Recordar momentos marcantes e pessoas que ajudaram a construir a história da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Esse é o principal foco do projeto “A Memória da UFJF”, idealizado e coordenado pelo professor da Faculdade de Comunicação (Facom), Márcio Guerra. Além do resgate, a iniciativa é uma ferramenta de pesquisa para os profissionais que pretendem estudar o desenvolvimento da UFJF. “Oferecemos material de pesquisa para aqueles que estudam sobre a educação e ensino superior e querem conhecer um pouco mais a Universidade. O “Memória” também já colaborou para a produção de vídeos comemorativos das faculdades de Serviço Social e Comunicação que, ao completarem 50 anos, recorreram aos nossos arquivos.”
Ao contrário das pessoas, as instituições não têm o costume de resgatar suas histórias. Foi com o objetivo de sanar essa deficiência, que o docente criou a iniciativa. “Nos tempos atuais, muita informação é perdida. Acredito que não se pode entender o presente sem que haja um resgate histórico. Assim, preservar a memória da UFJF é fundamental”, afirma Guerra.
No projeto, a escolha dos entrevistados se dá por meio da busca de personagens, como docentes, servidores e alunos, que fizeram e ainda fazem parte da vida acadêmica. O trabalho é desenvolvido pela equipe de bolsistas e voluntários da Produtora de Multimeios da Facom. Cabe ao coordenador do projeto definir os personagens a serem ouvidos, bem como a elaboração da pauta. A partir disso, a equipe entra em contato com o entrevistado e grava um depoimento em vídeo sobre a trajetória de cada um deles na instituição. Após a entrevista ser realizada, o vídeo é editado e são produzidas duas cópias como medida de segurança. Elas são arquivadas e deixadas à disposição de quem quiser consultá-las.
Extenso arquivo
Atualmente, existem cerca de 200 entrevistas no arquivo. Algumas delas já se tornaram relíquias, como a do professor Moacir Borges de Matos, primeiro reitor da UFJF. “Acredito que só nós tenhamos o depoimento completo dele, no qual ele detalha tudo sobre o processo de criação da UFJF”, comenta Guerra. Outra entrevista marcante foi a do professor Arthur Arcuri, que contou como foi projetada a cidade universitária. Além das entrevistas, o projeto ainda possui imagens raras, como a da construção do campus e as de vestibulares antigos.
Experiência
O estudante de jornalismo João Gabriel Marques atua no projeto há um ano. Ele resolveu participar da iniciativa em busca de uma nova experiência na área de comunicação. “No projeto, nós conhecemos histórias de profissionais que, provavelmente, estariam esquecidas. É formidável ver relatos isolados que se encontram formando a história da Universidade.” Segundo Marques, o projeto ouve variados personagens. “Acho muito legal o “Memória” entrevistar desde o profissional mais humilde até o professor com doutorado. Cada um com suas lembranças.”
O bolsista ainda ressalta que o depoimento de um professor o marcou bastante. “Eu realizei a entrevista com o médico José Paixão. Ele foi diretor da Faculdade de Medicina da UFJF e acompanhou as mudanças que ocorreram ao longo dos anos. Foi um relato rico de histórias. Pouco tempo depois, ele veio a falecer. No entanto, deixou gravado informações importantes sobre a Universidade, o que valoriza ainda mais nosso trabalho.”
Já o jornalista Gabriel Marson atuou no projeto por três anos. Ele conta que entrou na Produtora de Multimeios em 2007 e só saiu quando se formou, em 2010. “Foi muito enriquecedor, até porque eu não sou natural de Juiz de Fora e pude conhecer muitas curiosidades.” Gabriel lembra ainda que o material do “Memória” foi usado como suporte para uma edição especial do programa “Mosaico” em homenagem à UFJF. “Usamos como base as entrevistas do “Memória” para contar a história da Universidade. Mesclamos diversas entrevistas, desde a concepção da UFJF até os dias atuais. Passamos por quando ela funcionava no centro da cidade, a luta por criar a Universidade, a ida para o Campus, enfim, todo um processo que retrata a importância da instituição para a cidade e região.”