O projeto “Trabalharte – Associação Pró Saúde Mental como veículo de inclusão sócio-cultural” foi uma das propostas aprovadas, em 2010, pelo edital do Ministério da Saúde, que contempla atividades voltadas para a Saúde Mental. A iniciativa, apoiada pela Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Federal de Juiz de Fora (Intecoop/UFJF), receberá incentivo de R$ 10 mil para a criação de um laboratório de customização com foco na sustentabilidade.
A Trabalharte é um grupo formado por pessoas em tratamento na rede pública de saúde mental, seus familiares e voluntários. Em parceria com o Centro de Convivência Recriarte, instituição ligada à Secretaria de Saúde de Juiz de Fora, a associação desenvolve atividades artísticas e artesanais, de forma a promover a inclusão sócio-cultural de seus usuários e a geração de renda, conforme os princípios da Economia Solidária.
Através de oficinas diversificadas, são produzidas bolsas, camisas, acessórios, bijuterias, quadros, entre outros. Os produtos, feitos pelos próprios membros, são destinados à comercialização em feiras de arte e artesanato. Além disso, a Trabalharte promove atividades recreativas voltadas para seus beneficiários.
De acordo com a coordenadora do projeto, Ilka Soares, “as ações desenvolvidas pela associação estão em consonância com a Reforma Psiquiátrica Brasileira, a qual estimula o trabalho e o tratamento de pessoas com transtornos mentais, mas sem que eles sejam excluídos da comunidade em que vivem.”
Segundo Ilka, com a criação do laboratório de customização de roupas e acessórios, por meio de técnicas de estamparia artesanal e bordado, será possível aprimorar a produção que já é realizada pela associação, além de possibilitar a qualificação e a capacitação dos usuários. “O recebimento de mais recursos físicos, materiais e humanos gera qualificação do trabalho, proporcionando a melhoria do produto. Com isso, será possível ampliar nossas encomendas, além de beneficiar as pessoas atendidas.”
Para a voluntária designer Wanessa Bittar, o projeto irá ajudar a consolidar as ações realizadas, além de possibilitar o surgimento de novas ideias e expandir o trabalho. “O projeto vem reestruturar aqueles pontos que precisam ser mais bem trabalhados na associação. Vai dar oportunidade de outras pessoas integrarem a família da Trabalharte e, consequentemente, surgirem novas iniciativas e parcerias.”
O recurso financeiro de R$ 10 mil a ser repassado em fevereiro, será investido na compra de equipamentos, materiais de consumo e contratação de profissionais que irão ministrar os cursos. Mas enquanto a verba não é liberada, a Trabalharte se prepara para a implementação do laboratório. Segundo Wanessa, a associação está em fase de planejamento interno para receber os novos membros. “Nós estamos organizando o ambiente para que as pessoas que nunca trabalharam na associação, possam entender o nosso trabalho.”
O laboratório de customização de vestuários e acessórios irá funcionar na sede do Centro de Convivência Recriarte, localizada na rua Tiradentes, 75, bairro Santa Helena. A expectativa é que cerca de 50 pessoas sejam beneficiadas, entre usuários e seus familiares.
Reconhecimento
Foi com satisfação que as pessoas ligadas à associação receberam a notícia da aprovação do projeto. Para Ilka, esse reconhecimento por parte do Ministério da Saúde é importante e vem somar aos já recebidos. “A Trabalharte já teve apoio local e recebemos menção honrosa pelo trabalho desenvolvido no ano passado.”
Para Wanessa, essa aprovação é resultado de anos de dedicação ao grupo. “Desde 2007 estou aqui atuando na área de design, e nunca passamos por um processo como esse. Poder traçar uma proposta com base no reconhecimento e essa ser aprovada é muito gratificante.”
O apoio da Intecoop
Há dez anos, a Trabalharte conta com o apoio da Intecoop. Desde então, a incubadora presta assessoria técnica e jurídica, além de viabilizar o contato de estudantes de diversos cursos e professores da UFJF com a associação. Para o coordenador da Intecoop, Petrônio Barros, essa parceria gera benefícios para ambas as partes. “Um dos objetivos do edital é que os projetos de saúde mental estivessem vinculados a alguma incubadora. E, nesse sentido, a Intecoop colaborou com a aprovação do projeto. Ao mesmo tempo, a Trabalharte se torna um campo para aprendizagem dos alunos da UFJF.”
Além desse, outros dois projetos na área de saúde mental apoiados pela Intecoop tiveram propostas aprovadas pelo Ministério da Saúde. São os casos do “Horta Terapêutica”, de Cajuri, contemplada com R$ 10 mil; e “GirArte”, de Candeias, que receberá investimento de R$ 5 mil.