Mais de mil pessoas já foram beneficiadas com o projeto “Escola de Informática e Cidadania” (EIC) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A iniciativa, coordenada pelo professor do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Ciências Exatas (ICE), Tarcísio Lima, tem como objetivo promover a inclusão social através do meio digital.
Em parceria com o Comitê para Democratização da Informática e Cidadania (CDInfo), o projeto visa oferecer à população um curso básico de informática. Além disso, a iniciativa promove palestras educativas e visitas a alguns pontos da cidade. “As escolas de informática trazem cursos básicos, mas não somente isso. A intenção é promover a cidadania”, declara Lima.
Atualmente, a EIC funciona em três locais: no bairro São Mateus, São Pedro e Monte Castelo. Cada unidade possui parcerias locais e conta com gerência própria. O trabalho conta com a colaboração de dez bolsistas, que se dividem entre as 20 turmas em andamento.
Escolas de Informática
O curso básico de informática é voltado para pessoas de diversas faixas etárias e tem duração de um semestre letivo. Com três horas semanais, as aulas são ministradas por estudantes da UFJF, e o material é disponibilizado gratuitamente. Ao final, os alunos com rendimento superior a 60% recebem certificado de aprendizagem.
De acordo com Lima, o conteúdo oferecido é similar ao dos cursos particulares. “Existem bons cursos na cidade, mas o da EIC não está nem um pouco aquém. Sem dúvida, o grande diferencial é a qualidade certificada da UFJF.” Por semestre, cerca de 130 alunos se formam.
As inscrições acontecem duas vezes por ano, no início de cada semestre letivo. Os interessados devem procurar a secretaria de cada EIC. Segundo o professor, as pessoas procuram o curso por motivos variados, que vão desde a busca por qualificação até a simples curiosidade. Lima afirma que é comum o relato de alunos que conseguiram emprego graças ao aprendizado adquirido com as aulas de informática. “Muitas vezes, nós perdemos alunos por conta deles conseguirem um emprego.”
A professora Erenice Evangelista de Almeida, 54 anos, matriculou-se visando melhorar a qualidade dos trabalhos escolares. “Estou usando o que aprendi para eu mesma preparar minhas provas, mais bem organizadas e desenhadas no computador”. Segundo ela, antes o trabalho era feito por meio dos filhos, que nem sempre estavam dispostos a ajudar. “Já fazia as provas no computador. Eu pedia para meus filhos me ensinarem, mas chegava ao ponto de eu fazer porque eles demoravam. Hoje sou uma pessoa independente nesse sentido.”
Já o militar Daniel Souza Rabelo, 38 anos, inscreveu-se ciente da importância de saber usar a ferramenta nos dias de hoje. “No meu trabalho é necessário ter conhecimento de informática”. Com o curso, Rabelo perdeu o medo inicial e descobriu as utilidades da tecnologia. “Comecei a ver que não é um bicho de sete cabeças, que é só você ter prática. Eu fiz um planejamento de minhas finanças em casa no Excel e verifiquei que o programa realmente funciona.” O militar acredita que assim como o ajudou, a iniciativa poderá colaborar com outras pessoas. “O curso é muito importante para quem não tem profissão e que precisa trabalhar desde cedo.”
Para o estudante do nono período de administração da UFJF, Ricardo Cunha, monitor de uma das turmas, a satisfação dos alunos ao aprender informática é gratificante. “Por ser um projeto social, nos sentimos mais satisfeitos pelo seu valor. Você acaba ajudando da forma que pode. A maneira que eu encontrei para ajudar é essa”.
Quem compartilha da mesma opinião é o universitário Rodrigo Dias, que atua na EIC do bairro São Mateus. Para Dias, além de ser gratificante, o interesse dos alunos é motivacional. “Esse grande interesse é que me faz realmente ficar animado para continuar. A alegria de muitos deles estarem aprendendo depois dos 50 anos e sempre estarem falando ‘Rodrigo, você está me ajudando’. Isso me deixa realmente contente.”
Planos futuros
De acordo com o coordenador do projeto, por causa da demanda, a intenção é estender a ação para toda a cidade. Mas, primeiro será necessário reformular o modelo que é utilizado atualmente, através de um ambiente online, o Moodle. Com o sistema, todo o material didático será disponibilizado para o aluno na própria rede, permitindo ao estudante acessar o conteúdo e avançar no curso de acordo com o seu ritmo. “Dessa forma, iremos conseguir que a escola tenha ocupação máxima o tempo todo. Mesmo com os monitores que temos hoje, poderemos aumentar a escala dessas unidades.”
Escolas de Informática:
EIC São Mateus – (32) 3232-2216
EIC Cidade Alta – (32) 3231-2693
EIC Monte Castelo – (32) 3225-3148