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Proext 2013: Iniciativa preserva e valoriza cultura de comunidades negras

Iniciativa atenderá seis comunidades quilombolas e jongueiras (Foto: Leonardo Carneiro)

Com o objetivo de preservar a cultura de comunidades quilombolas e jongueiras, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), por meio do Instituto de Ciências Humanas (ICH), criou o programa “Ecomuseu de Comunidades Negras da Zona da Mata Mineira: entre saberes e sabores”. A iniciativa foi aprovada no Programa de Extensão Universitária (Proext 2013) do Ministério da Educação (MEC) com financiamento de pouco mais de R$ 149 mil.

A ação é coordenada pelo professor do curso de Geografia, Leonardo Carneiro, e teve início a partir de trabalhos de campo desenvolvidos para a disciplina de Geografia Agrária. O programa é uma ampliação de um projeto existente, o “Comunidade Quilombola de São Pedro de Cima”, coordenado pela professora Maria Lúcia Menezes. Com a expansão, a iniciativa, que atendia apenas uma comunidade, passará a apoiar oito grupos de diferentes cidades. Além disso, profissionais de outras áreas acadêmicas foram englobados no trabalho. Entre eles, os professores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Daniel Pimenta e Cephora Sabarense, da Faculdade de Medicina, Márcio Alves, da Faculdade de Direito, Leonardo Corrêa, e do Colégio de Aplicação João XXIII, Carolina Bezerra.

Ecomuseu

Produção de alimentos é um dos focos da iniciativa (Foto: Leonardo Carneiro)

Segundo o coordenador, a intenção é reunir as comunidades e discutir questões a serem trabalhadas. “Queremos que a população faça os levantamentos necessários, sejam eles de bens arquitetônicos, materiais ou imateriais, para que o Ecomuseu seja criado. Esse espaço será uma espécie de museu vivo, que não tem, necessariamente, um espaço físico. Ele é mantido a partir das histórias, dos bens naturais e do que a população considera importante.”

O principal objetivo do programa é criar um sentimento de valorização do território dessas comunidades, englobando as formas de construção, a culinária, a produção alimentar e os recursos naturais existentes. “Acreditamos que, a partir do momento em que a própria comunidade enxerga seu valor, eles passam a lutar pelas melhorias do território e pela manutenção da cultura”, afirma Carneiro.

Trabalhos

Broa de Inhame é uma das delícias culinárias produzidas por grupos quilombolas (Foto: Leonardo Carneiro)

Na primeira fase, o programa enfatizará na culinária em busca de geração de renda para a comunidade. “Há produção de alimentos variados nos grupos que serão atendidos. Por exemplo, a comunidade consegue produzir alimentos em conserva. Ao mesmo tempo, as pessoas não possuem uma fonte de renda. Nossa intenção é que elas aproveitem os bens naturais e o conhecimento para obterem uma remuneração.”

O professor também destaca que, apesar da grande variedade de alimentos naturais, os quilombolas apresentam problemas de saúde, como hipertensão e diabetes. “Isso ocorre porque elas consomem mais alimentos industrializados, como açúcar e gorduras. Também iremos trabalhar as possibilidades de uma alimentação saudável.”

Aprovação
Para Carneio, a aprovação deve-se à emergência das demandas quilombolas na atualidade. “Há grande movimentação social em torno dessa questão e acredito que o comitê de avaliação do Ministério da Educação foi sensível a isso.” Segundo o docente, a proposta do Ecomuseu é original e participativa. “Essa iniciativa vem falar da manutenção dos territórios e da valorização desses meios de vida.” Já para a professora Maria Lúcia Menezes, a contemplação é resultante de uma proposta de qualidade. “O programa propõe o resgate da memória, do modo de vida e da resistência de um mundo globalizado. Isso é um contraponto interessante e a iniciativa adota essa política.”

Também há previsão de que um calendário agrícola e um biomapa sejam elaborados. “Com o biomapa, a comunidade poderá mapear seus bens no território. Já o calendário irá auxiliar na produção de alimentos”, antecipa Carneiro. O programa ainda prevê a realização de seis encontros nas comunidades e a confecção de cartilhas educativas.

Confira aqui informações sobre o projeto “Comunidade Quilombola de São Pedro de Cima”, contemplado em 2011 com recursos do Proext.