O Conselho Superior (Consu) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) reuniu-se extraordinariamente nesta sexta-feira, 3 de julho, para deliberar sobre as propostas da Comissão Acadêmica em Educação Superior a respeito dos trabalhos de conclusão de curso, das ações de extensão e da reorganização excepcional das disciplinas dos cursos de pós-graduação em virtude da pandemia do novo coronavírus. A pauta foi única, sem informes da presidência.
Extensão
O reitor da UFJF, Marcus David, abriu a reunião explicando a dinâmica da reunião. A pró-reitora de Graduação, Maria Carmen Simões de Melo, expositora das propostas da Comissão Acadêmica, relatou a proposta para atuação remota da extensão universitária. A matéria foi em seguida colocada em discussão.
O coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFJF (Sintufejuf), Márcio Sá Fortes, considerou que a minuta de resolução não causa qualquer risco para a política de distanciamento social adotada pela UFJF desde o início da pandemia. Da mesma forma, a diretora da Faculdade de Direito, Aline Araújo Passos, elogiou a proposta para a extensão.
A presidente da Associação dos Professores do Ensino Superior (Apes), Marina Barbosa Pinto, falou sobre a forma como a entidade compreende todo esse momento. Ela considerou que, com o passar to tempo, novas dificuldades e lacunas vão surgindo no enfrentamento da Covid-19, mas que o trabalho que realizado pela UFJF tem sido feito com muito cuidado e zelo.
Marina acredita que as ações devem ser pautadas pelo Comitê de Monitoramento para tomar as decisões diante da pandemia. Ela defende que seja dada atenção especial àqueles que, em suas palavras, “sempre ficam no grupo dos sem: sem acesso, sem direitos” para que não haja desigualdade. Por fim, afirmou que a Apes apoia a proposta para a extensão.
A matéria foi colocada em votação e aprovada por maioria, com uma abstenção.
Trabalhos de conclusão de curso
A segunda proposta apresentada foi a minuta de resolução sobre trabalhos de conclusão de curso. A exposição também foi feita pela pró-reitora Maria Carmen, relatora da proposta. Após leitura do parecer, foi aberta a discussão.
A diretora da Faculdade de Direito, Aline Araújo Passos, fez algumas considerações sobre a minuta, assim como a diretora da Faculdade de Fisioterapia, Maria Alice Junqueira Caldas, que se disse favorável ao texto, porém demonstrou preocupação quanto ao acesso dos estudantes às bibliotecas.
A diretora da Faculdade de Serviço Social, Alexandra Aparecida Leite Toffanetto Seabra Eiras, informou que não foi feita discussão sobre o tema em sua unidade. Segundo a professora, o posicionamento foi construído com base no parecer de alguns professores. Enquanto uns seguem orientando seus estudantes, outros questionam dificuldades de acesso à bibliografia.
O coordenador-geral do Sintufejuf, Flávio Sereno, fez uso da palavra para cumprimentar a Apes pelos 42 anos de existência. Em seguida, fez uma observação sobre a conjuntura e afirmou que o Comitê de Monitoramento tem feito uma análise das várias ações que estão em funcionamento na UFJF em benefício do combate à pandemia. Ele salientou que a Universidade deve se manter firme na luta pelo distanciamento social.
A presidente da Apes, Marina Barbosa Pinto, levantou três questões a respeito do assunto. A primeira delas foi a necessidade de uma estrutura remota de trabalho para os estudantes, que garanta cuidado e proteção. Em seguida, lembrou os limites no acesso como uma de suas preocupações. Por fim, considerou que pode haver tensões nesse período e que as unidades precisam ser mediadoras do processo para que coordenadores e cursos e chefes de departamentos não sejam sobrecarregados.
A diretora da Faculdade de Comunicação, Marise Mendes, ressaltou a preocupação com a saúde de estudantes, trabalhadores e com os protocolos de segurança epidemiológica. Ela cumprimentou a comissão pelo trabalho desenvolvido e acrescentou que sua unidade tem discutido ações emergenciais e oferecendo oficinas e cursos durante a pandemia.
Marise sugeriu ainda uma modificação na minuta, para que a indicação de um novo orientador nos casos em que o designado anteriormente não se dispuser a seguir na orientação não seja somente a cargo do Departamento.
O diretor da Faculdade de Enfermagem, Marcelo da Silva Alves, elogiou a qualidade da reunião e destacou o cuidado que a comissão teve na elaboração das propostas. Ele considerou que o manual enviado pelo Ministério da Educação tende a contribuir com o trabalho da comissão.
O diretor do Instituto de Ciências Exatas, Eduardo Barrere, informou que a unidade ouviu coordenadores de cursos e chefes de departamento para embasar seu voto. Todos foram favoráveis à aprovação da minuta. Porém, Barrere acompanhou a preocupação da diretora da Faculdade de Comunicação, Marise Mendes, no tocante à atribuição dos departamentos.
Colocado em votação, o parecer, com os acréscimos sugeridos, foi aprovado por maioria: 49 votos e uma abstenção.
Pós-graduação
A terceira proposta apresentada na reunião foi a minuta de resolução para a pós-graduação. A apresentação e o relato foram feitos pela pró-reitora de Graduação, Maria Carmen. A professora início dizendo que a minuta foi anteriormente apreciada pelo Conselho Setorial de Pós-Graduação e Pesquisa e depois encaminhada à Comissão Acadêmica.
Durante a apreciação pela Comissão Acadêmica, as entidades representativas expuseram algumas preocupações que, na opinião dos outros membros da comissão eram legítimas, mas já estariam contempladas no texto da minuta. Ainda assim, a Apes preferiu apresentar cinco novas propostas que precisariam de mais tempos para ser discutidas. No entanto, a minuta posta em discussão tem o objetivo de atender às demandas da pós-graduação em curto prazo. Após lido o parecer, foi aberta a discussão.
A representante do Conselho Setorial de Pós-Graduação e Pesquisa, Iluska Maria da Silva Coutinho, elogiou a forma como a resolução foi construída. A diretora da Faculdade de Serviço Social, Alexandra Eiras, destacou o momento difícil e intenso, de trabalho remoto exaustivo, e considerou que das três propostas apresentadas na reunião do Consu, a última é que mais entra no debate sobre o ensino remoto.
Alexandra relatou que o assunto foi discutido pelo Colegiado da Pós-graduação e pela Congregação da unidade e que as orientações para o funcionamento da pós-graduação seguiram o colegiado. Várias questões foram levantadas por docentes e discentes, que consideraram prematuro o ensino remoto à distância.
A diretora levantou aspectos como direito de imagem, acesso às plataformas, exclusão, entre outros, destacando que a decisão da Faculdade de Serviço Social é de não aderir ao proposto pela minuta. Ela pediu esclarecimento à Comissão sobre o que erra decisão pode gerar para o programa de pós-graduação da unidade.
A diretora da Faculdade de Fisioterapia, Maria Alice Junqueira Caldas, demonstrou apoio unânime de sua unidade à minuta, defendendo que a matéria oferece oportunidade de escolha para os programas de pós-graduação. Ela considera que a adesão é importante para que os desafios que se apresentam seja vencidos e lembrou que o texto exige que a adesão ao ensino remoto seja de todos os estudantes, impedindo que qualquer um seja prejudicado.
A diretora da Faculdade de Medicina, Maria Cristina Vasconcellos Furtado, informou que a proposta foi apresentada aos dois programas de pós-graduação da unidade, sendo amplamente aprovada pelos professore e estudantes. Ela acrescentou que foram criadas comissões correlatas às do Consu na Faculdade de Medicina, que mostraram que a falta de atividades tem gerado adoecimento. A defesa é que tais atividades sejam retomadas, mesmo que a distância e dentro das viabilidades.
A pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa (Propp), Mônica Ribeiro, destacou que as preocupações da Faculdade de Serviço Social abrem questões para um melhor estudo em caso de ações a serem tomadas em médio prazo. No entanto, ressaltou que a proposta atual visa a atender ao curto prazo. Mônica reafirmou a autonomia dos programas em aderir ou não à proposta, considerando que cada um assumirá a responsabilidade pela escolha de acordo com o que vem sendo analisado por cada área.
Em função do fim do tempo regimental, a discussão precisou ser interrompida e o assunto será retomado em nova reunião extraordinária do Consu nesta segunda-feira, 6, às 14h.