Filmes como “Procurando Nemo” e a “Pequena Sereia” e o desenho animado “Bob Esponja” popularizaram o universo subaquático entre as crianças. Não era incomum, durante visita de alunos da Escola Municipal Tancredo Neves ao Museu de Malacologia Professor Maury Pinto de Oliveira, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), alguns desses animais serem chamados pelo nome de seus personagens nas histórias.
Durante todo tempo em que a escola esteve no Museu, era visível a animação e a curiosidade dos garotos a respeito desses animais que eram conhecidos apenas por meio da televisão e do cinema. Segundo a coordenadora da escola, professora Maria Amélia Barroso, a oportunidade, promovida pelo projeto de extensão “Visitas Programadas ao Museu Interativo e Coleção de Malacologia da UFJF” foi interessante para os alunos que já haviam demonstrado interesse na atividade. “Eles estavam curiosos para conhecer um pouco sobre os moluscos e aprender como é a vida marinha.”
Com mais de uma década de existência, a iniciativa é uma das mais antigas atividades de extensão do Instituto de Ciências Biológicas. Coordenada pela professora Elisabeth Bessa, o projeto foi criado com o intuito de levar a comunidade para dentro do museu. Para a bióloga e vice-coordenadora do Museu, Maria Alice Allemand, ações como esta, ajudam a dar uma outra cara para a Universidade, ao mostrar à população o que é desenvolvido dentro do campus da UFJF. “Ciência geralmente é uma coisa mais restrita. O pesquisador trabalha dentro de um laboratório fechado e, por muitas vezes, as pessoas não conhecem o trabalho que é desenvolvido. Com a iniciativa do Museu de Malacologia, permitimos à comunidade conhecer o que estudamos”, conta.
Interesse pela ciência
O principal objetivo do projeto é proporcionar aos estudantes e outros segmentos sociais uma visão básica sobre reinos naturais e despertar neles o gosto pela ciência. “Nas visitas, apresentamos o que é malacologia e mostramos exemplares terrestres, aquáticos e marinhos. O que é apresentado nas visitas é superficial. Por isso, nós damos um embasamento sobre história natural e esclarecemos as principais dúvidas dos visitantes”, diz Maria Alice.
Para a bióloga, estimular o interesse pela ciência é uma preocupação cada vez mais importante, já que, segundo pesquisa divulgada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, 40% da população brasileira não apresenta ou tem pouco interesse pela ciência.
O Museu
Referência internacional, o Museu de Malacologia Professor Maury Pinto de Oliveira possui do um dos maiores acervos do Brasil. O local comporta uma coleção de científica de cerca de 45 mil conchas, que incluem exemplares raros e espécies já extintas. Além do museu interativo, o núcleo de Malacologia da UFJF comporta laboratórios, sala de microscopia, malacotério, salas de estudos especiais e uma biblioteca especializada, na qual se encontram livros raros dos séculos XVIII e XIX.
O Museu foi fundado em 1967, mas sua coleção começou bem antes, em 1951, quando, no Rio de Janeiro, o até então médico da Marinha do Brasil, Dr. Maury Pinto de Oliveira deu início a uma pequena coleção de conchas, a partir de coletas realizadas nas praias do Rio de Janeiro (RJ) e Niterói (RJ). 15 anos depois, aquela pequena coleção havia crescido e já contabilizava oito mil conchas, quando foi doada para a UFJF. A única exigência feita pelo Dr. Maury foi que ela permanecesse sob administração do doador enquanto ele tivesse força para cuidá-la.
Foi o que aconteceu até 2004, quando, com 90 anos, o médico faleceu vítima de embolia pulmonar. “O Dr. Maury trabalhava todos os dias, mesmo com a idade avançada. Inclusive, um dia antes de sua morte, ele veio aqui na Universidade para trabalhar”, lembra Maria Alice. Além de tomar conta do acervo, como curador do Museu, o médico também desenvolveu atividades de pesquisador e professor na Universidade. Ele também foi fundador da Sociedade Brasileira de Malacologia, tornando-se uma das principais referências na área.