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Instintos

Instintos

 

O tema do instinto costuma ser bem interessante de ser tratado, sendo um conceito que, ao menos de forma bem resumida, nos parece muito familiar. Contudo, tratar desta área é uma tarefa séria para se entender o comportamento animal.

 

O papa-amoras-comum é um animal que vocaliza por instinto. Foto: Steve Garvie.

O papa-amoras-comum é um animal que vocaliza por instinto. Foto: Steve Garvie.

O termo instinto, por si só, consegue ser bem complicado, uma vez que, por estar tão imerso na sociedade e na cultura popular, tem ligação com várias áreas, como, por exemplo, a psicanálise.

 

E foi justamente considerando isso que o grande estudioso do comportamento animal Niko Tinbergen propôs que o instinto biológico fosse tratado e estudado pela Etologia, uma área da biologia responsável por estudar o comportamento animal. Assumir esse papel realmente traz consigo algo valioso, pois delimita e guia qual o sentido possível para a definição do instinto.

 

Partindo do princípio de que se trata de algo do comportamento animal e que, como tudo na biologia, se apoia na evolução, devemos então considerar também que há algum efeito hereditário (genético) que possa transmitir características comportamentais entre os indivíduos. Mas o que isso significa?

 

O tico-tico é uma ave que passa pelo aprendizado da vocalização. Foto: Wolfgang Wander.

O tico-tico é uma ave que passa pelo aprendizado da vocalização. Foto: Wolfgang Wander.

Isso quer dizer que o instinto seria uma adaptação do comportamento a diferentes estímulos ambientais, por exemplo na comparação de estímulos recebidos pelos filhotes ou não. Estudos com pombos, por exemplo, demonstram que filhotes criados confinados, sem que possam fazer movimentos de bater de asas, podem realizar movimentos de voo tais quais aos de um pombo que foi criado livremente.

 

Contudo, além do instinto, há também o aprendizado. Uma pesquisa com tico-ticos demonstra que animais de diferentes locais cantam de forma diferente, e, caso um filhote seja separado de machos adultos que cantam, ele não consegue reproduzir um som parecido. Já outras espécies de pássaros são capazes de emitir canto sem que haja um contato dos jovens com os adultos com capacidade de cantar, ou seja, há uma presença do instinto.

 

Assim, é intrigante pensar que até mesmo nossas vidas podem ser influenciadas por nossos instintos, ações que fazemos às vezes inconscientemente, simplesmente por estarem presentes em nosso material genético. De que modo isso pode afetar nossa vivência tanto pessoal quanto em sociedade? É uma reflexão bem difícil de se fazer, mas que pode nos fazer observar o mundo de outra maneira. 

 

Fontes e imagens:

BEER, Colin. Niko Tinbergen and questions of instinct. Animal Behaviour, v. 164, p. 261–265, 2020. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0003347219302507>. Acesso em: 25 maio 2022.
https://www.flickr.com/photos/rainbirder/4649787460/
https://www.pbase.com/image/83910026