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UFJF apresenta estudo sobre a situação da população idosa em Juiz de Fora

Dados foram apresentados pelo diretor do Centro de Pesquisas Sociais da UFJF, professor Paulo Fraga (Foto: Diogo Mendes/Proex)

O reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Henrique Duque, entregou na manhã desta quinta-feira (20) o documento do Diagnóstico Socioeconômico da População Idosa de Juiz de Fora à Comissão Especial do Idoso da Câmara Municipal, composta por quatro vereadores e representantes de 17 instituições. A pesquisa, iniciada em meados de 2011, foi realizada pelo Centro de Pesquisas Sociais (CPS), em parceria com a Pró-reitoria de Extensão (Proex).

Foi constatado pela equipe do CPS que 13,6% da população municipal é composta por idosos, o que representa cerca de 70 mil indivíduos. Em dez anos, o número cresceu 45%, mais que as médias mineira (42%) e nacional (41%). O diagnóstico foi dividido em duas etapas. Na primeira, foram entrevistados 282 idosos da cidade, sendo 61% mulheres e 39% homens. Posteriormente, foram promovidos sete grupos focais, para a realização de análise qualitativa.

O reitor Henrique Duque destacou que, quando procurado pela Comissão do Idoso em 2011, se prontificou em realizar o estudo. “Os idosos merecem a atenção das políticas públicas e esse diagnóstico permitirá analisar suas principais demandas.” O reitor e a pró-reitora adjunta de extensão, Maria Lúcia Polisseni, destacaram que a Universidade mantém diferentes iniciativas voltadas para a população idosa, como o programa Polo de Enriquecimento Cultural, as atividades teatrais do Grupo Divulgação e os projetos Academia ao Ar Livre e Caminhada Orientada.

Segundo o diretor do CPS, professor Paula Fraga, o diagnóstico foi concebido com o objetivo de auxiliar os gestores no desenvolvimento de políticas públicas e de dar suporte ao Ministério Público no momento de fiscalizar as ações implementadas. “Nós que fazemos pesquisa, muitas vezes percebemos que elas costumam ficar restritas à discussão acadêmica. O foco principal do diagnóstico é que ele possa subsidiar as autoridades dos setores competentes para atuar no sentido da melhoria da qualidade de vida do idoso.” Segundo o professor, o próximo passo será a realização de um seminário, que irá discutir os resultados do diagnóstico e propor medidas que possam melhorar as condições do idoso.

Um marco para a terceira idade

Documento foi entregue pelo reitor Henrique Duque ao presidente da Comissão do Idoso, vereador Isauro Calais (Foto: Diogo Mendes/Proex)

“É uma grande conquista para a cidade. Não se faz política pública, sem que haja um diagnóstico preciso da realidade.” Com essas palavras, o vereador e membro da Comissão do Idoso, José Sóter de Figueirôa, definiu o estudo desenvolvido pelo CPS. Segundo ele, “o documento será uma ferramenta que estará à disposição dos poderes executivo e legislativo, que terão o papel de transformá-lo em ações práticas”.

Presidente da comissão, o vereador Isauro Calais destacou a importância do diagnóstico. “O estudo nos ajudará a elaborar políticas públicas para os idosos, até então inexistentes na cidade. Precisamos gerar qualidade de vida e tornar o idoso mais valorizado. Pediremos aos governos nacional, estadual e municipal que efetivem ações necessárias.”

Na UFJF
Para a coordenadora do programa de extensão “Polo de Enriquecimento Cultural para a Terceira Idade”, professora Sandra Arbex, o estudo permitirá à UFJF a capacitação adequada de seus estudantes para lidarem com esse público. “Usaremos os dados para qualificar os alunos dos mais variados cursos da Universidade, para que sejam gerados recursos humanos especializados na área do envelhecimento. Sem isso e o conhecimento dessa realidade, nós não teríamos como melhorar a qualidade de vida.”

Dados socioeconômicos

Resultados foram apresentados à Comissão do Idoso e à imprensa no Museu de Arte Murilo Mendes (Foto: Diogo Mendes/Proex)

O estudo constatou que dois terços dos idosos de Juiz de Fora possuem renda que não ultrapassa dois salários mínimos. Mesmo assim, na maioria dos casos, eles são os próprios responsáveis pelo sustento da casa. Apenas 12,4% dos entrevistados disseram ser sustentados por parentes, enquanto mais da metade revelou ajudar financeiramente seus familiares.

Entre as mulheres, 48% são viúvas. Já em relação aos homens, esse índice cai para 16%, o que mostra a maior longevidade do sexo feminino. Também foi constatada a baixa escolaridade dos idosos. Apenas 7,4% disseram ter curso superior, enquanto mais de 60% não concluíram o ensino fundamental.

As principais dificuldades apontadas pelos idosos juiz-foranos são insegurança, solidão  e saúde. 63,5% apresentam alguma doença crônica. A abordagem qualitativa constatou que apesar de o município apresentar uma boa infraestrutura hospitalar, a gestão e o atendimento são considerados ruins pela maioria dos assistidos. Os principais problemas diagnosticados foram a falta de medicamentos de distribuição gratuita, o atendimento insuficiente e a demora na marcação de consultas e exames.