O projeto “Comunidade Quilombola de São Pedro de Cima”, coordenado pela professora Maria Lúcia Menezes, do departamento de Geociências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), foi aprovado mais uma vez no Programa de Extensão Universitária (Proext).
Iniciado em 2007, a iniciativa surgiu a partir de um trabalho de campo ministrado pelo professor Leonardo Carneiro, para a disciplina Geografia Agrária. A ação extensionista já teve duas aprovações e, neste ano, foi novamente contemplado com recursos do governo federal.
O valor destinado foi de R$38.328,58, o qual será aplicado em um local para o acervo do Ecomuseu, iniciativa que está em andamento desde o ano passado. Para a coordenadora, o Ecomuseu “é uma forma interativa e dialógica de construir uma história. É um espaço dinâmico e deve sempre promover o registro da realidade da comunidade”. Por este motivo, enquanto o projeto tiver recursos, o propósito será o de construir um espaço público e de livre acesso a toda comunidade.
Na primeira fase da pesquisa de campo, foram elaboradas cartilhas sobre a história da comunidade e um Atlas Geográfico Cultural sobre as formas de representação cartográficas da localidade. Além disso, foram produzidos depoimentos com idosos, que relataram histórias da região. Nessa nova fase, será elaborada uma cartilha sobre o movimento negro e sobre as questões de gênero e juventude na comunidade, além de um Atlas Cultural sobre o Método da Cartografia Social e registros de imagens sobre a produção local. Segundo Maria Lúcia, nessa etapa, o professor Carneiro também vai estar presente na coordenação da iniciativa.
Além dos docentes que coordenam a ação na comunidade, oito bolsistas e dois voluntários estão envolvidos nas pesquisas. Para o estudante Vitor de Castro, integrante do projeto desde 2009, fazer parte da equipe ajudará em sua formação como geógrafo. Para ele, “o objetivo é mostrar para a comunidade a importância da cultura quilombola, do ambiente rural e ressaltar o valor do local onde eles vivem”.
Ele ainda destacou que no trabalho há uma troca de saberes entre o grupo e as pessoas da comunidade, e que isso é de suma importância para o andamento do projeto. Na medida em que os pesquisadores interferem na realidade local, eles devem saber respeitar os desejos dos moradores da comunidade.
Para Maria Lúcia, essa nova aprovação deve-se ao fato de que, atualmente, a temática sobre a comunidade quilombola tem recebido incentivo de pesquisa, além do reconhecimento da importância sócio-política do projeto.
São Pedro de Cima
A comunidade quilombola está localizada a 18 Km do município de Divino na Zona da Mata Mineira, na divisa dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. A comunidade vive da plantação do café e é caracterizada como zona rural.
A escolha de São Pedro de Cima para a realização do trabalho de campo se deu pelo fato de o professor Leonardo Carneiro ser natural de Carangola. Ele também foi professor de uma faculdade da cidade, por isso tinha contatos e conhecimentos do local. Para Maria Lúcia, “a experiência foi considerada por todos como uma oportunidade de pesquisar um universo tão próximo geograficamente, porém tão singular do ponto de vista cultural e social”.
Conheça os outros projetos contemplados pelo Proext 2011:
– Programa de Plantas Medicinais e Fitoterapia
– As práticas artesanais no município de Seritinga
– Projeto Farmacêutico será ampliado com recursos do Proex
– Pelas Cidades