Três bolsistas de extensão representaram a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) na 62º Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada entre os dias 25 e 30 de julho, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal. As universitárias Aida do Amaral, Andreza Fernandes e Josiane Coimbra apresentaram no eventos resultados do projeto de extensão “Oficina de escrita e reescrita de textos para crianças dos anos iniciais do ensino fundamental”, no qual são coordenadas pela professora da Faculdade de Educação (Faced), Suzana Vargas.
O trabalho, em forma de pôster, discute a contribuição dos ‘bilhetes orientadores’, elaborados pelas bolsistas, no processo de reescrita de textos pelas crianças atendidas no Laboratório de Alfabetização da Faced, onde as crianças atendidas pelo projeto passam por reforço escolar visando à produção de textos. As estudantes chegaram à conclusão que os ‘bilhetes orientadores’, aplicados aos alunos, interferem de forma positiva no processo de escrita e reescrita desses estudantes. “O resultado foi que, através do bilhete que nós escrevemos, a criança consegue reelaborar o seu texto preocupada com a construção do sentido, atenta para a adequação ao gênero e não apenas consertando erros ortográficos” explica Aida.
De acordo com Andreza, que também é bolsista do projeto, as crianças chegam ao Laboratório de Alfabetização com pouca confiança para produzir textos. Ela afirma que os alunos aceitam melhor a correção por bilhetes, tendo em vista que essa estratégia possibilita o estabelecimento de um diálogo entre a professora e a criança e entre o aluno e o seu texto. “Nós acreditamos que o bilhete pode auxiliar o aluno, sem fazer com que ele se sinta incapaz de reescrever o texto. Ele vê, no bilhete da professora, as orientações claras para reescrever seu texto de forma mais adequada”, ressalta.
Intercâmbio de ideias
Não é a primeira vez que as três bolsistas apresentam resultados do projeto de extensão, do qual fazem parte, em eventos acadêmicos. Segundo Aida, a cada congresso, elas voltam com a certeza de que novas ideias influenciaram sua formação acadêmica. “Quando fomos para Natal, nós ouvimos relatos de pesquisas que muito contribuiram para a nossa reflexão sobre a aquisição da escrita pela criança.
Uma das ideias que elas trouxeram da SBPC e pretendem aplicar na ação extensionista neste segundo semestre é o momento de leitura com os alunos. “Não que nós não fizéssemos isso ainda, mas agora teremos um momento mais amplo de leitura, oferecendo aos alunos atividades diferenciadas”, explica Aida.
Para Andreza, participar de congressos acadêmicos, como o SBPC, é uma forma de mostrar o que está sendo desenvolvido na faculdade, além de ser uma oportunidade de aprimoramento. “Quando participamos desses eventos, nós podemos mostrar os resultados de um estudo, tanto teórico, quanto prático, e ainda analisar outros trabalhos, enriquecendo nosso conhecimento”, ressalta.
Quem compartilha da mesma opinião é a estudante do curso de Letras, Josiane Coimbra, bolsista do projeto. “Nos eventos acadêmicos, mantemos contato com relatos de outras experiências, que enriquecem a graduação, tanto na pesquisa, quanto na extensão. A importância de apresentar trabalho é essa troca: nós levamos os detalhes de nosso projeto e aprendemos, ao mesmo tempo, com as demais pesquisas”.
O projeto
A ação extensionista “Oficina de escrita e reescrita de textos para crianças dos anos iniciais do ensino fundamental” tem como objetivo atender crianças com histórico de atraso escolar e desenvolver, junto a elas, atividades de produção de textos. A iniciativa conta com a parceria da Escola Municipal Presidente Tancredo Neves, responsável pelo encaminhamento dos alunos.
De acordo com a coordenadora do projeto, professora Suzana Vargas, a ação visa a desenvolver as capacidades de leitura e escrita dos estudantes, através do estudo de diversos gêneros textuais. “Nós temos propostas de escritas diversas e a nossa preocupação é fazer com que a criança leia suas produções textuais e veja, com a bolsista, o que é que ficou bom e o que precisa ser melhorado”.
Além da produção de textos, os alunos também são estimulados a desenvolver o gosto pela leitura literária. “Dentro desse projeto nós temos uma outra ação chamada ‘Livro vai, história vem’, no qual as crianças semanalmente levam livros de literatura infantil para lerem em casa”, conta a coordenadora.
Devido aos resultados positivos alcançados pela ação extensionista, Suzana pretende divulgar o trabalho para os professores da rede pública de ensino. “Estamos organizando as atividades desenvolvidas com as crianças em uma coleção que privilegia o ensino da língua por meio do trabalho com os diferentes gêneros textuais”. O projeto, criado em 2007, atende cerca de 30 crianças, divididas em três grupos. Os encontros são realizados duas vezes por semana no Laboratório de Alfabetização da Faced.