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Programação do evento

A seguir você encontra informações sobre a programação da XXVII Semana de Estudos Clássicos 

 

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Mesas Redondas – Resumos

When fame distorts memory : Caspar von Barth, the ‘lost Apuleius’, and more

Antonio Stramaglia (Bari)

In 1624 Caspar von Barth published in his Adversaria (15, 17) some ‘new fragments’ from Apuleius, both in prose and verse, supposedly discovered in a mysterious manuscript in his own possession. This paper shows that Barth’s manuscript is to be identified with a codex now in Zwickau, and thereby demonstrates that, of the alleged ‘new fragments’, those in prose are tralatitious, the poetical ones were forged by Barth himself; as a result, these items must be excluded from future collections of Apuleius’s fragments. Consequences from this discovery are also drawn in relation to the so-called Life of Secundus the Philosopher and to the manuscript tradition of [Walter Burley]’s De vita et moribus philosophorum, both involved in Barth’s adv. 15, 17.

Quando a fama distorce a memória: Caspar von Barth, o “Apuleio perdido” e mais

Antonio Stramaglia (Bari)

Em 1624, Caspar von Barth publicou em seu Adversaria (15, 17) alguns “novos fragmentos” de

Apuleio, tanto em prosa como em verso, supostamente descobertos em um misterioso manuscrito em sua posse. Este trabalho mostra que o manuscrito de Barth deve ser identificado com um códice atualmente em Zwickau e, assim, demonstra que, dos supostos “novos fragmentos”, aqueles em prosa são translatícios, e os poéticos foram forjados pelo próprio Barth; como resultado, esses itens devem ser excluídos de futuras coleções de fragmentos de Apuleio. As consequências dessa descoberta também se aplicam em relação à chamada Vida de Segundo, o Filósofo, e à tradição manuscrita do De vita et moribus philosophorum de [Walter Burley], ambos envolvidos no adv. 15, 17 de Barth.

Constructing history and fame in the school of rhetoric: Cicero’s final choice

Biagio Santorelli (Università di Genova)

Shortly after Cicero’s death, the last moments of his life became a case study. A set of school exercises, documented in the Elder Seneca’s anthology, confronted students with a hypothetical scenario in which Anthony offered to spare Cicero’s life, if he would destroy his writings. We know from Seneca that such dilemma earned the favor of a larger audience of rhetoricians, who would deliver public declamations on this subject. In my paper, I will focus on the opposing voices that took part in this discussion, in the aim of showing that the longstanding debate on Cicero’s (in)constantia started in the school of rhetoric.

Construindo a história e a fama na escola de retórica: A escolha final de Cícero (Biagio Santorelli, Universidade de Gênova) Logo após a morte de Cícero, os últimos momentos de sua vida se tornaram um estudo de caso. Um conjunto de exercícios escolares, documentado na antologia de Sêneca, o Velho, confrontou os alunos com um cenário hipotético no qual Antônio se ofereceu para poupar a vida de Cícero, se ele destruísse seus escritos. Sabemos por Sêneca que esse dilema ganhou o favor de um público maior de retóricos, que proferiram declarações públicas sobre esse assunto. Em meu trabalho, vou me concentrar nas vozes opostas que participaram dessa discussão, com o objetivo de mostrar que o longo debate sobre a (in)constantia de Cícero começou na escola de retórica.

Os Estudos Clássicos nas Humanidades Digitais

João Queiroz (UFJF)

O que significa fazer Estudos Clássicos, hoje, em plena revolução tecnocientífica que vivemos? A relação entre os Estudos Clássicos e as Humanidades Digitais representa uma interseção dinâmica, promissora, cheia de implicações e em violenta mudança. Práticas acadêmicas consolidadas são cada vez mais integradas às metodologias computacionais intensivas (análise BigData, mineração de texto, LLMs, visualização, modelagem e simulação computacionais, análise de redes, etc). Essa integração tem enormes implicações para a pesquisa e para o ensino de textos e culturas clássicas. Minha ideia aqui é explorar alguns projetos que acontecem nesse domínio de interseção. Também me interessa discutir “como” certas tecnologias e artefatos cognitivos e computacionais afetam nichos especializados de investigação. Ao final, vou exibir dois resultados de minha colaboração mais recente com o Laboratório de Pesquisa em Sistemas Inteligentes e Cognitivos (LASIC, Dept. Ciências Exatas, UEFS), que são projetos na área de NLP (natural language processing) aplicados à literatura (MIVES: Mining Verse Structure; PROPOE: Prose to Poem).

Ciência, memória e História

Eduardo Salomão Condé (UFJF)

Os estudos clássicos representam uma venerável área nas Ciências Humanas, Letras e Artes. O tema da memória, de interseção clássica, e suas interações na História constituem elementos de real importância na reflexão contemporânea. O desenrolar da formação científica dialoga não sem dificuldade com temas históricos e da memória presentes no mundo da cultura e ainda oriundos da tradição clássica. Dessa forma, trata-se de trazer à tona a questão do  esvaziamento da memória – e, no limite, da História, no contexto de ciências da modernidade que consideram o presente como o mundo da vida. Dentre todas, nenhuma é tão expressiva com relação ao esvaziamento da memória, da História e do vivido como a economia em sua corrente dominante, onde predomina um “estado de natureza” individualista e competitivo e prisioneiro de uma racionalidade instrumental que produz uma ética própria a tal estado de coisas.

Desafios metodológicos na pesquisa associada à História da Antiguidade Clássica

Ludmilla Savry Almeida (UFJF)

No desenvolvimento de pesquisas relacionadas aos Estudos Clássicos a partir dos campos de conhecimento da História e do Ensino de História, um dos maiores desafios a serem enfrentados é o do caráter fragmentário da documentação disponível, seja ela de natureza escrita, ou da cultura material. A imensa maioria do que foi produzido no período da Antiguidade Clássica não chegou até nós. Quanto à documentação escrita, outro fator a ser considerado é que ela não foi produzida por autores representantes das mais diversas condições sociais, econômicas ou políticas existentes.   Tais “limitações” não devem inviabilizar as ações do(a) pesquisador(a). No seu enfrentamento torna crucial a variedade das opções a serem realizadas no tocante às bases teóricas e às ferramentas metodológicas. Ao se construir uma temática de pesquisa, serão precisos procedimentos que privilegiem, dentro possível, a associação de documentações múltiplas que devem ser contextualizadas dentro de seu período de produção e as apropriações posteriores realizados pelos debates historiográficos. Em muitos casos, torne se fundamental a discussão de abordagens tradicionais, difundidas socialmente.

Conferências – Resumos

‘Mentiras de Odisseu em contexto’

Luisa Buarque (PUC-Rio)

Odisseu ficou conhecido pela tradição como o personagem mentiroso por excelência. Isso não significa, entretanto, que na própria Odisseia as mentiras do herói possam ser lidas pela perspectiva construída a partir do período clássico, de cariz provavelmente mais moralizante do que sugere o contexto original. Nesse sentido, estabelecer os limites da “mitomania” de Odisseu tem consequências importantes sobre a interpretação do poema, mas, por outro lado, depende de um trabalho prévio de discussão sobre a própria noção de verdade no contexto da obra. Nesta palestra, procurarei partir de uma noção simples de verdade como “coerência interna” para fornecer um enquadramento para as mentiras de Odisseu cujo objetivo é defender que o herói não mente gratuitamente, mas mobiliza critérios de valor internos ao mundo que habita e ao contexto do poema quando opta pela mentira.

Minicursos – Resumos

Minicurso 1: A Antiguidade é eurocêntrica? Disputas curriculares e possibilidades didáticas no ensino básico

Beatriz Rezende Lara Pinton – UFOP

Durante a construção da Base Nacional Curricular Comum (2015-2018), a relevância dos estudos de Antiguidade para o currículo escolar brasileiro foi questionada. A disputa levou historiadores e classicistas a se inserirem na discussão nacional. O resultado foi a divulgação de estudos realizados nas últimas décadas no país, que apontam para o ensino de uma Antiguidade não eurocêntrica e diversa, que analisa as relações complexas de gênero e raça, além das conexões entre diferentes povos. Tomando o saber docente como guia, apresentamos nesta oficina projetos didáticos idealizados colaborativamente no âmbito de programas de formação profissional (Residência Docente e PIBID), em colaboração com escolas públicas.

Minicurso 2: Memória de quem? Como a recepção pode dar voz às minorias silenciadas desde a Antiguidade Clássica.

Laura Silveira (UFES)

Esta oficina buscará mostrar como a literatura anglófona contemporânea tem apresentado uma recepção de textos clássicos gregos e latinos, destacando personagens e eventos que foram silenciados nas grandes narrativas. Para tanto, utilizaremos as leituras de A Canção de Aquiles (2011), de Madeline Miller, e Lavinia (2008), de Ursula Le Guin, como textos de recepção que recontam A Ilíada de Homero e A Eneida de Virgílio, respectivamente, sob a perspectiva de personagens secundários nos textos clássicos, cuja representatividade dialoga intensamente com a nossa sociedade, com o nosso tempo.

Minicurso 3: Pensamentos jurídico e político clássicos

Wagner Silveira Rezende (Direito – UFJF)

A partir da leitura de textos clássicos, compreender os pensamentos político e jurídico da Grécia e da Roma antigas, comparando as diferentes traduções para as línguas modernas, de modo a entender as diferenciações entre os conceitos de justiça e norma, e entre as atividades do legislador e do juiz. As atividades da pesquisa estão localizadas no âmbito do Grupo de Pesquisa Pólis – Estudos Clássicos, fundado em parceria com o professor Raul Magalhães, da Faculdade de Ciências Sociais da UFJF.

Minicurso 4: “Do pensamento à imagem: quando a Arte fala” 

Sandra Sato (Instituto de Artes e Design/UFJF)

Matheus Rodrigues Coutinho (Licenciatura em Artes Visuais)

Vitória de Souza Bicalho (Bacharelado em Moda)

Rodrigo Pedretti Mendes (Bacharelado em Artes Visuais)

Ramani Ferrara de Paula Tito (Bacharelado em Artes Visuais)

 

Prova da inteligência entre os seres vivos, a comunicação promove nossa evolução ao organizar o pensamento individual para interagir com o coletivo. Ela aproxima desde culturas distintas a espécies diferentes. Ao propor a arte como um idioma de inclusão, não nos restringimos às minorias humanas classificadas, mas além. No diálogo entre estrangeiros, indivíduos de gerações ou ambientes sociais distantes, analfabetos e alfabetizados, à interação entre você e seu animal de estimação, entre o tempo presente e o passado, percebemos a força da imagem para tocar nossos interlocutores com a fluência de uma conversa cotidiana. A Arte fala.

Atividade do Centro Acadêmico de Letras

Nesse momento, o Centro Acadêmico Murilo Mendes, como representação estudantil eleita democraticamente, propõe uma discussão a respeito de como foi, para cada uma das integrantes do CA que optaram pela clássicas, o primeiro contato com essa área no contexto acadêmico.
A partir do compartilhamento das experiências pessoais, levantaremos algumas abordagens possíveis que versarão sobre o que seria mais atrativo para os estudantes nesse primeiro momento ao se encontrarem com a cultura das Letras Clássicas, bem como traçaremos uma linha de pensamento acerca do que poderia ser mais proveitoso para todos que, em qualquer momento da jornada estudantil, se deparem com essa área tão vasta e plural, que é o Estudo Clássico.
A proposta é que este seja um momento de diálogo, para que possamos conhecer as diversas opiniões e vivências de vários estudantes, que não só  seguiram para a área, mas também passaram por qualquer disciplina das clássicas.
O Centro Acadêmico Murilo Mendes tem entre suas propostas a realização de discussões sobre os cursos, seus conteúdos, currículos e disciplinas, e, para tanto, é preciso criar, cada vez mais, espaços em que a classe estudantil possa debater sobre sua experiência acadêmica e fomentar um canal aberto de comunicação entre as classes discentes e docentes, a fim de melhorar o ambiente universitário.

Apresentação Cultural

Orquestra Acadêmica da UFJF

Criada em 2015, a Orquestra Acadêmica da UFJF está vinculada ao Departamento de Música do Instituto de Artes e Design. O grupo – formado por docentes, TAEs e alunos – integra o currículo dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Música. É coordenada pelos professores Raquel Rohr e Eliézer Isidoro, e cumpre seu papel de formação dos alunos abrangendo as áreas do Ensino, Pesquisa e Extensão. Desde 2015, realiza concertos em espaços diversos da cidade, como o Cine-Theatro Central, Auditório do Instituto de Artes e Design, Auditório do MAMM, Conservatório Estadual de Música, dentre outros.