A visível mudança nas produções e comercializações literárias de todo o mundo é reflexo da conquista de diferentes grupos sociais que sempre lutaram por mais espaço e representação. Tais mudanças estão influenciando positivamente o aumento do número de leitores, que se sentem cada vez mais identificados com os livros disponíveis no mercado.
Junto a esse processo, outro desafio que precisa ser vencido é o de tornar a leitura e o fazer literário mais acessível. Uma acessibilidade que deve considerar o maior e mais diverso público, independentemente de limitações físicas ou intelectuais.
A Lei nº 13.146/2015 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, conhecida como o Estatuto da Pessoa com Deficiência, prevê no artigo 68 o dever do poder público, que se estende à toda a sociedade, de adotar mecanismos de incentivo à produção, distribuição e comercialização de livros em formatos acessíveis, buscando garantir à pessoa com deficiência o direito de acesso à leitura, à informação e à comunicação. O Estatuto também orienta em relação às adaptações necessárias para que os espaços públicos, especialmente os da educação e do saber, sejam acessíveis a toda comunidade.
Se em um primeiro momento adaptar o ato de ler e escrever, para atender a todas as pessoas, pode parecer difícil, a tecnologia vem nos mostrando que não. São exemplos o uso de novas ferramentas nas adequações arquitetônicas e de decoração, com estantes, mesas e cadeiras adaptadas, nos espaços de leitura, que contribuem no acesso de pessoas com deficiência motora ou nanismo; a definição de produção de livros em braile, digitais e audiolivros, junto à impressão de obras físicas; e a disponibilização de lupas manuais para pessoas com baixa visão.
As adaptações, que podem ser feitas de forma gradual, são fundamentais para aumentar o número de leitores entre as pessoas que têm algum tipo de deficiência que, de acordo com o IBGE (2019), representam quase 25% da população brasileira.
Recordando a importante data de 21 de setembro – Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência – que foi instituída por movimentos sociais em 1982, a 20a edição do Vamos Ler! dar destaque ao trabalho de escritores brasileiros que apresentam diferentes deficiências. Esses homens e mulheres encontraram, em suas batalhas e conquistas diárias, a motivação para produzir conhecimento. Eles se tornaram vozes de inúmeras pessoas que, até então, eram muitas vezes ignoradas.
Nosso site também traz uma entrevista com o jornalista e escritor Marcos Lima, responsável pelo canal no Youtube Histórias de Cegos. Chegamos até o Marcos através de uma indicação do Projeto Incluir, que é parceiro dessa edição. Marcos nos fala sobre a importância dos materiais acessíveis para seu processo de alfabetização e contato com a leitura. Ele também nos alerta sobre os limites ainda impostos, tanto para se consumir quanto para produzir, literatura acessível no Brasil.
Nas redes sociais da UFJF-GV, além dos fragmentos dos textos dos autores desta edição, todos poderão participar de enquetes, testando assim os conhecimentos sobre literatura e acessibilidade.
Boa leitura!
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