Durante seis dias, estudantes, professores, profissionais e pessoas ligadas ao carnaval participaram do I Simpósio Nacional de Festas Populares e Manifestações Carnavalescas. Realizado entre os dias 15 e 20 de fevereiro, o evento, realizado pelo departamento de Geociências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), discutiu as manifestações carnavalescas em um cenário mais amplo e com abrangência nacional.
O Simpósio
Estiveram presentes profissionais de diversas localidades que discutiram o tema em palestras, conferências, mesas redondas e apresentações de trabalhos. O evento contou também com lançamentos de livros e exposições de fotografias no Fórum da Cultura e banners no Mercado Municipal. “Procuramos convidar profissionais de diversas áreas e pessoas que fazem carnaval dentro e fora da cidade”, relata o coordenador do evento, professor Carlos Eduardo Maia. Segundo o docente, os resultados do evento foram muito positivos, principalmente, devido à presença dos profissionais que se comprometeram a participar.
Para a estudante do nono período de Geografia da UFJF, Taís Dantas, o evento permite maior visibilidade para o carnaval de Juiz de Fora. “O que mais despertou minha atenção foi a mistura dos saberes e a discussão do carnaval por meio de diversos ângulos. Acho importante trazer temas como festas populares para dentro da academia, que é mais fechada a esses assuntos.”
Já o mestre-sala da escola Juventude Imperial e professor de dança, Jorian Francisco, vê no simpósio uma oportunidade de obter conhecimentos sobre um tema que está diretamente relacionado à sua profissão. “O simpósio me possibilitou juntar os conhecimentos do carnaval do asfalto, que é minha área, à parte teórica e aos novos conhecimentos sobre a festa mais popular do país.” Ele conta que se surpreendeu com o simpósio. “Quando me inscrevi achei que o evento iria tratar apenas da atualidade do carnaval. Na verdade, vai muito além. Também aborda a história. É muito interessante ver como surgiu o carnaval que presenciamos hoje.”
Multiplicidade carnavalesca
Durante o simpósio, foram abordados assuntos como os primórdios do carnaval no Brasil, as diferentes manifestações carnavalescas e a evolução ao longo dos anos. A turismóloga Clarissa Valadares apresentou sua tese sobre micaretas. Para Clarissa, elas perderam um pouco da caracterização do espaço público, do acesso gratuito e da liberdade de ir e vir sem ter que pagar. “Hoje, se o folião não pagar pelo abadá, ele não pode desfrutar de tudo que a micareta oferece, porque elas estão em locais privados. A micareta só pode ser considerada manifestação carnavalesca quando está na rua e acessível à população.”
Para a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rosemeri Maia, existem formas de se experimentar a cultura carnavalesca fora dos modelos das escolas de samba do Rio de Janeiro. “A marca do carnaval brasileiro ficou muito associada ao carioca. Acho que o simpósio traz a possibilidade de tornar visíveis outras expressões de cultura e de brincar e vivenciar esse momento.” Rosemeri apresentou um vídeo sobre as Turmas de Clovis, bloco em sua maioria formada de homens de comunidades do Rio de Janeiro, que, durante o carnaval, saem às ruas fantasiados e portando sombrinhas, bexigas, bandeiras ou leques.