Na última terça-feira, 15 de agosto, o professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP), Dr. Massimo Di Felice. ministrou a aula inaugural do segundo semestre letivo de 2017 do PPGCOM UFJF, intitulada “Redes, Ecologias Digitais, conceitos e desafios para o estudo das novas arquiteturas do homem e da Comunicação”, no anfiteatro da Faculdade de Comunicação Social. O sociólogo iniciou sua fala ressaltando a importância da crítica e da autocrítica para as pesquisas científicas, destacando como isto é enriquecedor para o pesquisador, que, segundo ele, não é apenas um produtor de artigos, mas um agente de mudanças.
Massimo ressaltou que sua abordagem sobre Comunicação não é uma abordagem clássica, mas propõe debater a comunicação em suas conexões em redes atuais, mesmo que nossa linguagem não consiga narrar a complexidade que vivemos.
Durante sua fala, o professor traçou um panorama do percurso da rede e da comunicação digital e concluiu: “somos habitantes de galáxias de pixels”. Sua maior crítica em relação à nova arquitetura da comunicação, nomenclatura proposta por ele, é de que ainda possuímos uma cultura muito antropocêntrica, onde achamos que somos os seres mais evoluídos que habitam o planeta. A fala do professor concentrou-se nas Ecologias Digitais, que são formas de interação que não conectam apenas os seres humanos, mas territórios e outras espécies. No decorrer de sua explanação, Massimo, em consonância com sua pesquisa, aborda a Teoria de Gaia criada pelo cientista James Ephraim Lovelock, a qual propõe que a Terra é um ser vivo habitada por outros seres vivos e, conforme enfatizou o professor, o modo como tratamos a Comunicação atualmente parece ignorar isso, focando somente na interação entre humanos.
Por fim, Massimo deixou um questionamento aos alunos e professores presentes na apresentação: Como pensar uma conexão conectiva e transorgânica? Entre suas propostas, está a de superar a ideia de “mídia” e substituí-la por “arquitetura digital da interação”, um novo tipo de ecologia que instaura uma nova conexão habitativa, e também a compreensão de “transubstanciação”, caracterizada pela sinergia de um apanhado de coisas diferentes, ou seja, a comunicação não é só troca de dados, nem só encontros em lugares sociais. O professor acredita que precisamos substituir também os termos “liberdade” por “dependências” (dependência do meio ambiente, das tecnologias, da matéria-prima), “igualdade” por “diferenças” (aprender a conviver com as diferenças) e “fraternidade” por “ecocomunitas” (reconhecer a importância dos outros seres e coisas presentes no planeta).
Para mais informações sobre a biografia e as obras do autor, acesse o site https://www.massimodifelice.net.