Tornar cada vez mais ampla a ligação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) com a sociedade está entre as metas da Pró-reitoria de Extensão (Proex) para este ano. Além de dar continuidade às ações já realizadas, o maior desafio do pró-reitor Marcelo Soares Dulci é consolidar os princípios da extensão no campus avançado da UFJF em Governador Valadares.
Dulci é graduado Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), possui especialização em Ciência Política e é doutor em Ciências Humanas: Sociologia e Política pela mesma instituição. É professor de Política e Sociologia com dedicação exclusiva na UFJF desde 1993. Suas pesquisas abordam cultura, política e partidos políticos no Brasil, bem como globalização e métodos em Ciências Sociais. A entrevista com Dulci faz parte da série que está sendo publicada no portal com os pró-reitores sobre os desafios e as perspectivas para 2013.
Confira a seguir trechos da entrevista com o pró-reitor de Extensão
– Secretaria de Comunicação (Secom): Em março de 2012, a UFJF lançou, juntamente com a Prefeitura de Governador Valadares, a pedra fundamental do seu primeiro campus avançado. O que tem sido feito pela Proex para investir no campus avançado?
– Marcelo Soares Dulci: A Pró-reitoria de Extensão, desde que foi lançado o campus, em março de 2012, foi demandada em uma reunião que aconteceu com a população. O reitor e os pró-reitores que estavam lá conversaram com a população para que ela pudesse entender a Universidade, e nós prometemos que o trabalho de extensão iria começar independente do campus físico ficar pronto em Governador Valadares. E assim estamos fazendo. Em abril, fizemos atividades com setores sociais como, por exemplo, com profissionais da área jurídica para explicarmos como que seria não só o curso de Direito, mas o que o campus traria de aspectos positivos para a cidade. E assim fizemos com o setor de saúde, com funcionários públicos, sindicatos, associações de bairros, líderes do Movimento Sem-Terra, entre outros. Essa iniciativa deu tão certo que as lideranças locais nos convidaram a voltar para fazermos mais eventos desse tipo com a população. A extensão de lá é um desafio muito grande. A daqui é enorme com quase 400 projetos, enquanto lá está começando agora e já tem oito. Nosso trabalho começou antes. Os alunos só chegaram no dia 19 de novembro. Nós fomos fazendo contato com a sociedade e com o poder público, propondo a todos esses setores a fazer convênio com a Universidade. Mas isso será um trabalho que veremos resultado a longo prazo, pois o nosso corpo docente ainda é pequeno, assim como o número de alunos. Esse ano a previsão é que comecemos um trabalho mais organizado e mais efetivo após o I Seminário de Extensão em Governador Valadares realizado este mês.
– O que foi abordado nesse seminário?
– A pró-reitora adjunta de Extensão, Maria Lúcia Polisseni, foi para Governador Valadares, junto com a professora Danielle Teles, nossa representante da extensão no campus avançado, reunir com os docentes. Elas explicaram como funciona a extensão universitária já organizada na UFJF no Campus Juiz de Fora, as possibilidades de desenvolvimento de projetos, captação de bolsistas, cursos, eventos e prestação de serviços.
– O senhor disse que Governador Valadares já tem oito projetos. Quais são?
– Esses projetos ainda não estão em funcionamento, mas já estão sendo estruturados para isso. Creio que até o final de março comecem a funcionar. Dentre eles, cinco são da área de Odontologia, voltados para a população infantil, para portadores de necessidades especiais e idosos. Esse programa já existe em Juiz de Fora. Os professores que estão à frente desse projeto foram estudantes da UFJF, então já tinham o conhecimento daqui para fazer um programa semelhante em Governador Valadares. Antes mesmo de começar as aulas eles me chamaram para conversar sobre esse grande programa de extensão. Os outros projetos são da Fisioterapia e do Direito. Além desses, o professor Reinaldo Teixeira, da área de Botânica, tem vários projetos a serem desenvolvidos junto com o MST, com fitoterápicos, ajudando-os a trabalhar na área agrícola com remédios e plantações alternativas.
– O senhor falou anteriormente que o Campus de Juiz de Fora tem cerca de 400 projetos. Quantos projetos que a extensão implantou em 2012?
– Nós fechamos o ano de 2012 com 391 projetos, sendo que em 2012 nós implantamos 89 novos projetos.
– Quanto foi investido em projetos de extensão em 2012?
– Nós fizemos um relatório no começo de 2012 sobre 2011. O de 2012 ainda será feito nesse primeiro semestre para enviar ao Ministério da Educação (MEC). Mas, por alto, acredito que seja cerca de R$ 6 milhões em editais, bolsas, viagens de pessoas que coordenam projetos.
– Há novos projetos para 2013?
– Os projetos de extensão partem das unidades acadêmicas, dos professores. Nós estamos com edital aberto até março e espero que sejam inscritos muitos projetos, que sejam registradas muitas solicitações de bolsas. Se chegarem muitos projetos de Governador Valadares e a demanda de Juiz de Fora continuar crescendo, o reitor Henrique Duque, na proporção dos projetos, vai continuar alocando bolsas porque a gente tem de crescer dando suporte para que os projetos funcionem. Mas nós não estamos fazendo só isso. Nós estamos fazendo seminário para captação de recursos e já fizemos um seminário para lideranças municipais. Em março, por exemplo, faremos um seminário para lideranças das Câmaras de Vereadores da Zona da Mata e Campo das Vertentes, e um seminário sobre violência junto com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Câmara Municipal. Ainda em março, lançaremos dois grandes projetos da extensão, que é o Escritório de Gerenciamento de Projetos, e uma Escola de Governo e Cidadania, para trabalhar com os municípios. Então, nós temos muitas ideias para serem desenvolvidas ao longo do ano.
– Quais os principais desafios para 2013?
– Acredito que o maior desafio para 2013 é consolidar a extensão no campus avançado de Governador Valadares. Primeiramente, porque lá não tem um pró-reitor de extensão, muito menos uma pró-reitoria, ou seja, a estrutura está toda aqui em Juiz de Fora. Isso sem mencionar a distância física e as diferenças culturais, esses são desafios que nós nunca tínhamos enfrentado. O mais próximo que nós já tínhamos experiência foi o ensino a distância ou uns poucos projetos como o Rondon, na versão antiga, que a gente tinha campus avançado em Tefé, no Amazonas. Eram experiências muito mais fáceis de administrar porque elas eram de dimensões reduzidas. Fazer um campus avançado que já começa com nove cursos, inclusive vários da área de Saúde, até mesmo de Medicina, que é um dos mais complexos de serem organizados, é um desafio enorme. Além disso, outro grande desafio é direcionar a Extensão da UFJF para pensar as oito áreas temáticas – Comunicação, Direitos Humanos e Justiça, Saúde, Meio Ambiente, Educação, Tecnologia e Produção, Cultura e Trabalho – do Fórum de Pró-reitores de Extensão com uma política que está definida desde os anos 90 com representantes das universidades federais. Nós tínhamos essas áreas temáticas, mas elas não funcionavam. Então, estamos criando comissões das áreas para discutir o que nós podemos fazer para ajudar os municípios.
– Quais as expectativas administrativas para 2013?
– Eu estou com uma expectativa muito boa, esperando que entre mais dezenas de projetos tanto na Universidade quanto no campus avançado. Nós vamos direcionar uma parte dos nossos esforços para que a gente continue crescendo o número de projetos e bolsistas. E, também, estamos trabalhando para resgatar uma ligação com a sociedade que a Universidade já teve. Queremos que essa ligação com a sociedade seja cada vez mais ampla tanto com a Zona da Mata quanto com o Vale do Rio Doce.
Outras informações: (32) 2102-3971 (Pró-reitoria de Extensão)
Crédito: Secretaria de Comunicação / UFJF
Anna Flávia Nascimento – estudante de Jornalismo
Os textos são editados por jornalistas da Secretaria de Comunicação