Com o objetivo de criar um espaço de reflexão para professores, estudantes, técnico-administrativos em educação (TAEs) e a comunidade o campus avançado da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em Governador Valadares realizou, entre os dias 10 e 11 de dezembro, o seminário “Repensar a Universidade – Renovar a prática acadêmica”. O evento, realizado no auditório do Colégio Franciscano Imaculada Conceição, abordou o desafio diante do desenvolvimento regional e os impactos que uma instituição de ensino superior federal pode ter na promoção econômica, social e cultural da região.
Planejamentos e expectativas
A mesa de abertura foi composta pela prefeita da cidade, Elisa Costa, o pró-reitor de Planejamento e Coordenador de Implantação do campus, Carlos Elízio Barral, e o pró-reitor de Graduação, Eduardo Magrone. Segundo Elisa, é o momento de pensar a cidade como um polo do conhecimento efetivo. Em sua fala, Magrone abordou a importância da discussão para se definir o futuro da Universidade, principalmente na região.
Em seguida, foi constituída a segunda mesa com grupo de debates, composto pelo pró-reitor de Graduação, Eduardo Magrone, o pró-reitor de Pós-Graduação, Fernando Aarestrup, a pró-reitora de Pesquisa, Marta D’Agosto, o pró-reitor de Extensão, Marcelo Dulci, e o pró-reitor de Assuntos Acadêmicos, Flávio Takakura. Cada pró-reitor expôs as atividades das respectivas pró-reitorias e os planejamentos e expectativas para o futuro da UFJF em Valadares.
Segundo Dulci, mesmo com pouco tempo de existência em Governador Valadares, a UFJF já conta com 29 projetos de extensão na cidade. “É importante que a UFJF tenha uma extensão forte e esteja próxima à comunidade”. Para Magrone, o evento teve a função de inspirar a reflexão sobre o futuro da instituição. “Estou muito satisfeito com a participação ativa e o grande interesse de todos em contribuir com o debate. A partir de janeiro iremos iniciar a elaboração do Plano de Desenvolvimento Institucional e o seminário contribuiu muito para a futura realização dessas metas.”
Desafios
O segundo dia de evento teve como foco o encontro “Campus GV: identidade e desafios”, em que foram apresentados dados que demonstram a relevância da UFJF na economia de Juiz de Fora e os futuros investimentos da Universidade em Governador Valadares. Participaram da mesa de debate profissionais da UFJF e representantes locais, que analisaram as principais demandas locais.
Segundo o pró-reitor de Planejamento e Gestão, Alexandre Zanini, a instituição pode ser considerada uma verdadeira cidade com 30 mil pessoas. Mensalmente são injetados cerca de R$ 27 milhões em salários no campus em Juiz de Fora e R$ 27 milhões em bolsas. “Em oito anos alcançaremos mais de R$ 1 bilhão em investimentos”, ressaltou. De acordo com Zanini, em aproximadamente cinco meses deverá ser concluído um estudo detalhado de quanto a universidade poderá gerar para a economia da cidade. “Estamos apenas na metade do caminho. Não podemos achar que chegamos ao final somente com a construção do campus aqui em Governador Valadares. Ainda temos muito a fazer”.
O diretor da Faculdade de Economia, Lourival Batista Oliveira Junior, destacou a importância de manter a universidade acessível à sociedade. “Temos que gerar e difundir conhecimento para a cidadania”, ressaltou. O jornalista e ex-reitor do Instituto Metodista Izabela Hendrix, Jaider Batista, apresentou algumas demandas da cidade. Uma delas é cuidar do “vazio rural” de Governador Valadares. “O Brasil e Minas Gerais possuem 15% de população rural e Valadares apenas 3%. Precisamos criar uma alternativa econômica para essa questão”, afirmou. Batista também mostrou preocupação com os jovens valadarenses que estão nos EUA. “Projetos de pesquisa, como um observatório do processo migratório e cursos de graduação à distância podem contribuir para melhorar a situação daquela comunidade e ainda motivar seu retorno.”
Por fim, o professor da Univale e secretário de Educação da Prefeitura de Governador Valadares, Haruf Salmen, contou a história da colonização da região, dos conflitos existentes no passado e apontou alguns desafios que a Universidade deve encontrar na cidade. Segundo Haruf, a UFJF tem que formar professores nas diversas áreas e deve articular com o Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) para a formação nas áreas de química, física e matemática. “A UFJF não pode ser somente um braço do campus de Juiz de Fora, mas sim ser a Universidade da região do Vale do Rio Doce.”
Ao final do debate, o coordenador de implantação do campus avançado da UFJF em Governador Valadares, Carlos Barral, fez um balanço sobre o evento. “O evento foi importante para nos aprofundarmos na realidade social e histórica em que a Universidade está inserida. É importante construir uma nova UFJF em Governador Valadares, com características próprias, integrada e consistente para que seja reconhecida e valorizada”.
O último dia do evento foi suspenso devido à mudança na agenda do presidente do Instituto Nacional de Ensino e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e ex-reitor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Luiz Cláudio Costa que ministraria a palestra. “A experiência dos campi avançados de Universidades Federais no Brasil”.