FASE PRÉ-UNIVERSITÁRIA (1984-2001)
Meu primeiro contato com uma instituição federal de ensino superior ocorreu após mudarmos de Porto Alegre/RS, minha cidade natal, para Juiz de Fora/MG. Era meados da década de 1990, meus pais haviam se separado recentemente e passávamos por dificuldades financeiras. Por conta disso, minha mãe decidiu retornar à casa de seus pais, em Minas Gerais. Na época, eu estava com 10 a 11 anos e meu falecido avô, Prof. Walter Machado Couto, gostava de destacar as oportunidades oferecidas pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF (onde atuava há décadas como professor do departamento de Biologia) e nos dizia que a educação era o caminho mais seguro e honesto para uma vida próspera.
Embora não tivéssemos acesso à rede privada de ensino, eu e meus dois irmãos mais novos tivemos o suporte familiar necessário para ingressarmos em boas universidades federais. Atualmente, ambos são engenheiros e atuam em respeitadas empresas de suas respectivas áreas. No meu caso, o ingresso à rede federal de ensino ocorreu em 1999, ano em que fui aprovado no antigo Colégio Técnico Universitário – CTU/UFJF (atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – Campus Juiz de Fora – IFE/JF). Na ocasião, eu possuía 15 anos e tive a oportunidade de cursar o ensino médio e o técnico (eletrotécnica) na referida instituição.
Este período foi culturalmente enriquecedor. Enquanto as escolas públicas municipais e estaduais contavam, basicamente, com alunos de baixa renda, o CTU incluía discentes heterogêneos (inclusive estrangeiros), provenientes de diferentes contextos socioeconômicos. Ao final do ensino médio, ainda em 2001, eu já havia sido aprovado para o curso de Ciências Econômicas da UFJF, que se iniciaria no ano seguinte. Dada a aprovação na faculdade, optei por abandonar o curso de eletrotécnica, no último módulo. Hoje, penso que deveria tê-lo finalizado.
PERÍODO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA (2002-2015)
Iniciei minha graduação em 2002 e, apesar das adversidades financeiras, consegui concluí-la regularmente, no final de 2005, aos 21 anos. Apesar de obter boas notas, não tive a maturidade necessária para me envolver em muitas atividades extracurriculares no decorrer do curso (e.g.: monitorias, projetos de pesquisa e extensão, empresa júnior, etc.) e, apenas ao final da graduação, consegui uma vaga de estágio na Subsecretaria de Planejamento Estratégico da Prefeitura de Juiz de Fora – PJF, onde trabalhei meio expediente (20 horas semanais), durante 8 meses (certificados A e B). Tardiamente, percebi que são estas atividades que nos diferenciam no mercado de trabalho. Como consequência, tive dificuldades nos processos de seleção que realizei ao longo de 2006 e decidi que precisaria aprimorar minha formação acadêmica.
Em 2007, fui aprovado no mestrado do Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada – PPGEA/UFJF. Certamente, este biênio foi um dos mais trabalhosos e gratificantes da minha vida. Se, por um lado, meus colegas de turma (Flaviane S. Santiago, Ludmilla R. Costa, Pedro G. C. Ferreira, Rosa Lívia G. Montenegro e Terciane S. Carvalho) eram alunos excepcionais (que viriam a se tornar amigos queridos e, mais à frente, referências em suas áreas), por outro, havia a pressão de acompanhá-los ao longo do curso. Apesar de não compreender bem a língua inglesa na época e precisar trabalhar em parte do mestrado, creio ter concluído esta tarefa com êxito.
Durante o mestrado, me tornei monitor da disciplina de Macroeconomia, participei de alguns congressos nacionais (ENABER, 2008 e 2009), iniciei artigos, que viriam a ser publicados em periódicos relevantes (FIRME e SIMÃO FILHO, 2014; FIRME e PEROBELLI, 2012), e ingressei em dois projetos de pesquisa, com o Prof. Dr. Cláudio R. F. Vasconcelos (que também tornou-se meu orientador na dissertação), cujos desdobramentos renderiam algumas das minhas pesquisas mais importantes (VASCONCELOS e FIRME, 2011; FIRME e VASCONCELOS, 2012, 2014, 2015 e 2020; FIRME, VASCONCELOS e MATTOS, 2018). Ainda assim, sinto que perdi boas oportunidades por não dominar outro idioma.
Logo após defender a dissertação, em 2009, fui aprovado, em 1º lugar, no concurso para Professor Substituto do departamento de Economia da UFJF (DOU 10/03/2009, Seção 1, p.17). Como professor substituto (2009-2011), orientei monografias e ministrei as disciplinas de Política e Planejamento Econômico, Comércio Internacional e Economia Brasileira I e II para os cursos de Economia, Administração e Serviço Social. Além disso, a convite do Prof. Dr. Ricardo Freguglia (coordenador), tornei-me vice coordenador do Grupo de Conjuntura Econômica (atual ECONS/UFJF) e participei do projeto de pesquisa, voltado ao setor de energia elétrica, coordenado pelos professores Dr. Fernando Perobelli, Dr. Rogério Mattos e Dr. Alexandre Zanini. Neste período, me mantive ativo nos congressos da área, com participações no ENABER, 2009, 2010 e 2011 e na ANPEC, 2010 e 2011. Ao final do meu contrato, tive a felicidade de ser um dos Professores Homenageados pelos Formandos da turma de Ciências Econômicas (diurno) de 2010 (Folder de Formatura).
Ainda em 2011, ingressei na primeira turma de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Economia – PPGE/UFJF e, dado o tempo que eu já tinha na instituição, fui eleito representante discente do referido programa. Como alguns dos meus ex-alunos de graduação (e.g.: Pablo M. Guimarães, Marcílio Z. Pereira, Gláucia P. Motta, Daniel L.P.E. Reis, Amir B.F. Neto, Thaís S. Procópio, Lucas B. Rodrigues, Luiz A.L. Júnior, Leonardo N. Luz, Ronaldo T. Almeida, Vinícius A. Vale) haviam ingressado no mestrado e cursavam algumas disciplinas comigo, me empenhei, ainda mais, no sentido de manter notas elevadas e, assim, evitar constrangimentos. Além disso, a fim de enriquecer o meu currículo, cursei um número consideravelmente maior de disciplinas (1035 horas) que o exigido no doutorado (825 horas). Visando contornar uma deficiência em minha formação, investi parte da bolsa de doutorado num curso imersivo de inglês (BRASAS), saindo do nível básico ao avançado em 2 anos (2011-2013). Como mantive notas acima de 80%, nos dois anos em que estive em imersão, recebi um diploma diferenciado desta instituição (Certificado/BRASAS). Neste período, tive a honra de conhecer e trabalhar com o Prof. Dr. Joanílio Rodolpho Teixeira (UnB). Nossa parceria nos rendeu uma participação em congresso internacional (X International Colloquium, 2013) e uma publicação (FIRME e TEIXEIRA, 2014), que já foi lida mais de 2 mil vezes no site researchgate.
Ao final do terceiro ano do doutorado (Set/2013), fui aprovado no concurso para professor efetivo do Departamento de Economia da UFJF-GV, na área de Macroeconomia (D.O.U. 23/09/2013, Seção 1, p.660). Embora eu viesse a assumir o cargo apenas no ano seguinte, em Fev/2014 (D.O.U. 27/02/2014, Seção 2, p.31), esta opção inviabilizou meus planos de realizar parte do doutorado no exterior. Apesar disso, não creio ter me equivocado. O fato é que a estabilidade financeira, proporcionada por um cargo público efetivo, era importante naquele momento e pesou em minha decisão. Ainda assim, estou ciente de que a comunidade acadêmica não vê com “bons olhos” os profissionais que concluem sua formação (i.e.: graduação, mestrado e doutorado) em uma mesma instituição.
A partir de 2014, precisei conciliar o doutorado, em Juiz de Fora, com o trabalho na UFJF-GV, em Governador Valadares/MG. Foi um período cansativo, onde dividia meu tempo entre a tese, o trabalho e as diversas viagens entre as duas cidades (separadas por mais de 450 km). Apesar disso, concluí o doutorado dentro do prazo regulamentar (Mar/2011-Mar/2015), com as maiores notas da minha turma, tese aprovada com conceito “A” (publicada em 3 revistas respeitadas da área: a. FIRME e VASCONCELOS, 2020; b. FIRME, VASCONCELOS e MATTOS, 2018; c. FIRME e VASCONCELOS, 2015), diversas apresentações/publicações em congressos nacionais e internacionais (i.e.: 27 apresentações/publicações em eventos e uma homenagem pelo melhor artigo no XVII Encontro da ANPEC SUL, em 2014) e sem solicitar nenhum tipo de afastamento das minhas atividades de ensino na UFJF-GV.
ATUAÇÃO PROFISSIONAL (2014-ATUAL)
Em 2014, já como professor efetivo do Departamento de Economia da UFJF-GV, assumi as disciplinas de Macroeconomia II e Economia II (Fundamentos de Macroeconomia) e fui designado para a cadeira de macroeconomia do Núcleo Docente Estruturante – NDE do curso (PORTARIA 01/2014). Em 2015, defendi minha tese (27/03/2015) e me tornei vice-coordenador do curso (01/06/2015). Neste mesmo ano, publiquei artigos nas revistas EconomiA (ANPEC) e Análise Econômica (UFRGS), apresentei um trabalho na 43ª ANPEC, participei de uma banca de mestrado do PPGEA/UFJF e de uma banca de seleção para professor substituto na UFJF-GV (Processo Seletivo n.127, Edital 18/2015). Além disso, após ler e sugerir algumas alterações metodológicas na proposta de dissertação da discente do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva – PPGSC/UFJF, Maria Silvia de Azevedo Couto, fui convidado pelos seus orientadores, prof. Dr. Maximiliano R. Guerra e prof.a. Dra. Maria Teresa Bustamante Teixeira, para auxiliar a referida pesquisa. Tal parceria resultou em duas excelentes publicações (a. COUTO, FIRME, GUERRA e BUSTAMANTE-TEIXEIRA, 2019; b. COUTO, GUERRA, FIRME e BUSTAMANTE-TEIXEIRA, 2017), que possuem especial relevância para mim. Afinal, a referida mestranda é, também, minha mãe.
Em 16/07/2016, fui eleito coordenador do curso de ciências econômicas da UFJF-GV (DOU 12/07/2016, Seção 2, p.29 ). Com o cargo, também assumi a presidência do NDE (PORTARIA 08/2017), me tornei membro do Conselho de Unidade (CONSUNI/ICSA), do Conselho de Graduação (CONGRAD) e do Conselho Gestor da UFJF-GV. Além disso, fiquei responsável pelo site do curso (https://www.ufjf.br/ecogv/) e passei a organizar as Semanas de Economia da UFJF-GV, realizadas anualmente. Neste ano, também participei da banca avaliadora para contratação de professor adjunto A-1, do Departamento de Economia da UFRRJ – campus Seropédica (Edital 66/2016). Durante os 3 anos em que atuei como coordenador (2016-2019), consegui reestruturar o Projeto Pedagógico do Curso – PPC, que vem sendo utilizado desde 2019 (Processo 23071.008386/2019-88, discutido nas atas de 27/09/2018, 09/11/2018 e 22/03/2019 e aprovado pelo CONGRAD em 16/10/19), e tive a oportunidade de conduzir o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes – ENADE/2018, voltado aos discentes de Economia da UFJF-GV.
Apesar de ter dedicado uma parte significativa do meu tempo à coordenação, no referido triênio, tentei me manter atuante na pesquisa e consegui publicar trabalhos em boas revistas neste período (Rev. Brasileira de Economia – RBE, 2017; Pan American Journal of Public Health, 2017; Review of Development Economics – RDE, 2018; Nova Economia, 2018; Ciência & Saúde Coletiva, 2019). No que se refere ao ensino, passei a oferecer, a partir de 2017, a disciplina eletiva de Econometria Espacial aos alunos de graduação. Desde então, a referida disciplina tem sido ofertada em semestres alternados.
Em 2020, após finalizar meu mandato como coordenador, assumi a Comissão de Extensão e Cultura – CEC (Portaria/SEI Nº 6/2020) do curso de Economia da UFJF-GV, onde elaboramos uma apresentação oficial do curso, que seria usada a fim de evitar a evasão interna e motivar o ingresso de novos alunos, junto às escolas locais. No ano seguinte, deixei a CEC para ingressar na Comissão de Pesquisa e Pós-Graduação – CPP (Portaria/SEI Nº 9/2021). Desde então, busco viabilizar a abertura de um programa de mestrado em Economia na UFJF-GV. Enquanto isso, mantenho algumas pesquisas individuais (FIRME, 2021), busco parcerias que envolvam outros professores (FIRME e VASCONCELOS, 2020) e tenho me dedicado a fim de garantir a publicação das pesquisas sob minha orientação (SOARES, FIRME e LIMA JÚNIOR, 2021; ALMEIDA e FIRME, previsão/2022; LAGES e FIRME, previsão/2022).
De modo geral, minhas áreas de interesse na pesquisa têm se concentrado em assuntos relacionados à: i) Macroeconomia e crescimento econômico; ii) Comércio internacional e Políticas protecionistas; iii) Economia regional e Insumo-Produto; iv) Economia da Saúde; v) Métodos Quantitativos aplicados à Economia.