Depois de anos de luta, a Associação Municipal dos Catadores de Materiais Recicláveis e Reaproveitáveis de Juiz de Fora (Ascajuf), apoiada pela Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Federal de Juiz de Fora (Intecoop/UFJF), terá um galpão de reciclagem próprio. O Banco do Brasil anunciou, oficialmente, na última quarta-feira (4), o repasse de R$ 204 mil para a realização das obras.
O investimento é resultado de três anos de negociações entre a Ascajuf, o Banco do Brasil, a Câmara Municipal de Juiz de Fora, a Associação Municipal de Apoio Comunitário (AMAC) e a UFJF, representada pelo coordenador geral da Intecoop, Petrônio Barros. Na época, a instituição financeira aceitou repassar a verba para o empreendimento, desde que fosse disponibilizado um terreno para a construção do galpão. Com o recurso financeiro garantido, as discussões se concentraram sobre o novo local, onde seria guardado o material reciclado. A Prefeitura de Juiz de Fora decidiu repassar o terreno, localizado no bairro Poço Rico, próximo ao campo do Tupynambás, para a associação.
De acordo com coordenador da Intecoop, as obras do galpão devem começar ainda esse mês. A previsão é de que a construção esteja pronta em um prazo de três meses e que a inauguração aconteça até o final do ano. As obras estão a cargo da Prefeitura e serão vistoriadas por uma comissão, no qual o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF, José Gustavo Abdalla, foi convidado para participar.
Segundo Barros, o galpão representa melhoria nas condições de trabalho e de saúde dos catadores, além de agregar valor ao produto final. “O preço do produto vai aumentar, pois, atualmente, eles vendem o material reciclável para o depósito do jeito que eles pegaram na rua e colocaram no carrinho. Com o galpão, todo material vai passar por um sistema de triagem e estará pronto para ser vendido”, declara.
Ação de extensão
Para ajudar na profissionalização da categoria, o coordenador geral da Intecoop anuncia que irá disponibilizar um bolsista de extensão, do curso de Economia da UFJF, para trabalhar oito horas por dia junto à associação. “Não tem jeito de funcionar o galpão sem uma estrutura administrativa. O aluno vai ajudar a elaborar planilhas, a pensar nos valores do material e trabalhar toda essa parte financeira com eles”, explica. O coordenador acredita que o espaço será uma oportunidade para que diversos projetos de extensão possam ser desenvolvidos. “É um grande campo para várias áreas como saúde e serviço social, que podem desenvolver trabalhos junto aos catadores”, declara.
O próximo passo, segundo Barros, é conseguir um veículo para transportar todo o material reciclável ao depósito. “A nossa luta é encontrar um meio para que os catadores possam levar o material para o processo de triagem no galpão”, ressalta.
Vitória
Embora a associação funcione há apenas três anos, a criação de um galpão próprio é um sonho, de oitos anos, dos catadores de papeis da cidade, como declara a presidente da Ascajuf, Janaína Silva: “É um sonho da associação ter um local adequado, uma sede própria”. Atualmente, a Ascajuf funciona no bairro Vitorino Braga, em um espaço alugado pela Prefeitura.
Para Janaína, o galpão irá proporcionar um local de trabalho digno aos associados, além de colocar a Ascajuf em um patamar semelhante ao de outras associações. “Será possível concorrer com projetos de igual para igual”, declara. Além disso, para ela, com o novo espaço será possível ampliar os trabalhos e fazer com que mais catadores se associem. A Ascajuf possui, atualmente, 30 profissionais associados. Em Juiz de Fora, segundo dados da entidade, existem cerca de dois mil catadores de materiais recicláveis.