Os projetos de pesquisa coordenados pelos docentes do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFJF tem financiamento de agências de fomento como CAPES, CNPq, Fapemig e da PROPP-UFJF. Conheça os projetos de pesquisa:
O amador no audiovisual contemporâneo estabelece um vínculo “híbrido” com as produções profissionais de entretenimento e informação. Tal ligame mescla autoria, curadoria e audiência nestes espaços de produção amadora. Já os profissionais procuram envernizar suas produções não-amadoras com uma aura doméstica e casual, ainda que com formatos intimistas golden prime. Assumimos nesta pesquisa uma noção de “cultura visual” como campo emergente, transdisciplinar e transmetodológico, sob um prisma que discute e trata som e imagem para além de seu valor estético, a fim de compreender o papel da imagem na vida da cultura. As convocações para que o público “se manifeste audiovisualmente”, sobretudo nos telejornais e na música (com destaque para as lives) faz com que uma história secundária- a do amador- seja englobada no relato precedente, tornando-se, dessa forma a “narrativa de uma narrativa”. Num país como o Brasil, em que o telejornalismo atua em sua função pedagógica, identitária e referencial para boa parte da população e que abriga 7 das 10 maiores lives do planeta, todas musicais , torna-se primordial analisar as relações entre o audiovisual (com destaque para a TV e a música) e o universo popular. Operamos com a ideia de que as lives, videoclipes, telejornais e outras produções audiovisuais contemporâneas podem retirar a produção amadora de seu romantizado núcleo familiar e despolitizado e a colocar num espaço-tempo de atuação pública. A TV aqui, vista tanto como aparelho multitelas como “planeta particular” pode atuar nos jogos de vinculação dos atos discursivos às relações de localização e afetação dos sujeitos no interior da linguagem e conferir um tom de domesticidade, mesmo nas produções profissionais. Uma nova cidade humana, que implode a oposição logos/pathos (razão e paixão). E mostra a urgência de outra posição interpretativa que atue para além da interação entre forças mecânicas e valorize os dispositivos de afeto como a simpatia, a antipatia, o amor. As variadas lutas pela hegemonia e contra-hegemonia encontram na mídia o espaço ideal para revelar a complexidade do tecido social atual, para além de sua capacidade de “representação do real”. Amadores e profissionais passam a buscar novos espaços em tela, em migrações audiovisuais. E sugerem um movimento que concentra suas forças não mais (ou apenas) para rivalizar, mas “viralizar”, numa espécie de “mutualismo midiático”, interação em que ambos se dependem e se beneficiam- e que mapeamos neste Projeto.
Este projeto de pesquisa objetiva investigar como o contemporâneo pode ser problematizado pelo estatuto comunicacional das organizações modernas, aqui tomadas pela égide de três estratos relacionais: Estado, Mercado e Ciência. O projeto fundamenta suas referências teóricas em dois principais movimentos conceituais: 1) a compreensão do estatuto comunicacional das organizações modernas a partir de discussões empreendidas por Taylor (2011) e Benjamin (1989), por meio das quais admite-se a centralidade relacional da ideologia do progresso na instituição de espaços de experiência na modernidade; 2) o reconhecimento das organizações modernas como epicentros de crises no (do) contemporâneo, dentre as quais se pronuncia o próprio colapso da ideologia do progresso, a partir de reflexões de Koselleck (2001, 2006) e Gumbrecht (2015). Dessa forma, o projeto busca desenvolver três apostas na/da comunicação organizacional que auxiliam na investigação do contemporâneo pelo estatuto comunicacional das organizações modernas, a saber: a) tensões entre diferenças e progresso; b) dificuldades à ampliação de horizontes comuns; e c) pulverização de latências. O projeto busca se inspirar num gesto metodológico indiciário- interpretativo (BRAGA, 2008) ao desenvolver os procedimentos propostos para coleta, seleção e análise do material a ser investigado, ora vertebrados em dois eixos principais: 1) estudo bibliográfico e produção epistêmica sobre a relação entre comunicação organizacional e historicidade das formas comunicacionais; 2) seleção e exame de vestígios comunicacionais que evidenciam discursos organizacionais (SILVA, 2018; SILVA ET. AL., 2019; BALDISSERA E MAFRA, 2020), midiatizados em formatos escritos e/ou audiovisuais por organizações e públicos. Dessa forma, o projeto pretende contribuir com uma leitura comunicacional do próprio tempo presente – em suas tensões, nuances e dilemas -, ao reconhecer as organizações modernas e seus processos de comunicação como âmbitos privilegiados à composição de tal gesto epistêmico- interpretativo, em meio a uma contemporaneidade que urge ser desentranhada, problematizada e discernida.
A pesquisa contempla um leque de estudos no campo da Comunicação Política. Discute-se de que forma o imbricamento dos dois campos gera ou intensifica os processos de espetacularização, personalismo e midiatização. Desdobras-se em dois eixos de investigação. O primeiro eixo refere-se ao estudo das estratégias políticas e midiáticas dos atores políticos em utilizar os meios de comunicação massivos e digitais como uma ampliação da esfera pública. Nesse sentido, estão incluídas pesquisas sobre campanha permanente, entendida como a confluência entre comunicação governamental e comunicação eleitoral, pesquisas sobre propaganda política tanto na mídia massiva (TV, mais especificamente, no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral ? HGPE) e nas mídias digitas (sites e fanpages). São estudos tanto sobre campanhas majoritárias no âmbito federal (Presidência da República), estadual (governo de Minas Gerais) e municipal (Prefeitura de Juiz de Fora e Belo Horizontei). O objetivo é investigar as estratégias políticas e midiáticas dos atores políticos ao ocuparem o espaço público ampliado, tendo em vista a centralidade da mídia na contemporaneidade. Como objetivos específicos: (a) analisar como se dá a adaptação do discurso político à lógica midiática; (b) compreender as mudanças no modelo de propaganda política, que se torna híbrido com os meios massivos e digitais; (c) construir e aplicar metodologias de análise dos discursos políticos tanto para a TV como para a internet; (d) analisar a crescente espetacularização e o personalismo presente nos discursos materializados no campo midiático. A metodologia utilizada é a Análise de Conteúdo (AC), a partir das formulações de Bardin (2013). O segundo eixo contempla investigação acerca do papel da imprensa como ator social e político, a partir da perspectiva construcionista. O objetivo é compreender de que forma os meios de comunicação atuam na construção dos cenários políticos e eleitorais, focando, principalmente, em estudos sobre enquadramento noticioso. Como objetivos específicos: (a) investigar a visibilidade e o tratamento dado aos líderes políticos pela imprensa; (b) identificar os principais temas que são inseridos na agenda midiática como temas da agenda pública, seja nacional, regional ou local; (c) verificar como é construída a narrativa jornalística a fim de estudar os enquadramentos noticiosos sobre os fatos e os personagens políticos. Utiliza-se também a Análise de Conteúdo em conjunto com Análise de Enquadramento. Participam do projeto, atualmente, (1) docente orientador; (1) doutoranda do PPGCOM/UFJF, (4) mestrandos do PPGCOM;UFJF e (4) bolsistas de Iniciação Científica;UFSJ. Pesquisa desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UFJF e no âmbito da graduação em Comunicação Social – Jornalismo da UFSJ.
O objetivo deste projeto é refletir acerca das relações entre mídia e a construção discursiva de si e de outrem, sobretudo a partir do crescente e constante aparecimento de narrativas de vida nos mais variados gêneros midiáticos. Especificamente, interessa-nos perceber, como as diferenças – entendidas aqui para além de marcadores sociais como classe, raça, gênero, idade, etc. – atravessam e compõem a significação das narrativas de vida, ao passarem por um processo de discursivização. Trata-se de um projeto “guarda-chuva”, que abarca as orientações desenvolvidas, assim como meus interesses individuais de pesquisa.
Partindo da definição da OMS para a saúde (“Estado de completo bem-estar físico, mental e social”), o projeto, a que preferimos denominar “programa de pesquisas e estudos”, objetiva um acompanhamento permanente dos discursos sobre o bem/mal-estar conforme se apresentam nas mídias ou em relações sociais midiatizadas. Aqui se encontram imbricadas tanto questões propriamente de comunicação e saúde, como também relativas às violências e às transformações das corporeidades e sensibilidades, testemunhadas nas sociedades contemporâneas. A justificativa para o acompanhamento deve-se, principalmente, ao fato de que hoje as mídias são um espaço privilegiado de observação da economia dos discursos sociais, e, especialmente, para nossos propósitos, acerca do bem e do mal-estar em nossas sociedades. As questões que nos movem partem da perspectiva da Análise do Discurso (Pêcheux-Orlandi) e sempre em relação ao lugar das mídias em nossas sociedades. O programa de pesquisa, executado entre 2012-2015, abrigou sete orientações concluídas de mestrado, duas em andamento, além de monografias e iniciação científica. No âmbito da pesquisa, foi aprovada pela instituição acolhedora EHESS e pela Capes um projeto de pós doc voltado para os discursos na mídia sobre o bem e o mal estar na juventude, realizado em 2015. Convênios também foram firmados com a Univás e a Fiocruz. Este último um desdobramento do estágio de pós-doutorado aprovado e executado na instituição acolhedora EHESS, com financiamento pela Capes.
Este projeto tem como propósito investigar as representações da mídia hegemônica brasileira sobre o período da ditadura militar, em quatro décadas de Nova República (1985-2018). O foco é compreender, pelos métodos da pesquisa documental e da análise de conteúdo à luz da matriz conceitual dos enquadramentos, se a imprensa cumpriu, e em que medida, a função jornalística de servir de arquivo e memória da sociedade, com informações plurais, contextualizadas e analíticas sobre causas, consequências, ações e atores responsáveis – validando-se como instrumento de reforço da democracia. Os objetos empíricos são os jornais tradicionais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo, preexistentes e sobreviventes da intervenção das Forças Armadas na vida brasileira (1964-1985), ainda hoje referências no mercado jornalístico em suas versões impressas e digitais.
Esta pesquisa tem como objetivo discutir como a montagem de imagens de arquivo contribui para um processo de compreensão histórica. Primeiramente, comparamos dois filmes sobre ditaduras latino-americanas: A batalha do Chile (Patrício Guzmán, 1975-1976-1979) e Cabra marcado para morrer (Eduardo Coutinho, 1984). Depois encontramos outros filmes: no caso do Chile, a produção se refere ao período do exílio, enquanto no Brasil houve uma interrupção mais longa, levando a anos de apagamento histórico, retomado a partir de imagens encontradas durante a Comissão da Verdade. No caso específico do Chile, há toda uma produção referente ao período de exílio, que se realizou através das imagens de arquivo em função da impossibilidade do corpo presente do cineasta diante dos acontecimentos históricos. Foi o caso de Pedro Chaskel, que ficou exilado em Cuba entre 1974 e 1983, período em que atuou no Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica e Marilú Mallet, uma das primeiras diretoras chilenas, que passou a viver no Canadá após o Golpe Militar de 1973. No cenário brasileiro, propomos, para além do caso muito particular da retomada das imagens após a interrupção de 17 anos de Cabra marcado para morrer (Eduardo Coutinho, 1984), pensar em uma interrupção ainda mais longa que nos levou a anos de apagamento histórico, que busca reparação em uma produção recente, realizada a partir de imagens encontradas no contexto da Comissão da Verdade. Dentre eles há, por exemplo, Retratos de identificação (Anita Leandro, 2016), realizado a partir de arquivos policiais; GRIN (Roney Freitas e Isael Maxakali, 2016), realizado a partir de raras imagens da formação da Guarda Rural Indígena durante a Ditadura Militar; e Pastor Cláudio (Beth Formaggini, 2017), realizado a partir do depoimento de Cláudio Guerra, ex-delegado da Polícia Civil do Espírito Santo, responsável por inúmeros assassinatos durante o regime militar.
O projeto aborda o tema dos processos de hibridização das linguagens na contemporaneidade, assumindo-os como fenômenos emergentes nas Comunicações, nas Artes e no Design, sobretudo no âmbito da Cultura digital. Portanto, na pesquisa aqui proposta, adota-se o hibridismo, sob o ponto de vista comunicacional e semiótico, como categoria analítica para a compreensão do mundo contemporâneo — o qual diversos pesquisadores, tais como Agamben (2009), têm buscado decifrar — como um conceito-chave para a reflexão sobre a produção, circulação e consumo de objetos e linguagens gerados por meios tecnológicos digitais. Desde as últimas décadas do século XX, pode-se observar a utilização da palavra “híbrido” e suas variações em contextos muito diversificados, podendo designar, além da sua inserção na biologia, os processos de miscigenação étnica de globalização e de superação de fronteiras (CANCLINI, 2003), passando por fusões entre as artes, a literatura e os meios de comunicação (BAKHTIN, 1988; MCLUHAN, 1971; MARTÍN BARBERO, 2001; PLAZA, 2003; LÉVY, 2005), chegando às misturas de linguagens, promovidas pelas novas tecnologias de informação e comunicação, pelas tecnologias digitais, mais especificamente, pelo uso do computador e da internet (MACHADO, 2008; SANTAELLA, 2005; SANTAELLA, 2010), processos sociais entre os quais aqueles de linguagem na mídia, e atravessados por ela. Nesse sentido, quais substratos lógicos de produção, circulação e consumo de objetos e linguagens no âmbito da cultura digital? Ou, ainda, pergunta-se: quais são os pressupostos teóricos, comunicacionais e semióticos, dos processos de hibridização das linguagens nas Comunicações, nas Artes e no Design na contemporaneidade? Propõe-se no projeto de perscrutar os substratos lógicos de produção, circulação e consumo de objetos e linguagens no âmbito da cultura digital, a fim de instrumentalizar leituras e análises dos produtos desses campos e de ações criativo-projetuais na contemporaneidade. A abordagem conceitual-metodológica da pesquisa se pautará nos princípios da transversalidade, nos conceitos, teorias, preceitos, objetivos e metodologias de diferentes campos do conhecimento, enfim, na cooperação hibridizada dos saberes da Comunicação, da Semiótica, das Ciências da Linguagem, das Artes e do Design, para a compreensão de processos de produção, circulação e consumo de objetos e linguagens no âmbito da cultura digital.
As pesquisas sobre as “relações entre as artes” fazem parte de tradições filosóficas e acadêmicas que se distribuem em diferentes áreas. Estão entre os mais mencionados, os Estudos Interartes e os Estudos de Intermidialidade. A Tradução Intersemiótica pode tanto ser considerada um ramo dos Estudos de Tradução, ou um fenômeno particular estudado por este ramo, quanto dos Estudos Interartes. Os Estudos Interartes e de Intermidialidade formam tradições bastante abrangentes. As formas multimidiáticas, mixmídias, intermídias e intersemióticas fazem parte da “galeria de fenômenos” que se tornou de maior interesse nestes campos. Além destas, também são de interesse as formas de transposição e adaptação, que criam relações transmediais e/ou discursos multimediais, e sincréticos. Neste ponto, é notável a intersecção com o fenômeno da Tradução Intersemiótica (TI), que nos remete a Roman Jakobson (1969). Estão entre os principais objetivos deste projeto: (i) desenvolvimento de modelos (descrição e análise) de fenômenos de TI; (ii) traduções para “midias locativas” e “HQ” de obras literarias ainda inéditas em portugues (e.g. Portraits e Tender Buttons, de Gertrude Stein); (iii) coordenação de um espaço (virtual e presencial) de criação e discussão de fenômenos interartes e TI. Este espaço (Iconicity Research Group) é enfaticamente colaborativo, de pesquisas teóricas e realizações artísticas de “adaptações e traduções criativas”, com foco inicial em cinema, multimeios, música, literatura, dança e arquitetura. Está no escopo de atuação deste espaço a promoção de oficinas com artistas e teóricos, a realização de eventos, intercâmbio entre grupos de pesquisa, e a implantação de uma rede virtual de colaboração distribuída (através da internet), além de publicações técnicas e revistas especializadas. Espaço colaborativo: https://iconicity-group.org/ Palavras-chave: Estudos Interartes, Estudos de Intermidialidade, Traduçao intersemiótica.
O objetivo é identificar e entender a luz do sinequismo como se dão as dinâmicas já sistematizadas nas pesquisas anteriores que diziam respeito a “TV expandida no ecossistema digital: a reconfiguração estética das mídias nos fluxos de linguagem – TV e web” que apontaram para mudanças e adaptações nos modos e fluxos comunicacionais já estabelecidos até então, em especial, com a passagem da tv network para a pós-network . Com a promoção de algumas transformações, a tv vem se destacando ao tentar encontrar saídas para ser inserida no novo contexto que é aberto criando um ecossistema midiático expandido, hibridizado, conectivo. Por ser um ambiente menos tradicionalista, se assim podemos denominá-la, a televisão tem maior facilidade de incorporar inovações por já ser um meio capaz de absorver dentro de si outras linguagens, pois já nasceu hibrida. Discutiremos como o “sinequismo”, conceito cunhado por Charles Sanders Peirce sinequismo ( continuidade, é a forma inglesa do grego sunexismoj, de sunexexej) e a compreensão do mesmo por seus comentadores pode nos ajudar a compreender a intrincada dinâmica dos fluxos comunicacionais que ocorre em ambientes conectivos em especial nas redes sociais digitais com os meios que têm lugar no broadcast, ou seja, a televisão. Se em tempos da comunicação de massa convivíamos com fluxos unilaterais, no período da convergência midiática com fluxos bilaterais e simultâneos, síncronos, atualmente no ecossistema digital convivemos com toda sorte de dinâmicas e expansões de linguagens que propiciam as possibilidades aproximativas entre este movimento contínuo dado pelos ambientes por onde trafegam as linguagens e modos de comunicação e a idéia de sinequismo. Esta possiblidade deve-se a engenhosa arquitetura filosófica estabelecida pelo autor de maneira convergente que nos faz ver de maneira fenomênica, semiótica, relacional, como a digitalização da vida tem se dado em todas suas extensões, inclusive na expansão dos laços sociais em redes de redes. Propomos assim a partir da empiria já realizada entender o sinequismo como elemento elucidador da complexidade que se coloca entre os diferentes signos que acreditamos comparecer nas linguagens emergentes e arquiteturas habitativas no espaço estritamente digital e conectivo.
A velocidade com que a narrativa midiática contemporânea se altera e é atravessada por novas possibilidades de narrar, diante da convergência das mídias, acena para a necessidade de uma análise de gêneros que se hibridizam, no “deslizamento” de um meio a outro. As tecnologias digitais aceleraram esse fenômeno que, no entanto, não é tão novo. O projeto abrange pesquisas sobre a crônica nos meios de comunicação, e sobre estratégias narrativas audiovisuais e seus deslizamentos para a web. O objetivo é analisar narrativas que se hibridizam, detectando o entrelaçamento de produções jornalísticas, literárias e de outros campos culturais. Prevê, assim, o estudo de narrativas em diálogos entre ficcionalidades e factualidades, a partir de conceitos de remediação, convergência e transmidialidade, e ainda de estratégias e deslizamentos narrativos. Esta reflexão norteia os estudos do Grupo de Pesquisa Narrativas Midiáticas e Dialogias, em um programa que inclui projetos correlatos e sequenciais no estudo de estratégias narrativas audiovisuais e da linguagem cronística, a partir de um mapeamento do formato e de sua caracterização e análise do que se considera uma videoteratura. Englobando quatro projetos de pesquisa, o estudo passou por diferentes etapas: “Narrativas em mutação: a crônica do papel para as telas” (2016/2017), “Narrativas em mutação: a videoteratura e o cronismo na tela da TV” (2017/2018), “Narrativas em mutação: a videoteratura e o cronismo na tela da TV” (2018/2019), “Deslizamento da crônica nos meios e para outros formatos audiovisuais” (2019/2020) e “Estratégias narrativas do audiovisual em contexto de convergência e de midiatização” (2019/2020). Trata-se de projeto “guarda-chuva” que engloba pesquisas desenvolvidas no grupo Namidia em interface com pesquisas de orientandos de Mestrado e de Doutorado.
A pesquisa destaca as narrativas que buscam a multimidialidade, trabalhando em frentes diversas e englobando áreas que não só ficam restritas ao texto impresso, base maior da narrativa ainda neste século XXI. O trabalho ressalta as narrativas digitais interativas contemporâneas, colocando-as em relação a configurações anteriores ainda baseadas no livro, na revista, no cinema, no rádio e na televisão e em suas diferentes linguagens, podendo também se relacionar com questões relativas à memória. Há uma preocupação com a circulação que está acontecendo dentro das redes computacionais. As transições e deslocamentos entre narrativas tradicionais e contemporâneas, na passagem do analógico para o digital, também fazem parte do estudo. Os objetivos são desenvolver métodos, técnicas, produtos e serviços que possam ligar narrativas e linguagens a novas plataformas e meios que têm o digital como base; pesquisar maneiras de lidar com essas narrativas de modo que a tecnologia seja parte e não fim nesta relação, sempre vista como interação. Daí o interesse especial na interatividade do processo. A metodologia trata de pesquisa e desenvolvimento, tanto de produtos como de serviços e também das próprias metodologias. Assim, muito do material pesquisado volta-se para a sua utilização por algum usuário, já que o foco é na interação. As narrativas pesquisadas são, em sua maioria, interativas, notadamente no campo do audiovisual. Todo este esforço apresenta-se não só nos projetos desenvolvidos, como também nos trabalhos dos discentes envolvidos nas pesquisas. A partir de 2023, parte do projeto foi encampado em um programa de pesquisa com fomento da RNP, com bolsas de pesquisa em TV Digital (TV 3.0) Palavras-chave: Narrativa, digital, multimídia, linguagens, interatividade.
A pesquisa irá investigar as novas barreiras para a efetivação do direito humano à comunicação no contexto de práticas comunicacionais e mediáticas que atuam pelo fortalecimento da cidadania e defesa dos direitos humanos. Serão analisados os atuais desafios legais, tecnológicos, políticos e sociais decorrentes da comunicação analógica e em rede no contexto do neoconservadorismo, da desinformação e do discurso de ódio. Na chamada sociedade incivil (SODRÉ, 2021), minorias sociais, sexuais, religiosas e étnicas; coletivos de favelas e periferias; movimentos sociais, comunitários, populares e sindicais enfrentam novas violações de direitos e violências na produção de conteúdo informativo. Por outro lado, já apresentam respostas e resistências em sua práxis comunicacional envolvendo novos aliados e estratégias através de apropriações e usos criativos e afetivos das tecnologias, plataformas e dispositivos comunicacionais. A metodologia envolve: revisão bibliográfica; pesquisas quantitativa e qualitativa, e; análise documental e legal.
O presente projeto de pesquisa levanta de forma sistemática funções e competências exigidas dos jornalistas no mundo contemporâneo, em um cenário de politarefismo marcado pela presença crescente no mundo virtual de produções da cadeia tradicional. Como a área jornalismo expandido para web na forma de assinaturas, sobretudo o impresso, ainda é pouco observada, as funções e competências estão sendo levantadas desde o início da expansão do jornalismo expandido por meio de entrevistas com profissionais e observação participativa. Para embasar essa construção, busca-se uma consolidação do estado da arte do jornalismo expandido para web com autores referenciais, de modo a construir um sistema que una o levantamento proposto às pesquisas da área. Tal levantamento sobre as funções e competências desempenhadas pelos jornalistas contemporaneamente se apresenta necessário para atualização do ensino do jornalismo, para desenvolver entre estudantes de graduação e pós-graduação o olhar crítico em torno do acúmulo elevado de funções e competências exigidas dos jornalistas e para uma observação crítica das produções midiáticas em tal contexto. Carreira do jornalismo configurada ao longo da década de 1990, o jornalismo deslizado para web sofreu profundas transformações ao longo dos últimos 30 anos, sempre marcadas pelas introduções de multitarefas, ou seja, pelo acúmulo de funções no processo de produção e de veiculação de notícias. Quando tal multitarefismo passou a ser mais rotineiro, a partir dos primeiros anos deste milênio, na cadeia formada por jornais, revistas, emissoras de rádio e de TV, os jornalistas viram suas atividades se expandirem o que, no presente projeto de pesquisa, é identificado como politarefismo, um aspecto ainda pouco observado.
A ascensão e expansão global de grandes empresas de plataforma desempenham um papel central no acesso e uso da informação. Esse fenômeno, conhecido como plataformização (van Dijck, Poell e Waal, 2018), implica na gradual penetração das extensões econômicas e infraestruturais das plataformas online em diversos setores econômicos, culturais e esferas da vida. A plataformização também reorganiza práticas culturais e imaginações relacionadas a essas plataformas, impactando a distribuição, circulação e produção de conteúdo, bem como as formas de expressão social. Portanto, o objetivo central deste projeto guarda-chuva é compreender como a plataformização permeia as indústrias culturais, como jornalismo, publicidade, jogos e entretenimento, além das formas de organização de práticas de trabalho, criatividade, resistência, socialidade e cidadania que emergem em torno dessas plataformas.
Investigação das narrativas audiovisuais produzidas na perspectiva de exploração não comercial, de informação sobretudo. Tensionamento de novas experiências de audiovisualidade, e sua potencialidade para a produção e circulação de conteúdos com maior pluralismo e diversidade. Análise da materialidade audiovisual e estudo dos processos de produção de sentido instaurados por sua circulação. Entre os sub-projetos desenvolvidos destacam-se estudos de produções universitárias, de coletivos pela democratização da comunicação, de emissoras públicas, de núcleos de pesquisa e grupos em redes sociais digitais, articulados sobretudo a partir dos eixos Narrativas, Audiovisualidades, Pluralismo e Território. No estágio atual da pesquisa, tem-se privilegiado a análise da Televisão e de outras formas de produção e circulação audiovisual, e nela do exercício do Jornalismo, como um serviço público de comunicação. A pesquisa ancora-se na dramaturgia do telejornalismo na busca por compreender as promessas de narrativas audiovisuais e Jornalismo, como projeto racional de esclarecimento e autonomização do cidadão. Também interessa perceber em que medida o exercício do Pluralismo e da Diversidade poderia ser percebido como marca de alteridade na oferta de informação e conhecimento em canais que se auto-intitulam públicos, e os sentidos mobilizados para estimular o diálogo com a sociedade e a participação popular. O sub-projeto “Televisão, Jornalismo e Cidadania: Pluralismo e diversidade nas narrativas das emissoras públicas”, tem financiamento de bolsa PQ2-CNPQ. Palavras-chave: Narrativas, Audiovisualidade e Intertextualidade, Pluralismo, Diversidade, Território.
No atual contexto de convergência midiática, este projeto mapeia e analisa as especificidades das novas formas de expressão e interação surgidas com o advento da tecnologia digital, com enfoque nas propostas de criação e transcriação de formas narrativas e de novas dramaturgias que requerem diferentes formas de participação do interator em termos interventivos e colaborativos. Sendo assim, nosso objetivo principal é refletir sobre as especificidades e hibridizações de poéticas audiovisuais na era digital, tendo em conta as transformações ocorridas em relação aos processos analógicos e as novas lógicas de produção, ressignificação e práticas criativas. No que diz respeito à produção, nos atentamos para as formas audiovisuais, transmidiáticas e complexas e seus desdobramentos a partir do debate sobre o conceito de qualidade. Em relação ao consumo, discutimos o fenômeno da social TV e as competências cognitivas, estéticas e midiáticas que estão em operação na promoção de uma literacia das mídias e das artes. O Observatório da Qualidade no Audiovisual congrega as pesquisas desenvolvidas a partir deste enfoque, desdobrando-se no mapeamento e análise de poéticas humorísticas, ficcionais e infanto-juvenis sob o prisma da qualidade e da literacia midiática. Estes conceitos são discutidos nos estudos (Borges, 2009, 2014) e baseados nos trabalhos de Livingstone (2008), Ferrés (2014), Jenkins (2015). A metodologia adotada é quantitativa, com aplicação de questionários e qualitativa, na realização de grupos focais e entrevistas e na análise semiótica de obras e interações nas redes sociais.
A literatura acadêmica – tanto brasileira quanto internacional – aponta fartamente evidências de correlação entre os campos da comunicação e da política. E mais: aponta-se sistematicamente que a visibilidade midiática e a reputação dela proveniente constituem diferenciais competitivos cada vez mais demandados por lideranças políticas no contexto de uma democracia de público. Num ambiente marcado por fenômenos como a personalização da política, os crescentes índices de volatilidade eleitoral e os decrescentes indicadores de identificação partidária, em numerosas democracias mundo afora, cada vez mais candidatos necessitam construir uma imagem na mídia ou nas redes sociais para se viabilizarem eleitoralmente. Em muitas destas fontes bibliográficas, há uma posição majoritária que opõe os processos de personalização da política e de centralidade partidária. Quanto maior a fragilidade partidária, maior a tendência ao incremento da personalização – e vice-versa. Mas essa máxima encontra sustentação em fenômenos como o bolsonarismo, do qual emergiu o partido de extrema-direita mais bem sucedido eleitoralmente da história republicana brasileira desde a redemocratização (o PSL, do qual Bolsonaro acabou por se desfiliar em 2020)? E o lulismo, eleitoralmente mais amplo que o petismo, não tem sido um esteio essencial para a sustentação do PT? É incontroversa a dicotomia personalização versus partidarização, que tem caracterizado a literatura acadêmica internacional e nacional no campo da comunicação política? O projeto geral aqui enunciado busca testar a hipótese de que tal pressuposto nem sempre é verdadeiro – ou, pelo menos, não tem sido suficiente para explicar a realidade da democracia brasileira contemporânea. E se não houver contradição entre personalismo e projeto partidário? E se existem personagens que encarnam um projeto de sociedade, materializando valores ideológicos profundos numa biografia e numa narrativa de vida (vide bolsonarismo e lulismo)? Essa é a agenda central da pesquisa ampla que aqui se enuncia, a desdobrar-se em subprojetos: por meio de análise de conteúdo, apontar as estratégias comunicacionais do bolsonarismo e do lulismo (com foco na construção da imagem dos dois líderes), com a pretensão de avaliar se e como as narrativas produzidas, entre 2018 e 2022, em plataformas digitais e mídias tradicionais, constituem matéria-prima capaz de prover atalhos informativos (POPKIN, 1991) eficientes para prover crescimento ou manutenção de apoio para PSL e PL (partidos de Jair Bolsonaro no período) e PT, respectivamente. Uma máxima cristã afirma que a virtude começa a ser amada quando encarna em uma pessoa. Que supostas características pessoais de Bolsonaro e de Lula são construídas no ambiente comunicacional e como elas eventualmente plasmam a adesão de seus apoiadores? Que projeto de sociedade é encarnado por eles e que artifícios narrativos constroem as personagens ? De que modos essas dimensões narrativas são apropriadas por PSL/PL e PT? Essas são as questões que nortearão a construção dos subprojetos de pesquisa que daqui decorrerão.
O projeto busca identificar, classificar e compreender as narrativas marginais, que se configuraram nas fronteiras dos espaços midiáticos hegemônicos, e que são redescobertas na contemporaneidade, conferindo novos sentidos aos espaços público e privado. Neste aspecto, interessa-nos investigar as expressões comunicativas que permaneceram à margem, quase invisíveis, mas que atuaram como discursos de resistência, explicitando novas interpretações para o passado e o presente. Os vestígios das bitolas fílmicas do Super-8, os rastros dos vídeos amadores, as histórias de vida dos perseguidos políticos, os textos da imprensa alternativa, as fotografias analógicas dos álbuns de família, as narrativas memoriais sobre os antigos cinemas de rua, a construção das subjetividades e a percepção e ocupação do espaço público. As culturas marginais, insubmissas, que se revelam através de reciclagens, reapropriações e novos arranjos e negociações simbólicas. A pesquisa de campo tem caráter qualitativo e tem sido desenvolvida através da consulta e análise de documentos disponíveis em acervos públicos, como também pela identificação e análise de material guardado em acervos particulares. Para a classificação do material, utilizam-se as referências teóricas da Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011) e a metodologia da Análise Crítica da Narrativa (MOTTA, 2013). Para a coleta dos dados testemunhais, baseamo-nos na metodologia de História Oral (THOMPSON, 1992). O objetivo central é mapear as narrativas contra-hegemônicas produzidas no período da ditadura, na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, onde foi deflagrado o golpe civil-militar. A partir deste recorte espaço-temporal, identificar e interpretar o papel dos pequenos agentes/autores de comunicação, cujas histórias de vida fornecem uma outra compreensão do período de exceção no Brasil. Palavras-chave: Narrativa, Mídia, Memória, Cidade, Sociabilidade.