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Conhecendo as condradições sociais nas leituras de Dostoiévski
Convidado pelo PPGCSO da UFJF, o pesquisador de Literatura Flávio Ricardo Vassoler apresenta as obras
de Dostoiévski como uma possível síntese das tradições socialista e cristã, por meio da transformação
das pessoas.
Por Gerliani Mendes
Flávio Ricardo Vassoler, escritor e professor universitário, nos brindou, no dia 21 de
maio, com suas leituras de obras Pós-Siberianas de Fiodor Dostoiévski. O pesquisador questionou
os leitores de diversos lugares políticos, às vezes opostos, que advogam para si a apreciação de
Dostoiévski. E advoga, com uma leitura assídua e pertinente, um Dostoiévski pelo prisma
socialista, ou, bem além disso, entre socialismo e cristianismo.
Flávio entende que o autor Russo previa que um movimento socialista sem uma base cristã
teria um resultado profundamente autoritário, pois as pessoas tinham se socializado na barbárie.
“Ele não assistiu à União Soviética, Havana e Coréia do Norte. Era capaz de prever os
desdobramentos sociais através de sua literatura. Nela se pergunta: Quais são as bases de
fundamentação da solidariedade?” – observa Flávio Ricardo Vassoler.
A plateia ficou concentrada na reflexão do convidado, que não se resumiu numa discussão
de literatura Russa. As questões levantadas, ao se considerar as obras escritas após a prisão de
Dostoiévski, são de atualidade pertinente, uma vez que a possibilidade de revolução deveria
considerar a necessidade de transformação moral das pessoas. É isso que encontramos nos
personagens e nas tramas dostoievskianas, como Irmãos Karamazóv e O Jogador.
Nisso se inclui a dissociação de comunismo e cristianismo, como um parricídio
onde tudo se torna permitido. O cunho cristão seria uma espécie de regulação moral, de reforma
ética das pessoas dentro da solidariedade. Para Flávio, trata-se de uma dialética que se impõe à
dialética marxista, questionando-a, inclusive.
Flávio Ricardo deixou ferramentas interessantes para releitura do autor, partindo da
visão de que a literatura Russa do século XIX, com seus temas sociopolíticos, não ficavam apenas
no papel. Os debates produzidos nas entrelinhas, num regime czarista de forte censura,
desembocava em ações revolucionárias como incêndios, tentativas de assassinatos do Czar e
sabotagens. Isso revela uma inserção peculiar da literatura na sociedade, indo da crítica à ação.
PARA CONHECER MAIS SOBRE FLÁVIO RICARDO VASSOLER:
http://subsolodasmemorias.blogspot.com.br/
O Evangelho segundo Talião - Editora Nversos