O projeto de extensão “Se liga nas Cotas!”, do Núcleo de Geografia, Espaço e Ação (NuGea), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), está realizando visitas às escolas da rede pública, com o objetivo de promover debates sobre a política de ações afirmativas e o funcionamento do sistema de cotas na UFJF.
De acordo com a professora do Departamento de Geociências da UFJF e coordenadora do projeto, Clarice Cassab, a atividade extensionista busca abordar a trajetória do sistema de cotas e a importância dessa política na democratização do ensino superior; uma vez que boa parte do público-alvo não tem informações suficientes e de qualidade sobre o assunto.
“Iniciamos o projeto em 2022 para professores e gestores da rede básica, visando discutir a Política de Ações Afirmativas e entendendo-a como direito conquistado pela luta dos movimentos negros. A partir desta experiência, percebemos que era preciso retornar às escolas para conversar com os alunos também. Sendo assim, a equipe do projeto atende aos convites de escolas e cursinhos populares, que desejem levar essa discussão”, complementa a docente.
Como participar
Para participar, as escolas da rede básica ou cursinhos interessados devem entrar em contato com o NuGea, através do email nucleo.nugea@ufjf.br ou pelo perfil do Núcleo no Instagram. Conforme a coordenadora, os encontros podem ser realizados de forma presencial ou remota. “A partir do retorno presencial temos tentado fazer conversas presenciais. Porém, numa escola de outro município ou mesmo de um distrito de Juiz de Fora, que tenha interesse em promover a discussão entre docentes por exemplo, o encontro remoto é a melhor opção.”
Podcast
O projeto de extensão também lançou esta semana o podcast “Se Liga nas Cotas”, conteúdo em áudio, disponibilizado através de streaming, que conta com a vantagem de ser escutado sob demanda, quando o usuário desejar, nas plataformas Spotify, Google Podcast e Anchor.
Neste primeiro episódio, o entrevistado é o mestrando do Programa de Pós-graduação em Geografia da UFJF, Marcelo de Sá, que aborda a temática das juventudes negras.
Política de ações afirmativas
Na avaliação de Clarice Cassab, “a política de ações afirmativas deve ser tratada como um direito, isso significa pensá-la para além de uma forma de ingresso no ensino superior público”. A professora explica que para isso acontecer é importante que as pessoas as quais têm direito às cotas tenham conhecimento sobre a temática, e entendam com clareza como funciona todo o processo.
“Ao compreender a importância da política de ações afirmativas estes sujeitos passam a concebê-la como direito conquistado”, ressalta Clarice Cassab.
“Ao compreender a importância da política estes sujeitos passam a concebê-la como direito conquistado. Contudo, em nossa trajetória o que notamos é que muitas vezes eles são os que menos conhecem e compreendem a política. Daí a razão e a urgência de levarmos essa temática até as escolas públicas, lugar onde eles devem encontrar essa discussão. E, dessa forma, ampliar, mesmo que minimamente, a possibilidade desses jovens de investir na sua formação no ensino superior”, ressalta.
A docente ainda comenta sobre a importância de jovens das mais diversas realidades ingressarem no ensino superior público, tornando a Universidade mais representativa para sociedade. “Ao ingressarem, ocuparem os espaços da vida da Universidade – salas, projetos de pesquisa, de extensão, eventos acadêmicos, coletivos políticos e representativos – eles nos obrigam a repensar a própria Universidade, sua organização, sua gestão, seus currículos, nossas práticas docentes, nossas bibliografias, metodologias, nossos interesses de pesquisa, nossas ações extensionistas. Esse processo é enriquecedor para a construção de uma Universidade mais próxima da sociedade, de suas questões, de suas demandas e de sua diversidade”, finaliza Cassab.
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