Entre muitos livros, cores, almofadas e sonhos, a sala do Laboratório de Alfabetização, na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) oferece um mar de conhecimento para crianças do 4º e 5º ano da Escola Municipal Presidente Tancredo Neves, localizada no Bairro São Pedro. Proporcionar a leitura constante da literatura infantil, permitindo que as crianças ampliem sua imaginação e tenham acesso ao mundo do conhecimento e da cultura é a proposta de “Livro vai… História vem”, coordenado pela professora do Departamento de Educação, Suzana Lima Vargas.
A iniciativa faz parte do projeto “Oficina de escrita e reescrita de textos para escolares dos anos iniciais do ensino fundamental”, que atende as crianças das escolas públicas no entorno da UFJF. “A ideia de criar uma atividade que oferece a experiência com a leitura, surgiu ao se constatar que as crianças não organizavam os elementos narrativos de modo a construírem textos escritos coerentes e coesos. Com intuito de reverter esse quadro, oferecemos a elas obras literárias com a riqueza de elementos que favorecessem o arranjo narrativo,” explica Suzana.
Iniciado em 2007, na época, o projeto era somente um cantinho para leitura, no qual alunos podiam fazer os empréstimos dos livros. Porém, nesses sete anos, expandiu suas atividades, tais como ida a teatros e museus, encontros com autores e ilustradores. A coleção ofertada também cresceu. Os lotes dos livros disponíveis para as crianças são constituídos por renomados títulos nacionais e estrangeiros que são trocados a cada dois meses, pois o trabalho busca estimular o interesse e zelar pela fidedigna leitura.
Hoje, a ação conta com seis turmas de dez alunos cada que participam do projeto durante um ano. Três desses grupos se encontram na própria escola, aonde os bolsistas se dirigem em seis visitas semanais. “Esse projeto de extensão proporciona aos acadêmicos de Pedagogia a vivência dos processos da leitura e da escrita em situações reais de aprendizado, através da ação direta junto às crianças, dentro e fora do contexto escolar,” reforça a coordenadora.
Integrante desde 2013, a estudante Andressa Dias ressalta esse intercâmbio de conhecimento. “Entendemos que havia a necessidade de irmos até a escola para ver o convívio das crianças com a leitura no ambiente escolar e também para manter o envolvimento e trocar experiências com o professor a respeito das atividades promovidas em torno do aprendizado.”
Propagadores
Ao chegarem à sala do Laboratório de Alfabetização, antes de iniciarem as oficinas de escrita e reescrita de textos, as bolsistas procuram deixar as crianças à vontade, por meio da leitura deleite. Esta visa apenas a liberdade, a fantasia e o bem estar dos alunos, sem qualquer tipo de cobrança. Eles também têm a possibilidade de levarem os livros para serem lidos em casa, junto aos vizinhos, familiares e amigos, tornando-se dessa forma, agentes da leitura.
Outra atividade, intitulada de “Apreciação literária”, tem por objetivo a troca de experiências por meio da indicação de livros pelos próprios colegas de turma, utilizando os símbolos curti e não curti, que remetem às redes sociais. Já a “Corrida literária” lembra os jogos de tabuleiros, no qual as crianças avançam uma casa a cada obra lida, sendo presenteadas com livros ao chegarem ao fim do percurso.
De acordo com a coordenadora Suzana, essa experiência dá acesso a outros universos, como o da imaginação, da criação e do prazer para viajar por outros mundos. “As crianças têm mais liberdade pra escolherem que texto querem ler, de que gênero e com quais autores elas têm mais intimidade. Refletir sobre as sensações dessas leituras as proporcionam a compreensão de várias histórias, estabelecendo um diálogo entre o sonhado e o vivido.”
Pai de uma das crianças, Valdiney Geraldo confirma os impactos de “Livro vai… História vem” fora de sala de aula. “Gostamos muito do trabalho realizado pela Universidade, uma vez que esse vínculo conquistado com a leitura possibilitou a minha filha estimular sua imaginação e escrever com mais facilidade. Apesar da Emily não ter problemas de alfabetização, depois que se envolveu com o projeto, começou a se interessar mais pela leitura.”
Outras informações: 2102-3650 (Laboratório de Alfabetização)