COMUNICAÇÃO E IDENTIDADES (2007-2015)
O debate referente ao papel dos meios de comunicação na configuração ou na transformação de fenômenos e de estruturas sociais intensifica-se à medida que aumenta a presença destes veículos na realidade objetiva e na reconstrução simbólica dessa realidade por parte de indivíduos e sociedades. Nesse contexto, a dicotomia identidade versus alteridade -questão central numa contemporaneidade marcada pelas tensões global local, em que a mídia é variável fundamental – perpassa diversos campos do conhecimento, mas é a comunicação um dos campos do saber que mais intensamente se ocupa da discussão. Dada a centralidade dos processos de mediação na vida concreta e na representação simbólica da existência contemporânea, a comunicação constitui-se como uma arena privilegiada para a compreensão de como os meios atuam diretamente na transformação da realidade e na construção, desconstrução ou reconstrução de sentidos. Numa era marcada por radicais mudanças objetivas na realidade social e pela reconfiguração das identidades (culturais, midiáticas, políticas, profissionais, corporativas, de gênero, locais ou relacionadas a outras tantas categorias analíticas) que tradicionalmente ancoravam a percepção dos indivíduos frente a si mesmos e ao mundo social, a comunicação emerge como locus fundamental. A proposta dos estudos realizados nesta linha de pesquisa é refletir, a partir de diferentes perspectivas, entre ela a histórica, sobre a interação dos meios com a sociedade e sobre o papel por eles desempenhado no processo de surgimento de novos grupos identitários. Mesmo considerando os fenômenos sociais a partir de sua materialidade e dos efeitos reais e concretos por eles engendrados, a ênfase da presente linha situa-se na necessidade de compreender a produção – cada vez mais mediada – da auto-percepção e do senso de pertencimento coletivo. Ponderar o papel dos meios nesse processo é fundamental para decodificar a própria contemporaneidade.
ESTÉTICA, REDES E TECNOCULTURA (2007-2015)
A linha Estética, Redes e Tecnocultura tem suas análises e produções teóricas orientadas, em primeiro lugar, pela compreensão de que a comunicação ocorre, hoje, num ambiente sócio-técnico pós-industrial que lida tanto com objetos humanos como não-humanos. Admite-se, ainda, que tal ambiente encontra-se marcado pela aceleração tecnológica intermediada por redes físicas e imateriais, que fornecem interligação digital permanente para expressões de caráter multicódigos. Outro campo importante de indagações decorre da interpretação de que tal intermediação tecnológica não conduz, necessariamente, a transformações nas relações comunicativas. Ao contrário, pode-se observar até um predomínio de atividades de mera conexão em detrimento do coletivo, levando a uma cultura autocentrada, passiva e caracterizada por particularidades, incluindo aí até mesmo as vanguardas. Isto se traduziria, assim, numa crescente imprecisão do objeto e do estatuto disciplinar das teorias de base no campo da Comunicação. Entre seus temas e objetos de pesquisa privilegiam-se os níveis de vinculação característicos da socialização virtual contemporânea, implicando escolhas políticas sobre a base predominantemente relacional da cultura em rede. Portanto, em diálogo com soluções dadas por outras culturas, supõe-se que as investigações sobre produções de linguagem de caráter regional, com seus gostos, afinidades e atividades singulares, poderão explicitar sua devida inserção global. Os projetos desenvolvidos nessa linha propõem-se a estudar ainda a possibilidade de as atuais plataformas digitais imersivas, em articulação com relacionamentos existenciais no espaço urbano, ampliarem a autoconsciência dos processos de linguagem, predispondo a mudanças de hábitos de sentimentos, ação e pensamento. A partir de tais interseções entre tecnologia, sociedade e comunicação, a estética é outro ponto de convergência da linha de pesquisa, seja na esfera do jornalismo, do cinema, do ativismo global, da cultura dos links ou do próprio processo de reconstrução do campo da Comunicação.
COMUNICAÇÃO E PODER (2013-2019)
Comunicação e Poder parte do pressuposto de que, nas sociedades midiatizadas, há, graças a ações e processos comunicacionais, uma dinâmica configuração e reconfiguração das relações de força entre grupos sociais e relações de poder entre indivíduos e instituições, com implicações na sociabilidade e na percepção de si dos sujeitos. A partir disso, dentro do âmbito da linha, constituem-se reflexões e investigações sobre comunicação e representação político-partidária; comunicação e políticas públicas (de saúde, de esporte, de comunicação e radiodifusão); comunicação e políticas institucionais, organizacionais e corporativas; discurso, poder e saber; mídias, sujeitos e espaço público; comunicação, biopolíticas e sociabilidades; e comunicação, poder e história.
CULTURA, NARRATIVAS E PRODUÇÃO DE SENTIDO (2013-2019)
O principal interesse da linha de pesquisa é estudar as relações entre comunicação, cultura e narrativas. A partir desta perspectiva, busca abranger: a questão das narrativas e dos discursos midiáticos, considerando o seu trabalho de produção de sentido; a complexidade dos sistemas de comunicação e das formas de mediação e interação na sociedade civil, com enfoque para as práticas culturais; a análise das mensagens midiáticas e dos processos a elas associados; e o estudo da alteridade, do poder e das identidades. Os pontos a serem destacados pelas pesquisas na linha giram em torno dos seguintes temas: memória, público (serviço público e políticas públicas), linguagens, interação, tensão local x global, espacialidade e temporalidade.
ESTÉTICA, REDES E LINGUAGENS (2013-2019)
Para a linha de pesquisa Estética, Redes e Linguagens, a comunicação ocorre, hoje, num ambiente sociotécnico em constante transformação e opera com objetos humanos e não-humanos. A estética é um de seus pontos de confluência em vista das novas formas de expressão que surgem neste ambiente mediado por tecnologias intermidiáticas em rede e por seu consequente processo de convergência de linguagens. Possíveis investigações envolvem estudos da comunicação sob a perspectiva das artes, do cinema e do audiovisual, da psicanálise e da semiótica, e incluem entre seus objetos: jogos eletrônicos, corpos biológicos e seus híbridos, metaversos, mídias locativas ou outras, redes sociais, plataformas colaborativas e as próprias teorias da comunicação
COMPETÊNCIA MIDIÁTICA, ESTÉTICA E TEMPORALIDADE (2019-2023)
Para esta linha de pesquisa, a comunicação ocorre, hoje, num ambiente em acelerada transformação, inserido no processo histórico dos meios e de suas formas de apreensão teórica e sensível. O estudo sobre as competências cognitivas, emocionais, estéticas e midiáticas busca: entender a atual ampliação da cultura digital inserida em sua base histórica; mapear as relações sociais, suas reconfigurações, suas diferentes formas de produção e interação midiática; e avaliar seus impactos na produção, circulação e consumo de conteúdos midiáticos, incluindo os jornalísticos e artísticos. O estudo sobre a temporalidade no contexto do uso intensivo das mídias trata dos vestígios de memória, dos arquivos documentais e das narrativas orais: as escritas de si; a mídia e os processos de rememoração; o excesso de memória e a amnésia; as recomposições e dissoluções de fronteiras, os deslocamentos e hibridizações a partir de narrativas em processo de mutação, as territorialidades flexíveis, móveis e superpostas nas produções midiáticas; e das memórias analógica, digital e em rede que se hibridizam.
MÍDIAS E PROCESSOS SOCIAIS (2019-2023)
A sociedade contemporânea é cada vez mais caracterizada por fenômenos de centralidade comunicacional e de midiatização. A compreensão de processos sociais – entendidos, conforme Norbert Elias, como transformações amplas, contínuas e de ampla duração no mundo simbólico das civilizações –, requer a percepção das relações do campo comunicacional com outros saberes. Perscrutar as interfaces entre a comunicação, nesta sociedade midiatizada, e processos culturais, políticos, econômicos e de construção de mecanismos de (auto)representação e de subjetivação (tendo como base pesquisas que dialoguem com esses outros campos, mas que reafirmem a natureza comunicacional dos questionamentos) configura agenda central para o apontamento das relações existentes entre a dimensão simbólica e a configuração da vida social.