Em 15 de março de 1930, o jornalista e cineasta Adhemar Gonzaga fundava no Rio de Janeiro a Cinédia S. A., estúdio pioneiro que produziu alguns dos maiores clássicos do cinema brasileiro, tais como Ganga bruta (Humberto Mauro, 1933), Alô, alô carnaval (Adhemar Gonzaga, 1936), Bonequinha de seda (Oduvaldo Vianna, 1936) e O ébrio (Gilda de Abreu, 1946).
A Cinédia (www.cinedia.com.br) é atualmente a mais antiga produtora do país em atividade. Para falar da sua importância e da preservação da história do cinema no Brasil, o Cinema em Foco recebe Alice Gonzaga, escritora, pesquisadora, produtora e empresária do ramo cinematográfico. Filha de Adhemar Gonzaga, Alice vem se dedicando, desde os anos 1970, à preservação e à restauração do acervo fílmico e documental da Cinédia e, por extensão, de uma parte significativa da filmografia brasileira.
A palestra de Alice Gonzaga, intitulada “Cinédia: da produção cinematográfica à preservação da memória”, será realizada no dia 24 de setembro, às 19 horas, no espaço de cinema do Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm), em Juiz de Fora. A entrada é gratuita.
Aprofundamento
O “Cinema em Foco” é um projeto de extensão permanente de cinema voltado para a exibição de filmes brasileiros e debates com realizadores, pesquisadores e técnicos em cinema e audiovisual, sempre a partir de um tema específico da área. Realizado bimestralmente, faz parte das atividades do Grupo de Pesquisa História, Estética e Narrativas em Cinema e Audiovisual (CPCine) que concentra pesquisas acadêmicas em torno de reflexões teóricas e práticas sobre a história do cinema e da produção audiovisual. Ele é constituído por professores pesquisadores do Bacharelado em Cinema e Audiovisual e do Programa de Pós-Graduação em Artes, Cultura e Linguagens do Instituto de Artes e Design (IAD) da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Iniciado em abril de 2012, o “Cinema em Foco” já apresentou como temas:
“O impacto da chegada do som no cinema no Brasil”, com palestra de Carlos Roberto Souza, pesquisador da Cinemateca Brasileira de São Paulo, professor colaborador do Programa de Pós-gradução em Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos, e autor do livro Nossa Aventura na Tela (1998);
“Malditos filmes brasileiros!”, com palestra de Remier Lion, pesquisador, cineasta e autor do livro Ivan Cardoso – O Mestre do Terrir (2008);
“A mulher no cinema brasileiro”, com palestra da cineasta Lúcia Murat e exibição do longa Uma longa viagem (Lúcia Murat, 2011);
“O cinema documentário”, com palestra de Karla Holanda, cineasta, pesquisadora e professora do Programa de Pós-graduação em Artes, Cultura e Linguagens e do Bacharelado em Cinema e Audiovisual da UFJF, autora do livro Documentário Nordestino – Mapeamento, História e Análise (2008) e do longa documental Kátia (2012);
“Música no Cinema”, com palestra de Suzana Reck, professora do Departamento de Artes e Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som, ambos da UFSCar;
“A montagem no cinema”, com palestra de Severino Dadá, veterano montador e editor de som, com mais de 300 produções no currículo, entre elas Tenda dos Milagres (Nelson Pereira dos Santos, 1977), Nem tudo é verdade (Rogério Sganzerla, 1987), Para recibir el canto de los pájaros (Jorge Sanjines, 1995) e Corisco e Dadá (Rosemberg Cariry, 1996);
“A Crítica de Cinema”, com palestra de Inácio Araújo, crítico da Folha de S. Paulo e autor dos livros Hitchcock, o Mestre do Medo e Cinema, o Mundo em Movimento, entre outros.
Biografia
Desde o final dos anos 1970, Alice Gonzaga vem desenvolvendo um papel fundamental na restauração e na divulgação de obras fundamentais da cinematografia brasileira, tais como Alô, alô, carnaval (Adhemar Gonzaga, 1936); Mulher (Octávio Gabus Mendes, 1931) e a recuperação, entre outros, de Romance proibido (Adhemar Gonzaga, 1944), Anjo do lodo (Luiz de Barros, 1950), Maridinho de luxo (Luiz de Barros, 1938) e O cortiço (Luiz de Barros, 1945). Como produtora, realizou e supervisionou os curtas São Luiz do Maranhão, Museu Histórico Nacional, Canção de amor, Memória do carnaval, Folia e o longa-metragem Consórcio de intrigas (Miguel Borges, 1980).
Alice Gonzaga é autora dos livros 50 anos de Cinédia (Record, 1987); Gonzaga por ele mesmo (Record, 1989); e Palácios e poeiras: 100 anos de cinemas no Rio de Janeiro (Record/Funarte, 1996), os três lançados com o selo Cinédia Documento. O livro Palácios e poeiras é a mais completa pesquisa sobre a história da exibição na antiga capital federal.
À frente do Instituto para a Preservação da Memória do Cinema Brasileiro, do qual é presidente, Alice Gonzaga desenvolve projetos de restauração e conservação de filmes e documentos relativos à atividade cinematográfica no país. Dentre os projetos realizados pelo Instituto, destacam-se as restaurações dos filmes Bonequinha de seda, Berlim na batucada e a recuperação do Acervo Moacyr Fenelon, com a restauração de quatro filmes do cineasta mineiro em cópias 35mm.
Outras informações: www.ufjf.br/cinemaemfoco