A Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEXC) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) está recebendo inscrições de professores interessados em participar da Operação Centro-Nordeste do Projeto Rondon, que será realizado nos Estados de Alagoas, Bahia, Goiás e Tocantins, no período de 16 de janeiro a 8 de fevereiro de 2010. Os interessados devem formar uma equipe e encaminhar a proposta de trabalho para a PROEXC até o dia 05 de outubro.
As propostas de trabalho deverão descrever em detalhes as atividades que serão desenvolvidas, optando pelo conjunto de ações dos grupos “A” e “B”. O conjunto A envolve ações relacionadas à cultura, direitos humanos, educação e saúde. O grupo B tem as atividades voltadas para a comunicação, o meio ambiente, a tecnologia, a produção e o trabalho. Todas as ações do conjunto escolhido devem ser contempladas.
A Comissão de Avaliação de Propostas do Projeto Rondon (CAPPR) é responsável por avaliar e selecionar as propostas. Após a divulgação do resultado, o Projeto Rondon organizará a viagem precursora, de caráter obrigatório, dos professores-coordenadores aos municípios, para ajustar a ideia de trabalho à realidade e à necessidade da comunidade local.
As equipes precisam ser multidisciplinares e compostas por dois professores e seis alunos da Universidade. Os estudantes deverão estar cursando a segunda metade da graduação e não ter participado de operações anteriores.
A iniciativa, coordenada pelo Ministério da Defesa, conta com a participação voluntária de acadêmicos na busca de soluções que contribuam no desenvolvimento sustentável de comunidades carente. A estimativa é que 1,2 mil estudantes e professores universitários façam parte do evento.
O resultado dos selecionados será divulgado no dia 27 de outubro, no site do projeto.
Um aprendizado para a vida
Iniciado em 1967, O Projeto Rondon surgiu da ideia de levar estudantes universitários para regiões carentes, de forma que conhecessem a realidade do Brasil e colocassem em prática o conhecimento adquirido nas salas de aula. A iniciativa, cujo nome faz referência ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, foi retomada em 2005 pelo Governo Federal. O projeto foi reformulado com o objetivo de integrar universitários no desenvolvimento nacional e estimular a produção de projetos coletivos locais.
Desde então, todo ano várias expedições são realizadas no país. São equipes de rondonistas, provenientes de diversas Instituições de Ensino Superior (IES), percorrendo de norte a sul as regiões menos favorecidas, levando conhecimento e trocando experiências com a comunidade local. É esse aprendizado que impulsiona o Professor da Faculdade de Turismo, Marcelo Carmo, a estar sempre participando das operações. “É um processo de mão dupla: a gente tenta ao máximo passar o que sabe e, ao mesmo tempo, a gente recebe o máximo do que a população pode dar”, declara.
Marcelo Carmo já participou de duas expedições: Operação Amazônia Oriental em 2006, no município de Carolina (MA), e a Operação Centro-Norte em 2009, na cidade de Campos Belos (GO). O professor explica que as atividades são voltadas no sentido de fazer com que os moradores descubram quais são as suas potencialidades e quais são as do município. “O nosso trabalho é só tentar fazer aflorar isso”, ressalta. São 15 dias de intenso trabalho que, segundo Marcelo, apesar de serem poucos dias, consegue deixar marcas. “Pra quem às vezes não tem oportunidade nenhuma ou muito pouca, isso representa muito”, afirma.
Buscando sempre contemplar ações do conjunto B, o professor não consegue mais se ver livre do Projeto Rondon. De acordo com ele, o espírito de rondonista o permeia. “Quando chega essa época de mandar edital, já fico pensando no que vou fazer, no projeto que vou elaborar, no que eu tenho que melhorar e qual estado quero estar”, declara.
Para Marcelo, além da contribuição para a sua vida profissional, ter participado do Projeto Rondon também o ajudou no seu lado pessoal. “Volto muito melhor. Eu passo a dar mais valor às excelentes condições de vida que nós temos aqui no Sudeste, perante a realidade do Brasil que a gente não conhece”, explica.
Quem compartilha da mesma opinião é a Professora da Faculdade de Turismo, Alice Arcuri, que também participou da operação Centro-Norte. “A gente passa a ser mais humilde, passa a valorizar mais esse país e a entender a vida diferente que o outro leva, seja por questões climáticas, sociais, econômicas ou culturais”, analisa. A professora se considera uma extensionista e acredita que “a teoria é fundamental, mas deve vir casada com a prática”. Segundo Alice, é através do deslocamento, de sentir o outro, de ter uma percepção do espaço físico, é que se aprende.
Para a professora, o projeto é válido por proporcionar que professores e estudantes conheçam a realidade de outras regiões brasileira. Além de conhecer as ações de outras áreas do conhecimento. “Você acaba conhecendo as ações do pessoal da Geografia, do Serviço Social, da Arquitetura. Você vai aprendendo muito nessa inter-relação das áreas do conhecimento”, declara.
Alice já participou de quatro operações do projeto, sendo uma como estudante de Comunicação Social, em 1988. E por este fato, ela sabe da importância para o aluno de graduação ter essa experiência de pensar e observar o outro. “Os alunos voltam cheio de energia, de aprendizado muito rico, pois é aprendizado com as crianças, com os professores, com o funcionário público, com a comunidade em geral e com o município que você visita”, explica.
Outro que também pode falar dessa experiência, por já ter vivido, é o estudante Vinícius Rivello. “Foi uma experiência muito legal para os alunos. Por a gente ter contato com uma realidade diferente da nossa, fora da universidade”, declara. Para o estudante do curso de Ciências Sociais da UFJF, a oportunidade de participar do projeto também serviu para mostrar como é difícil resolver os problemas sociais e econômicos das comunidades carentes. “Eu achei que nesse pouco tempo pudesse ser muito útil para resolver o problema da cidade, mas chegando lá, percebemos que é mais complexo do que a gente gosta de pensar”, afirma.
Vinícius sente falta de ter um feedback por parte da comunidade, para saber o que eles acharam, se gostaram ou como estão. Por isso, poder participar de uma expedição de retorno ou de outras operações seria interessante para o estudante. “Seria legal se pudesse participar de novo e aproveitar o aprendizado da primeira expedição”, declara.
Outras informações: (32) 2102-3971 Pró-Reitoria de Extensão e Cultura