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45 anos de trabalho voltados para ações de extensão

Picinini: “É necessário que os acadêmicos tenham contato com a população” (Foto: Tatiane Oliveira/Proex)

Com um currículo extenso e marcado pelo trabalho com ações extensionistas na área de saúde, o professor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), João Batista Picinini, ingressou na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em 1967. Desde o começo da sua trajetória na instituição, o docente teve como foco iniciativas voltadas para a população. “Vimos na extensão uma oportunidade de trabalhar com ações que se dirigem, principalmente, às pessoas carentes.”

Seu primeiro projeto foi criado em 1969 e foi desenvolvido durante três anos. De acordo com Picinini, a ação consistiu em um levantamento etnobotânico de Juiz de Fora e região. “Nesse trabalho, nós nos orientamos pelo uso medicamentoso das plantas, posteriormente chamadas de plantas medicinais. Fizemos isso porque muitas espécies são tóxicas.”

O professor comenta que, aproximadamente, 1500 plantas foram detectadas, sendo que a maioria era utilizada como medicamento. “Com esse resultado, percebemos que era necessário um trabalho científico, por isso, coletamos as espécies e, em seguida, elas foram classificadas, catalogadas, registradas e, posteriormente, começamos a cultivá-las.” Em decorrência dessa ação, em 1975 surgiu um projeto de horto de plantas medicinais na Faculdade de Farmácia, onde 172 espécies foram cultivadas.

O docente ainda ressalta que, ao longo desses 45 anos, seus projetos foram implantados em escolas, paróquias, ambulatórios, entre outros locais. Dentre as iniciativas mais antigas, algumas ainda estão em funcionamento, como Farmácias Vivas, Horto Medicinal e Uso de Fitoterápicos em Medicina Popular. Hoje, Picinini coordena 14 projetos direcionados às necessidades da população, que compõem o Programa de Medicina em Terapias Não Convencionais (Proplamed), e conta com o apoio de 26 estudantes, entre bolsistas e voluntários, além de dois mestrandos.

Alicerce

Equipe do Proplamed reunida (Foto: Tatiane Oliveira/Proex)

De acordo com o docente, a extensão é a base para as instituições de ensino superior. “Um ensino de qualidade e voltado para pesquisa se faz com extensão. A partir dela, alcançamos um ensino e uma iniciação científica eficaz.” Para Picinini, a maneira mais fácil de ensinar é por meio da prática. “Profissionais da área de saúde não podem ser somente teóricos. É necessário que os acadêmicos tenham contato com a população, pois só assim eles adquirem a consciência de um profissional. Eles passam a dominar a didática do ensino, a metodologia e os princípios fundamentais de como atuar na área.”

O bolsista do décimo período de Medicina, Leandro Oliveira, trabalha há um ano no projeto “Uso e Abuso de Drogas”. Para ele, essa iniciativa proporciona a jovens na faixa etária entre 10 e 17 anos, um conhecimento sobre o uso de drogas lícitas e ilícitas. “Nossa intenção não é esconder esse assunto dos adolescentes e sim mostrar para eles que outras oportunidades existem.”

Para Cristian Garcia, aluno do quinto período de Medicina e que realiza atividades do programa no Instituto Casa Vida, a ação é de suma importância. “Nessa iniciativa, trabalhamos com pacientes carentes que estão em situação de câncer. Nós acompanhamos essas pessoas e realizamos atividades para que elas não pensem somente na doença.” Na instituição, cerca de 180 pessoas são atendidas por mês.

Em um dos projetos criados por Picinini, acadêmicos atuam com pacientes em situação de câncer (Foto: Divulgação)

A estudante do oitavo período de Medicina, Rúbria Picoli, destaca que participar dos trabalhos permite o crescimento humanístico dos alunos de saúde. “Dentro da extensão, somos convidados a agir. Por isso, aprendemos a ter contato com a comunidade e temos a oportunidade de fazer pesquisa.” Além disso, a acadêmica destaca que o apoio do professor Picinini é fundamental para o sucesso da equipe. “Ele coloca o grupo para frente, gosta da divulgação, orienta os trabalhos, monitora e nos ensina a importância do trabalho em grupo.”