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Além de tratamento e curativos, “Dois dedos de prosa” leva apoio e afeto a pacientes crônicos renais

“Eu tive câncer, e, devido aos remédios para o tratamento, meus rins foram afetados. Em 23 de dezembro, passei mal e descobri que meus rins haviam parado. No dia seguinte, véspera de Natal, comecei a fazer hemodiálise. Foi nesse momento que a minha vida recomeçou, com apoio da clínica e a equipe que nos atende aqui,” relembra Maria das Graças Pereira, 61, dona de casa, portadora de doença crônica renal.

Diante de situações tão delicadas, o projeto de extensão “Dois dedos de prosa: uma contribuição para a humanização no atendimento de pacientes renais crônicos”, da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), nasceu para amenizar as longas sessões de hemodiálise. Segundo a coordenadora e professora, Bernadete Marinho Bara, a iniciativa se difere das demais, pois primeiramente “todas as pessoas da clínica são tratadas como pessoas humanas na sua individualidade, sejam elas pacientes profissionais da saúde e os próprios estudantes de Enfermagem.”

As atividades realizadas pelas estagiárias vão desde curativos e impulsões dos pacientes às máquinas, até conversas com os atendidos e os acompanhantes. “As bolsistas acompanham os pacientes desde a hora em que eles chegam até o momento em que são desligados dos aparelhos e vão para suas casas,” ressalta Bernadete. A coordenadora também rememora o surgimento do projeto como necessidade de se obter um lugar que servisse de campo para treinamento. “Eu já conhecia a Nefroclin, já que muitas vezes vinha a convites. Então, eu me lembrei de que poderia ser um lugar excelente para a prática dos alunos.”

Equipe projeto de extensão enfermagem junto a professora Bernadete

A coordenadora de “Dois dedos de prosa”, professora Bernadete Marinho Bara, e as cinco bolsistas auxiliam, com cuidados médicos e afetivos, os pacientes renais crônicos durante a hemodiálise (Foto: Ana Carolina Silva/Extensão UFJF)

O projeto existe desde o inicio dos anos 2000 e atende cerca de 220 pacientes, contando com uma bolsista e cinco voluntárias. “Nossos estudantes têm a oportunidade de vivenciar situações do cotidiano de um serviço de enfermagem. Com isso, aprendem que o cuidar tem que ser com excelência,” atesta Bernadete.

Assim, o convívio continuado dos futuros profissionais se materializa também em afeto. “Para mim, as bolsistas são mais do que enfermeiras, são amigas. Depois desse contato, eu passei a ser mais paciente, tranquila. Aceitei a doença com mais facilidade. Aqui sou muito bem tratada. Eu já gosto de vir aqui, pois enquanto estou na máquina eu converso com elas,” escancara a paciente Maria das Graças.

 

Transformações acadêmicas

A estudante de Enfermagem, Andrea Lima Knop, considera a lida direta com o paciente no atendimento e o trabalho em equipe multidisciplinar como propulsores do ensino. “A maturidade profissional adquirida é enorme. Precisamos pesquisar sempre para auxiliarmos nas mais diversas tarefas. Com o tempo ganhamos mais segurança pra conversar com os pacientes e esclarecer dúvidas, por isso é um grande aprendizado.”

Tal opinião é compartilhada também pela acadêmica Bruna Neves Morone, ao notar o quanto adquiriu com a experiência no setor de hemodiálise. “Quando entrei no projeto, alguns pacientes tinham receio de serem atendidos por mim pela falta de prática. Hoje pedem para que eu cuide deles. Primeiro houve o receio, depois veio a confiança. Isso para mim é muito gratificante, pois a mão que treme quando chega se torna mais firme ao longo do tempo.”

 

A hemodiálise

O enfermeiro-técnico responsável, Paulo Sérgio Pinto, conheceu o projeto “Dois dedos de prosa” no final da graduação e, logo após a formatura, foi chamado para trabalhar e fazer parte da equipe da clínica Nefroclin. Ele esclarece a divisão de atendimento: os pacientes geralmente vão ao hospital três vezes por semana em três turnos diferentes (manhã, tarde e noite). Eles são atendidos tanto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quanto por um convênio particular. Para isso, ocorre uma separação em dois grupos. O primeiro corresponde à segunda, quarta e sexta; já o segundo, aos dias de terça, quinta e sábado.

“Nosso contato com os pacientes é muito intenso. Cada sessão de hemodiálise dura em média quatro horas. O não funcionamento correto dos rins gera a necessidade de realizar o procedimento que substitui as funções renais perdidas. A hemodiálise trata de uma circulação extracorpórea. O sangue sai do corpo em pequenas quantidades e passa por um rim artificial que o filtra e, assim, retira as impurezas restantes do organismo para retornar mais purificado ao paciente,” esclarece Paulo.

 

Outras informações: (32) 3216-0466 (Nefroclin)

(32) 2102 3823 (Departamento de Enfermagem)

 

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