Debater a prática de ações extensionistas no contexto iberoamericano. Com esse objetivo, professores, alunos e profissionais de universidades de dez países da América Latina e de dois da Europa se reuniram em Quito, no Equador, entre os dias 19 e 22 de novembro. A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) fez-se presente no evento, com a participação de 14 docentes, além de estudantes e profissionais envolvidos nas iniciativas extensionistas.
Neste ano, o encontro teve como tema a integração entre o ensino, a pesquisa e a extensão em busca da transformação social e o bem-estar na América Latina e foi realizado nas instalações da Universidade Central do Equador e da Rede Equatoriana Universitária de Vinculação da Educação Superior (Reuvic). Para a professora da Faculdade de Farmácia, Maria Helena Braga, o congresso permitiu aos docentes conhecerem outras experiências extensionistas. “Foi possível compartilhar atividades para o fortalecimento da extensão. Cada país possui suas particularidades, mas, no geral, os projetos contribuem para a transformação da sociedade.” No evento, a docente, junto à professora Terezinha Noemides, apresentou o trabalho “Assistência Farmacêutica: relação ensino serviço-comunidade”, relato da atividade extensionista de mesmo nome.
A opinião é compartilhada pelo professor da Faculdade de Educação, Cassiano Amorim, que apresentou no encontro as atividades do projeto “Vivências Culturais: espaços educativos e formação continuada de professores”. Para ele, é necessário que as Universidades façam uma análise das realidades sociais e espaciais em que se encontram. “A participação no congresso foi positiva por possibilitar mergulhar em diferentes realidades que demandam intervenções e aproximações das comunidades. Isso demonstra que precisamos fazer leituras criteriosas dos contextos socioespaciais em busca de avanços consolidados pela ciência, tecnologia e informação.”
Durante os quatro dias de congresso, organizado pela União Latino-Americana de Extensão Universitária (Uleu), foram promovidas apresentações culturais, conferências, mesas redondas e fórum simultâneos distribuídos em diferentes eixos temáticos. Para o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF, professor Fábio Lima, a participação em eventos como este, “permite repercussões importantes, seja em termos de interlocuções com outros grupos extensionistas e de pesquisa, seja na possibilidade de análises comparadas, considerando as frentes de trabalho que estamos desenvolvendo.” Para o docente, que apresentou o projeto “Pelas Cidades: Jornadas de Preservação da Memória e do Patrimônio Cultural de Municípios através de meios eletrônicos”, a exposição de trabalhos possibilita a difusão e a discussão do que está sendo alcançado pela extensão universitária, além de prestigiar os órgãos de fomento que apoiam o desenvolvimento dos projetos.
Integração
Além da troca de experiências, os docentes da UFJF puderam constatar que nos últimos anos a extensão na América Latina tem cada vez mais se integrado ao ensino e à pesquisa. “Pude perceber que as atividades de extensão caminham de forma irreversível na integração necessária entre os três pilares de uma Universidade, de forma a se apropriar do conhecimento, com vivências práticas tão importantes no desenvolvimento de competências e habilidades para a formação profissional”, aponta o professor da Faculdade de Fisioterapia, Eduardo Assis. No encontro, ele apresentou ao lado de seus bolsistas as atividades desenvolvidas no projeto “Programa de Qualidade de Vida para Trabalhadores”.
A extensão aliada ao ensino e à pesquisa, sobretudo nas instituições brasileiras de ensino superior, também foi destacada pela professora da Faculdade de Serviço Social, Ana Lívia Coimbra, que apresentou o artigo “Assessoria do Serviço Social na área da saúde do trabalhador no Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Juiz de Fora”. “O que percebi durante as apresentações foi a articulação de muitos projetos com o ensino e a pesquisa, o que potencializa a inserção dos estudantes nas ações, contribuindo para uma formação mais abrangente e para a produção de conhecimento e alcance social das instituições de ensino superior brasileiras.”
Realidades distintas
Segundo Ana Lívia, a extensão universitária, por relacionar-se com os demais setores da sociedade, apresenta particularidades em cada país. “Nessa relação, as características e demandas dos usuários a quem os projetos se dirigem são determinantes, variando em cada país, de acordo com o estágio de desenvolvimento social e econômico.”
O professor da Faculdade de Comunicação, Bruno Fuser, que no encontro relatou a experiência com o projeto “Comunicação, Memória e Ação Cultural”, encerrado em 2012, percebeu algumas semelhanças entre a extensão realizada no Brasil e nos demais países latino-americanos, como a perspectiva interdisciplinar e a presença de iniciativas nas quais os participantes dos projetos são tratados como protagonistas da história, e outras de cunho mais assistencialista. No entanto, apontou algumas diferenças que precisam ser debatidas pelas instituições brasileiras. “Em algumas universidades de outros países, a extensão tem sua execução orçamentária aberta à discussão da comunidade acadêmica. Além disso, as ações não ficam limitadas aos órgãos de fomento externos, mas também apresentam financiamento da própria instituição.”
Receptividade e cultura
Nos momentos de intervalo do congresso, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer as tradições, a cultura, o urbanismo e a culinária de Quito. Segundo a professora da Faculdade de Serviço Social, Cristina Bezerra, que relatou no encontro o projeto “Comunicação e Juventude no Campo”, a população local é receptiva. “A cidade é belíssima, com uma enorme riqueza cultural, sobretudo no que se refere às populações indígenas da América Latina”, destaca.
A cultura local também foi apontada pela professora da Faculdade de Serviço Social, Sandra Arbex, como um dos pontos positivos da cidade. “Quito é linda, com um centro histórico fabuloso e extremamente preservado. A riqueza cultural parece ter imenso sentido para a população, com destaque para a presença de indígenas com sua cultura, trajes e artesanato.” A professora, que é coordenadora do Programa Polo de Enriquecimento Cultural para a Terceira Idade, apresentou no congresso os trabalhos desenvolvidos pela iniciativa realizada na Casa de Cultura da UFJF com o objetivo de aumentar a qualidade de vida dessa crescente parcela da população brasileira.
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