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Teatro promove conhecimento, novas amizades e aperfeiçoamento na vida de idosos

Participantes realizam atividade em homenagem ao escritor Carlos Drummond de Andrade (Foto: Divulgação)

Ao falar de vovôs e vovós, na maioria das vezes lembra­mos da imagem de velhinhos sentados em bancos de praça ou em suas cadeiras de balan­ço tricotando.  No entanto, esse estereótipo tem ficado para trás. De acordo com a Pes­quisa Nacional de Domicílios (PNAD), entre 2001 e 2009 houve crescimento de 11,3% no índice de envelhecimento entre idosos com idade igual ou superior a 60 anos. Cada vez mais, essa parcela da po­pulação investe seu tempo em outras atividades, como praticar esportes, aprender uma nova língua, buscar novos relacionamentos e mergulhar no mundo das artes. O projeto de extensão “Workshop de Interpretação para Terceira Idade” também é uma opção em Juiz de Fora para entretê-los.

A iniciativa surgiu a par­tir do extinto projeto de extensão da Faculdade de Comunicação “Universi­dade com a terceira ida­de” ministrado na UFJF e encabeçado pelo Gru­po Divulgação. A pedido de integrantes que que­riam dar continuidade ao curso, foi criado há 18 anos o workshop, no qual os alunos aprendem sobre a arte teatral.

Após anos de dedicação ao projeto, José Luiz Ribeiro passou a coordenação para a professora Márcia Falabella (Foto: Angélica Simeão/Proex)

O professor José Luiz Ribeiro, um dos cola­boradores do curso, afirma que o projeto é um meio de aprimorar o trabalho coletivo. “Desenvolvemos de forma tribal com elementos de humanização em uma sociedade fragmentada.” O curso tem duração de dez meses e é realizado de março a dezembro com encon­tros semanais. O workshop contempla diferentes ati­vidades como o exercício de voz e postura, além de estudos textuais.

Todos os anos, os alunos colocam em prática o que aprenderam nas aulas. Sempre em julho, na co­memoração de aniversário do Grupo Divulgação, os idosos fazem uma apresentação baseada em poemas de um determinado escritor, como Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa e Cecília Meirelles. Para o encerramento do curso, o grupo encena uma peça com temporada de cinco dias.

Ribeiro esteve à frente do projeto até a metade des­te ano, quando deixou a co­ordenação após se aposentar como professor da Universi­dade. Segundo ele, a iniciativa proporcionou importantes resultados como a criação de trabalhos similares em outros municípios e a publicação do livro “Cartografias do ensino do teatro”, lançado em 2009. “A experiência foi im­portante, pois o pioneirismo foi a matriz de projetos lançados em outras cidades”, completa o professor.

Expressão, união e aprendizado

Com o teatro, Adélia perdeu a timidez (Foto: Angélica Simeão/Proex)

O teatro tem o poder de explorar o lado cô­mico e dramático de tímidos e extrovertidos. Além de proporcionar um conhecimento sobre seus limites, a arte também enriquece o saber intelectual. A dona de casa Adélia Bassani está no grupo desde 2000 e co­menta que depois que en­trou para o projeto, passou a se expressar com mais frequência. “Por meio da iniciativa, cresci como pes­soa, aprendi a ter coragem e a falar mais.” Para Adélia, o teatro é um momento de descontração, que requer responsabilidade.

Neste ano, a professora da Faculdade de Co­municação, Márcia Falabella, assumiu a coordenação do workshop. No entanto, já era colaboradora do pro­jeto desde seu início e atriz do Grupo Divulgação. Para a docente, a arte promove outra dimensão na vida dos alunos. “O teatro muda a realidade deles, fazendo com que os problemas sejam deixados de lado.”

Atualmente, 26 participantes integram o pro­jeto. A idade varia entre 50 e 90 anos. A professora ressalta o companheirismo entre eles. “Percebo uma grande união entre os alunos. Com isso, novas amiza­des nascem aqui.”