“Uma marca de ódio, exclusão e silenciamento da voz diferente, que coloca pais e alunos contra docentes, quebrando a relação pedagógica que se pauta na confiança e diálogo, implantando dessa forma a pedagogia do medo”. As duras críticas foram direcionadas ao projeto “Escola sem Partido”, pelo professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) Gaudêncio Frigotto, durante palestra ministrada nesta quinta, 18, na Faculdade de Direito, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Referência na área de educação, Frigotto abordou o tema “Educação pública no atual contexto brasileiro: mercantilização e imposição ideológica do pensamento único”. O professor define que o pensamento mercantil penetrou nas escolas e já se apropriou da gestão das instituições, do currículo escolar, dos conteúdos trabalhados, e das metodologias utilizadas, e agora tenta se apoderar da voz dos professores, o que não pode ser aceito.
Gaudêncio se mostrou muito preocupado e insatisfeito com a atual conjuntura do país e as recentes propostas de reformas trabalhistas, da Previdência e do Ensino Médio. No seu entendimento, essas medidas prejudicarão os jovens brasileiros de uma forma nunca antes vista: “O futuro está sendo interditado”, ressaltou.
Para Rafaela Reis, professora da Faculdade de Educação, “foi uma grande oportunidade para toda a comunidade acadêmica ouvir uma referência como o professor Frigotto, e a expectativa é que cada um que escutou o que foi dito possa multiplicar essas informações e organizar forças suficientes para poder impedir o avanço do projeto “Escola sem partido”.
Lançamento do livro
Na mesma noite, aconteceu a cerimônia de lançamento do livro “Escola “sem” partido: esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira”, na qual estiveram presentes os professores do IF Sudeste MG, Rafael Souza e Tiago Fávero, autores de um dos artigos que compõem a coletânea selecionada pelo professor Gaudêncio.
Na apresentação, os escritores fizeram uma breve explanação sobre o conteúdo do artigo, ressaltando a diferenciação entre os termos filosóficos doxa (crença, opinião) e logos (razão), esclarecendo que a escola é um local de desenvolvimento do pensamento científico e que portanto, não deve haver lugar para parcialidades ou projetos falaciosos como o “Escola sem partido”.