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UFJF reúne sociedade para seminário sobre inclusão social

Cerca de 200 pessoas estiveram presentes no I Seminário de Inclusão Social e Cidadania em Juiz de Fora (Foto: Lo-Huama Marques/Proex)

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realizou na última sexta-feira (17), o I Seminário de Inclusão Social e Cidadania de  Juiz de Fora. Cerca de 200 pessoas estiveram presentes no evento, sediado no Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM) e coordenado pela Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (Intecoop) da UFJF em parceria com o site Viverjf.com. A acessibilidade, o combate ao preconceito sofrido pelos egressos do sistema prisional e pelas mulheres negras e a inclusão de portadores de Síndrome de Down na sociedade foram alguns dos assuntos debatidos.

A mesa de abertura contou com a presença do diretor geral do site Viverjf.com, Marcel Iunes, da diretora do MAMM, Nícea Nogueira, do pró-reitor de Cultura, Gerson Guedes, do secretário de assistência social da Prefeitura de Juiz de Fora, Flávio Cheker, do coordenador da Intecoop, Petrônio Barros, e do pró-reitor de extensão, professor Marcelo Dulci. Para Marcel Iunes, um dos coordenadores do evento, a realização do seminário contribui para que Juiz de Fora seja um lugar de discussão sobre a inclusão social e a cidadania. “É importante promover a inclusão, seja daqueles em situação de risco, em vulnerabilidade, com deficiência, ou ainda de pessoas diferentes.”

Já o professor Petrônio Barros, coordenador da Intecoop e do evento, acredita que uma universidade pública deve fomentar discussões com a sociedade sobre o resgate das pessoas que por algum motivo são excluídas. “A UFJF não pode ficar longe da sociedade e discutir apenas problemas científicos. Debates como esses expostos no seminário propõem a aproximação e a socialização entre a academia e a sociedade.”

Inclusão Social

Fernanda Campos expõe sua obra na exposição de quadros da oficina do IMEEP (Foto: Lo-Huama Marques/Proex)

As palestras tiveram início com a exposição da jornalista Daniela Arbex, que apresentou a série de reportagens intitulada “Holocausto Brasileiro: 50 anos sem punição”, publicadas pelo Jornal Tribuna de Minas e com a qual venceu o Prêmio Esso de Jornalismo em 2012. Na série, a jornalista relata o descaso e as atrocidades cometidas durante décadas no maior hospício do Brasil, o Hospital Colônia de Barbacena. Segundo Daniela, 70% das pessoas internadas na época no hospital não sofriam de doença mental. Na verdade, eram casos de jovens que perderam a virgindade antes do casamento, homossexuais e pessoas em profunda tristeza, entre outros, que eram encaminhados para lá. Para a jornalista, é essencial que a mídia discuta questões como essa. “O papel do jornalista é expor esses assuntos e colocar o dedo na ferida. Afinal, a sociedade tem preconceito com temas como esse. Falar sobre eles é atentar a população sobre as causas, efeitos e soluções a serem tomadas.”

Os painéis tiveram prosseguimento com a palestra “Egressos do Sistema Prisional e Pessoas em Cumprimento de Pena/Medida Alternativa”, conduzida pela Gestora Social do Centro de Prevenção à Criminalidade de Juiz de Fora, Arine Caçador.  Para ela, é necessário rever o atual sistema prisional brasileiro, a que são submetidos os presidiários, além das formas de incluí-los novamente às atividades sociais. Com o painel “Inclusão Social e Cidadania: A Grife do Presídio”, a estilista mineira Raquel Guimarães expôs o projeto Flor de Lótus, que faz com que detentos confeccionem suas criações. Segundo Raquel, o projeto permite aos presos da penitenciária Ariosvaldo Campos Pires, em Juiz de Fora, receberem seu próprio salário, além de ser uma oportunidade para o recomeço da vida, por meio de uma nova atividade.

A acessibilidade aos portadores de deficiência física foi abordada pela jornalista e presidente da Associação de Atenção à Pessoa com Deficiência (Somar Brasil), Thaís Altomar. Segundo ela, é preciso que as leis que protegem a pessoa com deficiência sejam cumpridas. “É fundamental que o indivíduo com deficiência física possa exercer o seu direito de ir e vir. Ele não pode ficar sujeito às condições dos locais em que frequenta.” Para a estudante de pedagogia, Rita de Cássia Barbosa, o seminário possibilitou a todos, inclusive a ela, que é cadeirante, o direito de falar e ser ouvido. “O evento deu voz ao governo, instituições privadas e à sociedade civil. Acredito que Juiz de Fora está caminhando para a inclusão social.”

Colegas, o filme

O seminário foi encerrado com a participação dos atores do filme “Colegas”, Breno Viola, Ariel Goldenberg e Rita Pokk, portadores de Síndrome de Down. Acompanhados da diretora de comunicação do filme, Aleksandra Zakartchouk, os três relataram como a produção buscou combater o preconceito.  “O filme trouxe um olhar diferenciado sobre nós e abordou a quebra de preconceitos, de uma forma alegre e emocionante, buscando tornar a inclusão social compreendida pela sociedade”, conta Rita.

Fernanda Campos, que tem Síndrome de Down, conta que resolveu participar do evento ao saber da presença dos atores do filme “Colegas” no seminário. “Gostei muito de saber que eles estariam em Juiz de Fora abordando a Síndrome de Down.” Fernanda, que pinta quadros desde criança, expôs no evento uma obra pintada por ela na oficina do Instituto Médico Psico-Pedagógico (IMEEP). “Fiquei muito satisfeita de a minha pintura ter feito parte dessa exposição. Estou muito orgulhosa.”

Outras informações: (32) 2102-3397 (Intecoop/UFJF)