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40º Informativo – Degelo, Tupi e atlas

1 – Degelo afetaria rotação da Terra

2 – Tupi pode emitir até 3,3 bi de t de CO2

3 – Atlas da mata Atlântica revela perda de mais de 100 mil hectares da floresta entre 2005 e 2008

 

1 – Degelo afetaria rotação da Terra

Elevação do nível do mar seria 25% maior na América do Norte

O derretimento de uma das maiores áreas congeladas da Terra pode alterar o campo gravitacional do planeta, bem como a sua rotação no espaço, de tal maneira que causaria uma elevação do nível dos mares em algumas áreas costeiras bem mais acelerada do que a média global. O alerta foi feito ontem por cientistas.
A elevação do nível dos mares seria maior nas costas oeste e leste da América do Norte, onde um aumento 25% superior à média global causaria enchentes catastróficas em cidades como Nova York e Washington D.C.
Um estudo sobre como a cobertura de gelo da parte ocidental da Antártica reagiria diante do aquecimento global revelou que a sua desintegração alteraria o foco do campo gravitacional do planeta. Com isso, o nível do mar se elevaria desproporcionalmente mais nas áreas costeiras da América do Norte do que em outras partes.
Se a cobertura de gelo dessa parte do continente desaparecer, a perda de uma quantidade tão grande de massa no Hemisfério Sul faria a força da gravidade mais forte no Hemisfério Norte, afetando a rotação da Terra e fazendo com que o nível do mar suba mais no norte do que no sul, onde se encontra atualmente a massa de gelo.
Entretanto, os cientistas também estimaram que a elevação média do nível das águas por conta do derretimento de áreas de gelo não será tão alta quanto se imaginava. Isso porque partes do gelo são mais estáveis do que se pensava e, por isso, não escorreriam em direção ao mar mesmo num mundo mais quente criado pelas emissões de gasesestufa produzidas pelo homem.
A cobertura de gelo da parte ocidental da Antártica – uma das três grandes áreas contínuas congeladas – é também conhecida como “gigante adormecido” porque, se acredita, seria fundamentalmente instável, apoiada em rochas que estão abaixo do nível do mar. Isso a tornaria ainda mais vulnerável ao derretimento e à rápida desintegração, segundo Jonathan Bamber, da Universidade de Bristol.
– Diferentemente de outras importantes áreas de gelo, como a cobertura da parte oriental da Antártica e a Groenlândia, esta é a única a apresentar uma configuração tão instável – explicou Bamber. – Por isso, há um grande número de pesquisas estudando a probabilidade do colapso dessa área e as implicações que um evento tão catastrófico teria no planeta. Mas todos esses estudos estimaram um aumento médio de 5 a 6 metros no mar por conta do colapso. Pelos nossos cálculos, o aumento é menor.
A elevação seria de 3, 3 metros em média. Mas a alteração na rotação terrestre criaria situações ainda mais catastróficas. Pelo menos no Hemisfério Norte. (Steve Connor, do Independent)
(O Globo, 19/5)

 

2 – Tupi pode emitir até 3,3 bi de t de CO2

 

Cálculo considera a produção de 8 bilhões de barris; por ano, emissão de carbono no Brasil é de 1,5 bilhão de toneladas

Herton Escobar escreve para “O Estado de SP”:
As reservas de petróleo do mundo estão longe de secar. Mas não é preciso esperar tanto. Segundo estudo publicado neste mês na revista Nature, se o mundo quiser manter o aumento da temperatura do planeta abaixo de 2°C, não poderá queimar mais do que um quarto das reservas já disponíveis de combustíveis fósseis (óleo, carvão e gás) até 2050. Esse é o limite de aquecimento global considerado minimamente “seguro” pela comunidade científica.
“Temos petróleo demais, muito além do que podemos nos dar ao luxo de queimar”, disse o autor principal do estudo, o alemão Malte Meinshausen, do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impactos Climáticos.
Os resultados adicionam outro grau de urgência à necessidade de substituir o uso de combustíveis fósseis por fontes renováveis de energia, que não acrescentam carbono à atmosfera – tal como solar, eólica e biocombustíveis.
Nesse cenário de temperatura elevada e carbono em excesso, o entusiasmo brasileiro sobre as descobertas de petróleo no pré-sal – assim como os bilhões de reais que precisarão ser gastos para retirá-lo do fundo do mar – parece ir na contramão dos esforços nacional e internacional de combate ao aquecimento global. “Qualquer exploração de novas reservas certamente vai acrescentar mais carbono à atmosfera”, diz Meinshausen.
Só as reservas do campo de Tupi – um dos vários que estão sendo descobertos na camada de pré-sal da Bacia de Santos – são estimados pela Petrobrás entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo. Se todo esse óleo for recuperado, transformado em combustível e queimado, isso resultará na emissão de, pelo menos, 2,1 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera, segundo cálculo feito por especialistas a pedido do Estado.
Isso equivale, aproximadamente, ao que o Brasil emite hoje em um ano – incluindo as emissões do setor energético, de transportes, do desmatamento da Amazônia. No caso dos 8 bilhões de barris, esse volume aumentaria para 3,3 bilhões de toneladas de CO2.
Um segundo reservatório descoberto no pré-sal e considerado comercialmente viável é o campo de Iara, com reserva estimada em até 4 bilhões de barris – mais 1,7 bilhão de toneladas de CO2 em emissões potenciais.
As contas foram feitas pelos especialistas Roberto Schaeffer, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio (UFRJ), e Luiz Alberto Horta Nogueira, professor do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá.
Cada barril de petróleo queimado emite entre 420 e 440 quilos de CO2 – sem contar o carbono emitido ao longo da cadeia produtiva, nos processos de extração, transporte, refino e distribuição. A comparação com as emissões totais do País é baseada em estimativa preliminar, já que o novo inventário oficial só deve ficar pronto no fim do ano.
Pelos números do inventário atual (de 1994), o Brasil emite por ano cerca de 1,5 bilhão de toneladas de CO2 equivalente (conta que inclui emissões de dois outros gases do efeito estufa: metano e óxido nitroso).
Quanto desse carbono que está embutido no petróleo será emitido de fato para a atmosfera dependerá de como as reservas do pré-sal serão utilizadas – algo ainda não definido. Falta saber quanto do óleo será transformado em combustível (gasolina ou diesel) e quanto será usado na fabricação de petroquímicos (como plástico), que mantêm o carbono “aprisionado” no produto.
Em média, no mundo, 90% do petróleo é queimado e 10%, vira petroquímicos. “No Brasil é possível que essa proporção seja maior, pois há muita demanda por petroquímicos”, avalia Alexandre Szklo, colega de Schaeffer na Coppe-UFRJ. Outro fator é a qualidade do petróleo do pré-sal.
Por ser um óleo de peso médio a leve, a quantidade de energia necessária para recuperá-lo tende a ser menor do que para óleos mais pesados, como é o caso de boa parte do óleo produzido e exportado hoje no Brasil. Menos energia consumida significa menos emissões.
“Se usarmos o óleo do pré-sal para refino, poderemos até ter um benefício em termos de emissões”, avalia Szklo. Ele ressalta que o que faz a emissão crescer é o aumento da demanda, não da oferta. “A demanda existe. Sem o pré-sal, ou teríamos de importar mais óleo ou usar um de pior qualidade.” Procurada, a Petrobrás não se manifestou.
(O Estado de SP, 25/5)

 

3 – Atlas da mata Atlântica revela perda de mais de 100 mil hectares da floresta entre 2005 e 2008

 

 

A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) acabam de divulgar os novos dados do Atlas de Remanescentes Florestais da Mata Atlântica.
A pesquisa avaliou a situação do Bioma em dez Estados, da Bahia ao Rio Grande do Sul, entre 2005 e 2008, e indicou como mais críticas a situação de Minas Gerais, Santa Catarina e Bahia. Neste período perdeu-se mais de 100 mil hectares de floresta ou dois terços do tamanho da cidade de São Paulo. “É urgente fazer com que as pessoas entendam que a nossa vida depende da floresta e participem deste esforço em prol da proteção deste bioma tão ameaçado. É uma questão de sobrevivência dos 112 milhões de habitantes do bioma proteger tudo o que resta de floresta original, por isso agora passaremos a divulgar os dados de dois em dois anos”, afirma Márcia Hirota, diretora de gestão do conhecimento da SOS Mata Atlântica.
A parceria entre a Fundação e o INPE traz uma novidade para quem precisar acessar os dados: os mapas dos estados e municípios do Bioma poderão ser usados gratuitamente por estudantes, pesquisadores e universidades para fins de pesquisa e o download dos shapefiles estarão disponíveis nos sites. O Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica é realizado desde 1989, conta com patrocínio do Bradesco Cartões e co-patrocínio da Colgate Palmolive.
Para acessar os mapas acesse os portais www.sosma.org.br e www.inpe.br

Fonte: Ecos da Mata n. 227