Com o objetivo de orientar o uso de plantas medicinais por pacientes diabéticos e hipertensos, a professora Luciana Calábria e o professor Stêfany Assis desenvolvem o projeto “Orientação ao uso seguro de plantas medicinais por diabéticos no programa Hiperdia Minas” no campus avançado de Governador Valadares. Segundo Luciana, a iniciativa tem por objetivo “orientar os pacientes quanto ao uso correto e seguro da fitoterapia como uma terapêutica complementar as que já existem, além de consolidar essa prática como integrativa aos serviços de saúde”.
Inicialmente, as ações foram divididas nas interfaces de pesquisa e extensão. Alunos dos cursos de Medicina e Farmácia visitaram a Policlínica Central do município e entrevistaram cerca de 300 pacientes entre 23 e 93 anos. A partir dos dados coletados, algumas plantas foram apontadas como mais usadas pelos pacientes para o controle da glicemia e da hipertensão arterial.
A partir dessa etapa, serão investigadas as possíveis interações das plantas com os medicamentos, para que seja elaborado um banco de dados a ser disponibilizado para os profissionais de saúde local. Também será confeccionada cartilha com as principais plantas medicinais, que serão distribuídas nas unidades de saúde durantes os encontros promovidos pelo projeto.
Para a bolsista Beatriz Araújo, a ação é de grande impacto social. “Além de ampliar meu conhecimento a respeito do assunto, participar de uma iniciativa como essa contribuirá com a qualidade de vida de uma parcela da população diabética.”
Hiperdia Minas
Estima-se que existam em Minas Gerais mais de 540 mil diabéticos, dentre eles mais de 270 mil com hipertensão arterial sistêmica. Somente em Valadares, segundo dados do SIS-Hiperdia 2013, são sete mil pacientes diabéticos cadastrados no programa Hiperdia Minas. A iniciativa estadual busca coordenar a estruturação da rede de atenção à saúde da população com hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e doença renal crônica, por meio de um sistema regionalizado e integrado de ações em saúde. Segundo Stêfany, com o projeto da UFJF aliado ao programa Hiperdia Minas, “espera-se que seja ampliada a longevidade da população, acompanhada da melhoria de sua qualidade de vida”.
Tradição popular
Mesmo com a evolução no desenvolvimento de medicamentos industrializados fornecidos pela rede pública, ainda há uma crescente utilização de plantas medicinais, seja pela facilidade de acesso ou pelo baixo custo e tradição. “Com o projeto, esperamos levantar quais são as principais plantas usadas nesta região e orientar o uso seguro e sustentável dessa terapia. Além dos efeitos terapêuticos, as plantas também podem apresentar toxicidade ou efeitos colaterais pela interação com outros medicamentos, por isso a orientação é necessária”, destaca Luciana. A iniciativa buscar orientar e não acabar com o uso tradicional da fitoterapia. “Não pretendemos erradicar a cultura popular em relação ao uso de plantas medicinais. Pelo contrário, queremos associar a sabedoria popular à ciência, beneficiando a comunidade”, ressalta a bolsista Ludmilla Grossi.