degelo por lá.

Ainda não existe para a Antártida um estudo como este que sai agora na “Science”, diz Simões. “É o único local onde ainda não está clara a situação, ela é a grande incógnita.”

Os cientistas sabem que a Antártida está passando por um aumento de temperatura e que vem perdendo gelo. Mas ainda é difícil quantificar.

“Sabemos que a região mais central e alta está tranquila, estável, se alguém falar que está mudando é bobagem. O nosso receio é que os derretimentos que estão ocorrendo no norte da península Antártica se espalhem”, diz Simões. (Folha de SP, 13/11)

 

2 – Polícia prende inglês com 900 aranhas em aeroporto no Rio

 

Estrangeiro adquiriu animais no Paraguai e pretendia revendê-los em Londres

A Polícia Federal deteve anteontem um inglês no aeroporto do Galeão, no Rio, anteontem, quando chegava do Paraguai com 900 aranhas caranguejeiras vivas, em duas malas. Lee Ardern, 26, disse que comprara os animais naquele país, a US$ 5 cada, e as venderia em sua loja de animais, em Londres, por US$ 50 cada.

Como o inglês não tinha autorização do Ibama para tal, a lei prevê prisão de seis meses a um ano. Ardern responderá a processo em liberdade, mas já foi multado R$ 1,3 milhão. Ele tem 20 dias para apresentar defesa e tentar anular a multa.

O inglês foi flagrado ao ter sua bagagem selecionada aleatoriamente pela PF para uma revista. Ao abrirem as malas, os policiais descobriram as aranhas em caixas.

Ardern alega que passava pelo Brasil só como escala para chegar a Londres. No Paraguai não é proibida a posse de animais silvestres.

“Ele dizia que 600 aranhas eram de uma espécie comum no Paraguai e que não existe no Brasil, disse Carlos Magno, chefe de fiscalização do Ibama. “Outras 300 são de uma espécie encontrada tanto aqui como lá. A única certeza é que elas não foram criadas em cativeiro.”

Segundo Magno caberá agora à Justiça decidir se o inglês poderá voltar para Londres. “Em casos assim, é comum haver um acordo: ele paga uma parte da multa e é autorizado a viajar”. (Folha de SP, 13/11)

 

3 – Exploração do pré-sal terá pouca influência para aumento das emissões de carbono

 

A exploração da camada pré-sal não deve trazer dificuldades para o Brasil no cumprimento de metas de redução das emissões de carbono, segundo especialistas que participaram de audiência pública na Câmara dos Deputados

A audiência foi nesta quinta-feira, dia 12, na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara. A finalidade do debate foi esclarecer dúvidas dos parlamentares sobre o possível impacto do aumento das emissões de gás, diante da preocupação quanto aos efeitos da utilização dos combustíveis fósseis no aquecimento global.

O encontro teve a participação de representantes da Petrobrás e de técnicos do governo. Para o coordenador-geral de Mudanças Globais de Clima do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), José Domingos Miguez, existem meios para evitar impactos negativos.

Ele destacou a intenção da Petrobras em reinjetar nos poços perfurados o gás carbônico  resultante da queima de combustíveis, além de outras possibilidades analisadas. “Não precisamos ter só uma solução. Pode-se adotar diversas medidas de redução, como aumento de produção de energia renovável, de eficiência energética nos equipamentos, etc.”

Miguez também lembrou que as emissões provenientes da queima do combustível “não serão, necessariamente, geradas no Brasil. Se exportamos o petróleo, esse CO2 será emitido pelo país importador”, conclui. (Com informações da Assessoria de Comunicação do MCT)