Terminou neste mês mais um ciclo de cinema, promovido pelo projeto de extensão “Cultura no Campus” da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Dentro da temática “Intolerância”, estudantes, professores e demais interessados assistiram a oito filmes em sessões realizadas sempre às quartas-feiras, na Faculdade de Letras (Fale).
As exibições, que começaram em outubro com o filme “Bastardos Inglórios”, retrataram períodos da história contemporânea como o fascismo e o nazismo. Além da produção de Quentin Tarantino, também foram apresentadas obras como “Arquitetura da Destruição”, “A onda”, “A Fita Branca” e “Metropólis”. Em cada sessão, um professor ou estudante da UFJF intermediava as discussões a respeito das produções.
De acordo com a professora do curso de Letras, Enilce Albergaria, coordenadora do projeto, o objetivo da iniciativa é estimular a reflexão em torno de questões sociais, históricas e culturais, com base na análise da imagem, além de despertar o interesse dos espectadores pelo cinema. “Os participantes, a partir da ideia e da estética do filme, vão desenvolvendo um olhar crítico e passam a gostar mais de cinema.”
Para o mediador Thiago Berzoini, além de promover o debate, o ciclo ajuda a dar visibilidade às obras que não são tão conhecidas pelo público. “É bom divulgar essas produções e semear a cultura, além de levantar no debate questões que não foram pensadas individualmente”, afirma o professor do Instituto de Artes e Design.
O ciclo é realizado semestralmente e sempre com temáticas diversificadas. Segundo Enilce, os temas são escolhidos de acordo com a relevância do assunto no mundo contemporâneo. “São sempre temas pertinentes, que estão de acordo com o momento atual que estamos vivendo. A mostra ‘Intolerância’, por exemplo, foi escolhida devido ao retorno das ideias fascistas em países como a França.”
Durante os três meses de exibições, cerca de cem pessoas participaram do ciclo. Para a professora, o balanço desta edição foi positivo. “O ciclo foi um sucesso. As pessoas compareceram e participaram. Tenho certeza que os alunos aprenderam a olhar com outros olhos o cinema por meio do projeto.” Ela ainda acredita que o espaço contribui para mostrar ao espectador o papel social do cinema. “Esse ciclo mostra ao público que a arte não nasce do nada. As obras falam a partir de um fato e de uma cultura.”
Gosto pela sétima arte
Atraída pelas obras, a advogada Neuza Maria Cardoso resolveu participar do ciclo de cinema. Segundo ela, a temática foi “providencial”. “Eu achei maravilhoso, pois é o que nós vivemos hoje no país. A intolerância está na sociedade e em qualquer lugar.”
A cinéfila assumida declara que os comentários dos professores convidados foram os que mais despertaram seu interesse. “Já assisti a quase todos os filmes, mas o comentário do professor no final me enriquece com o que passou despercebido.”
A estudante do primeiro período de Pedagogia da UFJF, Bruna Paiva, também acredita que os comentários sobre as obras ajudam a ter uma visão mais crítica. A jovem, que ainda não tinha assistido a nenhum dos filmes, gostou da iniciativa. “Achei bem interessante, pois os temas são bem polêmicos como a questão do nazismo. É uma parte da história com a qual me identifico muito.” Entre as produções exibidas, Bruna se interessou pelo primeiro filme, “Bastardos Inglórios”. “Foi o que mais me marcou, porque as cenas foram bem impressionantes”, declara.