Dados divulgados em 2009 pela Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), do Ministério da Saúde, revelaram que 20,9% das crianças com até 5 anos apresentam quadro de anemia. Com o objetivo de reverter esse quadro em Juiz de Fora, a professora do Departamento de Nutrição da UFJF, Renata Oliveira criou no início deste ano o projeto “Ações educativas de combate à anemia em creches públicas”.
Segundo a docente, o projeto, que já está em fase de conclusão, realizou visitas semanais a 15 creches municipais e buscou orientar pais e funcionários acerca da prevenção do desenvolvimento da anemia ferropriva. Durante esses encontros, foi realizada a coletas de dados, que consistia na pesagem e medidas das crianças e na verificação da quantidade de hemoglobina através do aparelho Hemocue, que retira uma gota de sangue do dedo anelar para a realização de processo de triagem, no qual o resultado é divulgado instantaneamente.
Ao todo, 761 crianças foram submetidas ao exame. As que acusaram anemia realizaram o exame de sangue venoso completo, sem custo para os pais. A doença foi confirmada em 48 crianças que foram encaminhadas à Unidade de Atenção Primária à Saúde (UAPS) mais próxima da escola. À medida que os resultados foram divulgados, ações educativas, como treinamento, orientações, palestras e materiais gráficos foram desenvolvidos para pais e funcionários da creche.
Luciana de Souza é mãe de Luiz Guilherme (4), aluno da creche Professora Maria de Lourdes Rezende, uma das atendidas pela iniciativa. Segundo ela, seu filho superou a anemia. “O projeto foi ótimo, pois ajudou a orientar as mães sobre a prevenção da doença. Assim, começamos a prestar mais atenção na qualidade da alimentação de nossos filhos.”
Orientação
Para a coordenadora da creche, Mara Alice Ferreira, a participação dos pais para a prevenção da anemia é importante. “A iniciativa foi ótima e o resultado obtido foi muito positivo, pois o projeto fez com que a informação chegasse a muitas famílias. Os pais das crianças anêmicas deram início ao tratamento de seus filhos, sempre com nosso apoio e acompanhamento.”
A doença
A anemia por deficiência de ferro é a mais comum de todas as anemias. A doença pode instalar-se por carência nutricional, parasitas intestinais, durante a gravidez, o parto ou a amamentação, ou por perdas expressivas de sangue. Um dos grupos vulneráveis é a fase pré-escolar, composta por crianças entre 0 e 5 anos. Essa fase é considerada de risco, uma vez que a alimentação complementar pode ser inadequada. Os sintomas mais comuns da doença são fadiga e cansaço. A prevenção é realizada através da suplementação de ferro, como o sulfato ferroso, e, em alguns casos, apenas por meio da mudança alimentar.
O estudante do décimo período de Nutrição e bolsista do projeto, Márcio Zamperlim, incentiva a prevenção da anemia. “É uma doença silenciosa que pode passar despercebida. Mas, se não for tratada, tem efeito prejudicial, como a dificuldade de aprendizagem e o comprometimento do desenvolvimento psicomotor e cognitivo do indivíduo.”