A substituição e o desapego de objetos caracterizam o século XXI. A compra de novos produtos e a facilidade com que são descartados e rapidamente substituídos faz com que nos caracterizemos como uma sociedade de consumo em massa de bens e serviços que consegue encontrar, na livre circulação de capitais, um equilíbrio.
Cada brasileiro produz cerca de 1 Kg de lixo por dia, que multiplicado pela população brasileira totalizam mais de 240 mil toneladas diariamente. De acordo com dados da Associação Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE), apesar de 45% desse material ser reciclável, apenas 2% do lixo urbano é reciclado. O restante é destinado a lixões (75%), aterros controlados (13%) e aterros sanitários (10%).
Em Juiz de Fora, são 440 toneladas de lixo por dia. Desse número, apenas 13 toneladas são destinadas à Usina de Reciclagem e Compostagem para serem recicladas e reaproveitadas. Mas não é só a Usina de Reciclagem que atua com esse tipo de serviço em Juiz de Fora. A associação Lixarte – Do Lixo à Arte, com apoio da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Federal de Juiz de Fora (Intecoop/UFJF), transforma garrafas, latas, caixas e papel em arte.
Criada em 2005, a Lixarte atua no bairro Olavo Costa e produz objetos de decoração e móveis como pufes e poltronas a partir do lixo. Segundo o diretor e professor da cooperativa, Reginaldo Barbosa, o Bulu, a Lixarte significa muito para a comunidade, pois leva informação e cultura, além de manter as crianças e adolescentes fora das ruas. “Temos escola de samba mirim e aulas de reciclagem, de mestre-sala e porta-bandeira, de violão, de dança e de reforço escolar. A associação não poderia ficar só com o artesanato, então colocamos também cultura, educação, esporte e lazer.”
De acordo com Bulu, o dinheiro arrecadado com os produtos é dividido entre os artesãos, com o objetivo de complementar a renda deles. Por meio da Intecoop, os artesãos adquiriram conhecimentos sobre gestão de cooperativa. “Eles nos passaram experiência sobre economia solidária, sobre como desenvolver o trabalho e como valorizar nossas mercadorias.”
Conscientização
Um dos principais desafios para as cooperativas nos dias atuais é a desvalorização do trabalho do catador: “Grande parte da população de Juiz de Fora não valoriza o trabalho desses profissionais. Muitos acham que somos simplesmente moradores de rua e não entendem a importância de separar o lixo”, afirma Bulu.
Janaína dos Santos é empregada doméstica há oito anos, já trabalhou em cinco casas diferentes e diz que em apenas duas delas era realizada a separação do lixo: “Na época, acho que o assunto reciclagem não era tão debatido e as pessoas não se preocupavam tanto com isso.” Janaína também revela que as empregadas domésticas não separam o lixo nas casas onde trabalham, pois não veem o impacto que isso pode gerar no meio ambiente e na sociedade.
Comercialização
Os produtos artesanais produzidos pelos profissionais da Associação Lixarte estão expostos no entreposto comercial Tenda de Minas Solidária, localizado na Avenida Getúlio Vargas 200, Centro. Dentre os principais produtos comercializados estão objetos de decoração, pufes e poltronas.
Materiais para reciclagem:
Metais: Latas de aço, alumínio e sucata;
Vidro: Recipientes em geral, garrafas e copos;
Plástico: Embalagens de refrigerantes (PET), margarinas e material de limpeza, copinhos de café e água, canos e tubos, sacos plásticos em geral;
Papel: Caixas de leite longa vida, jornais, revistas, folhas, formulários, envelopes, caixas e cartazes.
Outras informações: (32) 2102-3396 (Intecoop/UFJF)