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Projeto propõe a prática de atividade física para mulheres com câncer de mama

O câncer de mama é considerado o segundo tipo mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres com mais de 35 anos. No Brasil, as taxas de mortalidade por essa doença são altas, na maioria das vezes porque o diagnóstico não é precoce. Dados do Ministério da Saúde apontam que o número de mulheres que morreram vítimas de câncer de mama aumentou 45% em dez anos. Para tentar amenizar os efeitos da doença, a Faculdade de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Juiz de Fora (Faefid/UFJF), em parceria com a Associação Feminina de Prevenção e Combate ao Câncer (Ascomcer), desenvolve o projeto “Ginástica para mulheres com câncer”.

Para Eliana, a prática de atividades físicas ajuda na recuperação e aumenta a autoestima das mulheres

A ação, coordenada pela professora Eliana Lúcia Ferreira, surgiu a partir da discussão sobre o motivo pelo qual algumas mulheres se entregam à doença e outras a superam. De acordo com Eliana, todas as participantes têm ou já tiveram câncer de mama. “Na Faefid, atendemos aquelas mulheres que já superaram a doença ou que estão em processo de observação. Já na Ascomcer, trabalhamos com mulheres em tratamento.”

Uma das integrantes é a aposentada Luzia Souza, de 57 anos. Ela, que descobriu o tumor em 2008, conta que, após o diagnóstico da doença, parou de realizar atividades físicas e só voltou a praticá-las no projeto. “Com as duas aulas por semana, estou me sentindo melhor e com mais disposição. O projeto da Universidade nos oferece qualidade de vida e saúde.” Já Ana Maria Nogueira, 50 anos, descobriu o tumor em 2009. “Passei por cirurgia, fiz quimioterapia e radioterapia. Eu me sentia muito mal, mas depois que conheci o grupo e comecei a participar das atividades, minha vida mudou para melhor.”

A iniciativa conta com o apoio de duas bolsistas. Para a professora Eliana, ao integrar a equipe do projeto, os acadêmicos passam a entender que a educação física não trabalha somente com o corpo saudável. “Primeiramente, os estudantes adquirem um diferencial para o mercado de trabalho. Além disso, ao trabalhar no projeto, eles percebem as necessidades específicas dessa parcela da população.”

 

Oportunidade

Bolsistas destacam a oportunidade de aprendizado na iniciativa

A estudante do quinto período de educação física, Carolina Fonseca, entrou na equipe há cinco meses. “Queria trabalhar em uma área diferente, que fugisse das academias e escolas. Quando soube do projeto, vi que poderia fazer um trabalho que, além de cuidar do corpo, também dá importância à reabilitação.” Além do trabalho, as bolsistas também se envolvem com as participantes. “As mulheres não vem aqui só por causa da saúde e da reabilitação. Elas procuram criar laços e fazer novas amizades”, conta Carolina.

Já Rita Silva, aluna do quinto período, resolveu participar do projeto, após cursar uma disciplina da Faculdade de Educação Física. “Nas aulas, percebi a importância da atividade física para os pacientes e como os exercícios ajudam na recuperação. Também adquiri experiência, conhecimento e vivência.”

 

Interface com a pesquisa

A fisioterapeuta Lívia Saço também integra a equipe do projeto. Ao desenvolver a dissertação de mestrado “Invisibilidade do corpo atravessado pelo câncer de mama: do diagnóstico a terapêutica”, ela percebeu a relação entre corpo saudável e doente e o quanto o corpo é simbólico. A pesquisa partiu do momento em que a reabilitação das mulheres com câncer era restrita. “Nós queríamos ampliar espaço para esse grupo. Com o pequeno número de profissionais capacitados na área, resolvemos desenvolver esse trabalho.”

A fisioterapeuta ainda destaca que as mulheres com câncer de mama apresentam melhora após realizarem atividades físicas. “Enfatizamos o membro superior e analisamos a força muscular e a amplitude de movimento. Cientificamente, comprovamos que, a partir do momento em que saem do sedentarismo, elas apresentam avanço significativo.”

 

Serviço:

A iniciativa é realizada na Faefid sempre às terças e quintas, das 16h às 17h. Já na Ascomer, o trabalho é desenvolvido às quintas-feiras, às 15h.

Outras informações: (32) 2102-3283 (Caefi)