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Tradições e costumes juizforanos ganham destaque na TV com o “Mosaico”

Gravação do programa Mosaico no bairro Grajaú

Ao andarmos diariamente pelas ruas de Juiz de Fora não percebemos as peculiaridades e as riquezas que existem no município. Muitas vezes, com tantas informações vindas de todas as partes do mundo, não paramos para pensar nas notícias da nossa região e não imaginamos o quanto cada pedacinho da cidade pode nos contar sobre nós mesmos e a nossa história. Pensando nisso, há quatro anos, o programa “Mosaico”, produzido por alunos da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (Facom/UFJF) tem dado voz à população e visibilidade aos bairros do município.

O coordenador do projeto de extensão, professor Márcio Guerra, conta que o “Mosaico” teve origem em uma disciplina de rádio. “Eu pedia para os alunos produzirem matérias traçando o perfil dos bairros para serem transmitidas pela Rádio Universitária. Quando assumi a direção da Produtora de Multimeios, em 2006, resgatei essa ideia e adaptei o programa para a TV.”

Contando histórias

Segundo Márcio Guerra, o 'Mosaico', mostra aquilo que o jornalismo tradicinal não dá espaço no dia a dia

O objetivo do projeto é construir a identidade dos bairros e preservar a história de Juiz de Fora realçando o que a localidade tem de mais interessante, curioso e peculiar. “Quando nós vamos ao local, explicamos para o entrevistado que não estamos indo lá para falar dos problemas. Isso o jornalismo tradicional já dá conta. O que nós queremos, dentro dessa ideia de relação com a comunidade, é buscar aspectos culturais e fatos curiosos”, afirma Guerra.

Para o mecânico e participante do “Mosaico Grajaú”, Geraldo José Guedes, a iniciativa é interessante, uma vez que faz um levantamento histórico. “O programa serve como arquivo e possibilita às pessoas, que acabaram de chegar ao bairro, conhecerem um pouco do lugar onde vivem.”
Já para o participante do “Mosaico Bairu”, Carlos Augusto Santos, o programa é uma forma de os jovens descobrirem como o bairro se desenvolveu. O alfaiate, que mora há 54 anos no Bairu, conta que foi um dos primeiros moradores e se satisfaz ao ter a oportunidade de contar as histórias da região que, segundo ele, misturam-se à trajetória de sua vida. “Acho importante preservar a memória do lugar em que vivemos. Depois de quase 70 anos de profissão é muito bom ver o meu trabalho valorizado na mídia e ser lembrado pelos moradores.”

Experiência

Michelle Valle: “O Mosaico desperta o interesse em conhecer a cidade”

A elaboração do programa é feito em três etapas: produção, gravação e edição. Na primeira, a equipe vai às ruas fazer o levantamento da história do local escolhido. Na etapa seguinte, produtores, apresentadores e cinegrafistas vão aos bairros gravar entrevistas e coletar fotos e documentos antigos. Por fim, o material é editado para ir ao ar. Segundo Guerra, o “Mosaico” é fundamental na formação dos alunos, que aprendem a ter responsabilidade desde cedo. “Nós temos uma resposta da TV Educativa de que o nosso programa é o segundo mais visto no canal. Isso é uma grande responsabilidade. Vários alunos que passaram pela produtora, hoje ocupam espaço na mídia audiovisual.”

Para a bolsista Michelle Valle, o programa, além de estar sendo uma base para o seu futuro profissional, é importante para a comunidade. “Todo bairro tem seu lado bom. Existem pessoas que acham que certas localidades não têm nada de interessante. Com o “Mosaico”, percebo que cada região possui a sua cultura e a sua identidade.”

Sucesso
O trabalho desenvolvido tem conquistado reconhecimento. A edição do “Mosaico” dedicada à Avenida Rio Branco ganhou o prêmio de melhor produção jornalística em televisão no XVI Congresso de Ciências da Comunicação da Região Sudeste (Intercom), conquista importante para a disputa do prêmio nacional, que será realizado em Recife em setembro. A estudante e produtora do “Mosaico Avenida Rio Branco”, Andréia Oliveira, atribui o sucesso da iniciativa à seriedade com que os alunos trabalham e ressalta a importância para a sua carreira. “É uma grande oportunidade de aprendizado e experiência. Em dois anos de projeto, aprendi coisas que ainda não vi em sala de aula.”

Exibição do programa na TVE (Canal 12):
Segundas às 21h30
Reprise aos sábados às 18h30