Desenvolver a assistência farmacêutica nas atividades de atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse é o objetivo principal do projeto de extensão “Assistência Farmacêutica: relação Ensino/Serviço”. Coordenada pela professora da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Maria Helena Braga, a iniciativa atua nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) das regionais São Pedro, Santos Dumont e Centro Sul.
Realizado em parceria com a Secretaria de Saúde de Juiz de Fora, o projeto acompanha e orienta os funcionários das UBSs atendidas quanto à distribuição e à disposição dos medicamentos. “É necessária uma reorganização da unidade como um todo, porque o profissional que entrega o remédio não é farmacêutico”, ressalta Maria Helena.
Entre as atividades desenvolvidas estão oficinas e palestras voltadas para os profissionais de saúde; organização e logística das farmácias; distribuição e utilização dos medicamentos, além de orientações sobre seu uso racional, tanto para os servidores quanto para os usuários. “As pessoas acreditam que os remédios irão resolver todos os problemas. Isso é complicado, principalmente em Juiz de Fora, onde não temos uma assistência farmacêutica consolidada.”
O trabalho é desenvolvido com a colaboração de estudantes do curso de Farmácia, que trabalham diariamente e em regime de escala nas UBSs. Além das unidades locais, o projeto busca expandir as ações para outros municípios, como ocorreu durante três anos em Matias Barbosa.
Perfil do farmacêutico
Além de beneficiar a comunidade, o projeto atua de forma articulada com a formação dos acadêmicos participantes, visando prepará-los para as exigências do mercado de trabalho. “A iniciativa é uma das principais possibilidades de o aluno entender qual é o seu papel enquanto farmacêutico vinculado ao SUS. Acredito que seja a principal oportunidade do acadêmico ter uma formação que condiz com o perfil do farmacêutico”, diz a professora.
Pensando nessa oportunidade, a universitária Loyana Arruda resolveu participar do projeto. A jovem, que está no oitavo período do curso de Farmácia, explica como a iniciativa contribui para sua formação. “Essa atividade está sendo essencial, pois antes nós conhecíamos os medicamentos basicamente na teoria. Não vivenciávamos a realidade que é a saúde pública. Aqui detectamos quais são os principais problemas e erros médicos em relação à medicação.”
A estudante, que atua na UBS de São Pedro, acredita que, com a experiência adquirida, será possível conseguir uma boa colocação profissional. “Atualmente, a tendência do mercado é valorizar esse farmacêutico que atua junto ao paciente e não aquele que fica no balcão da drogaria, entregando medicamento e fazendo serviços burocráticos.”
Portas abertas
Quem pode confirmar as expectativas de Loyana é a ex-bolsista Juliana Faria, que já conquistou seu espaço no mercado de trabalho, com menos de seis meses formada. Segundo ela, participar da iniciativa contribuiu para que almejasse a vaga de emprego em uma indústria farmacêutica. “As palestras e oficinas do projeto possibilitaram que eu me tornasse uma pessoa pró-ativa, objetiva e didática. Com isso, no meu emprego, eu consigo administrar treinamentos com os colaboradores, em uma linguagem de fácil compreensão a todos.”
Juliana ainda conta que a iniciativa ampliou sua visão sobre as atividades do farmacêutico. “Durante o tempo em que fui bolsista, atuei na orientação aos usuários, no controle de estoque e no acesso aos medicamentos.” A jovem farmacêutica acredita que participar de um projeto de extensão faz toda a diferença. “Os acadêmicos que trabalham em iniciativas como a “Assistência Farmacêutica” são bem vistos no mercado. São avaliados como alunos interessados e engajados em aplicar o conhecimento adquirido.”