O lixo eletrônico é um problema cada vez mais comum na atualidade. De acordo com levantamento das Organizações das Nações Unidas (ONU), o Brasil é o país que mais gera lixo eletrônico. Por ano, o país se desfaz de 96,8 mil toneladas métricas de computadores, perdendo apenas para a China, com 300 mil toneladas. Com o intuito de diminuir os impactos socioambientais provocados pelo lixo eletrônico no meio ambiente e promover inclusão digital a uma parcela da sociedade, o professor do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Juiz de Fora (ICE/UFJF), Eduardo Barrére, idealizou o projeto “Computador velho? Recicle esta ideia”.
Segundo o docente, a iniciativa está em fase experimental. “Estamos testando todos os procedimentos a fim de realizar o recebimento, a avaliação e a entrega do material de forma clara para quem doou e para quem recebeu.” A ação teve início em junho e surgiu devido à demanda de pessoas que queriam doar seus computadores. “Ao levar em consideração os problemas gerados pelo lixo eletrônico no meio ambiente e a vontade das pessoas em doar equipamentos, decidimos implementar esse projeto na UFJF.” A iniciativa ainda não é aberta à comunidade. “Neste primeiro momento, estamos testando os fluxos de processos internamente para, posteriormente, abrirmos para demandas externas, como alunos, funcionários e comunidade”, comenta Barrére.
A proposta do trabalho é que, a partir do momento em que a pessoa doar o equipamento, os bolsistas e voluntários da equipe avaliem as condições de funcionamento do material. Se todas as peças estiverem em perfeito estado, ele será encaminhado para doação. Se alguma peça não estiver funcionando, essas serão trocadas e novos computadores serão montados. “Nosso objetivo é recuperar computadores para que sejam repassados para escolas, centros comunitários, ONG’s e outros locais que tenham necessidade de fornecer o acesso à informática para a comunidade. Buscamos promover a inclusão digital.”
Para Barrére, um dos diferenciais do projeto é dar a destinação correta aos equipamentos não recuperados. “Nosso trabalho consiste em aproveitar o computador que, talvez por necessidade tecnológica, não sirva para uma pessoa, mas que possa atender as necessidades de outras.” Quando o computador não estiver em condições de ser reaproveitado, ele será encaminhado para uma associação de catadores de lixo da cidade. “A associação está capacitada para fazer a separação do equipamento e dar a ele um destino melhor.”
Oportunidade
Atualmente, a equipe conta com o apoio de um bolsista e três voluntários. Mas, de acordo com Barrére, em 2013, o número será ampliado para três bolsistas e cerca de cinco voluntários. “O projeto é uma oportunidade de aprendizado e aperfeiçoamento para os acadêmicos. Tentamos passar para eles experiência na área de montagem e manutenção de computadores, que é pouco explorada na graduação.” Para o professor, a iniciativa também é importante para a gestão de processos que envolvem a tecnologia da informação, além da vivência com ações comunitárias que, segundo ele, são de suma importância para a formação dos cidadãos e dos profissionais.
O aluno do curso de Engenharia Elétrica, Marcelo Américo, faz parte do projeto há três meses. O bolsista destaca que o trabalho proporciona conhecimentos além dos adquiridos em sala de aula. “Aprendemos como os projetos funcionam e dessa forma nos aperfeiçoamos profissionalmente.”
Além de proporcionar conhecimento para os alunos da UFJF, a iniciativa pretende capacitar pessoas das comunidades que serão atendidas para atuarem como voluntários na montagem e manutenção dos computadores. “Além de colaborarem com o projeto, eles passam a ter uma qualificação profissional e podem atuar nessa área.”
Aprovação
O projeto foi uma das iniciativas aprovadas no edital do Programa de Extensão Universitária (Proext) do Ministério da Educação para o desenvolvimento no ano de 2013. Ele foi contemplado com recurso de R$ 45.470,40 que, de acordo com o professor, será empregado em materiais de consumo e materiais permanentes para realização dos trabalhos. “Existem vários recursos necessários para realizar os testes dos equipamentos entregues e para prepará-los para a doação. Essa verba será de fundamental importância para a aquisição de materiais importantes na implementação da iniciativa”
O professor acredita que a aprovação deu-se pelo fato de a ação envolver questões ambientais e de inclusão social. “Apesar de não solucionarmos por completo os problemas ambientais, vamos aumentar a vida útil desse tipo de lixo eletrônico e incentivar a preocupação com o social. Dessa forma, acredito que podemos colaborar com a comunidade.”