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UFJF desenvolve produto para detecção de fraudes em leite e derivados

Para a professora Maria José Bell, a iniciativa permite a criação de um vínculo entre a universidade e os estudantes (Foto: Raíza Halfeld/Proex)

O estado de Minas Gerais é o maior produtor de leite do país. De acordo com dados da Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa), a região mineira produz média de 7,6 bilhões de litros de leite por ano. Além disso, a produção representa uma parcela significativa da atividade econômica no estado. Nesse contexto, a preocupação com a qualidade do produto comercializado torna-se um fator essencial para as empresas da área. Pensando nisso, o Departamento de Física da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realiza, desde 2005, o projeto “Desenvolvimento de técnicas e processos físicos para detecção de adulteração de leites e derivados”.

A iniciativa estuda o uso de medidas físicas e químicas para distinguir, de forma eficiente e precisa, o percentual de água e soro contidos em amostras de leites de laticínios da região, bem como a adição de cloreto de sódio e soda cáustica. Durante os estudos, são testados condutividade elétrica, absorção infravermelha, índice de refração, luminescência, entre outros itens. Após essa etapa, tem início o processo de composição de protótipos, que resultará em equipamentos portáteis e simples. De acordo com a coordenadora do projeto, professora Maria José Bell, existem poucos aparelhos para esse tipo de ação no Brasil, sendo que a maioria apresenta deficiências. “A intenção é atualizar equipamentos já existentes no mercado, com tecnologias mais sofisticadas e também criar nossos próprios dispositivos.”

Projeto piloto
A iniciativa surgiu a partir de um trabalho de Iniciação Científica do estudante Wesley Nascimento. “Comecei a pesquisa no quarto período da graduação. A ideia de investigar problemas reais e de criar alternativas sempre me fascinou e esse foi um dos fatores que contribuiu para minha entrada no projeto de extensão.” O estudante, que deu continuidade à pesquisa na Pós-Graduação, ressalta que o trabalho trouxe novos conhecimentos. “Hoje, já são sete anos dedicados ao estudo. O projeto me trouxe uma qualificação incrível e estou me especializando cada vez mais na área.”

Como fruto do trabalho, está prestes a ser lançado no mercado o produto Milk Tech. O equipamento identificará fraudes no leite, principalmente pelo acréscimo de água. “Trata-se de um instrumento portátil e de fácil utilização, podendo ser levado diretamente ao campo. A indústria tinha uma carência muito grande de um equipamento como este, que é bem mais barato que os demais”, afirma o estudante.

De menor custo, aparelho permitirá a análise da qualidade do leite (Foto: Raíza Halfeld/Proex)

Atualmente, o projeto possui oito bolsistas. Entre eles, está a aluna do mestrado em Ciência e Tecnologia do Leite e Derivados, Aquileine Mainomy. “Fiz minha graduação no Piauí e me interessei pelo trabalho desenvolvido aqui. Minha pesquisa é feita a partir de amostras de leite em pó de diversas partes do Brasil. A intenção é prolongar esses estudos e aprofundar cada vez mais no assunto.” Para a coordenadora, o projeto é uma opção a mais dentro da Universidade. “O aluno sente falta de fazer algo aplicado, no qual ele possa se envolver e ver os resultados. A maioria acaba levando o trabalho para a pós-graduação. Cria-se um vínculo muito grande.”

A iniciativa conta com incentivo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), da Embrapa e do Instituto de Laticínios Cândido Tostes. O projeto multidisciplinar também conta com o apoio de setores da UFJF, como o Departamento de Química, o curso de Engenharia Elétrica e a Faculdade de Farmácia.