Professores e mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCom) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) participaram, em novembro, do 9º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor). O evento foi realizado entre os dias 3 e 5, na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com o tema “Jornalismo e Mídias Digitais”. Entre 137 trabalhos individuais e 12 comunicações coordenadas, a UFJF foi a segunda instituição com maior número de trabalhos aprovados, atrás apenas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Além da participação de egressos e de alunos de iniciação científica no 1º Encontro de Jovens Pesquisadores de Jornalismo, foram aprovados oito trabalhos produzidos por integrantes do PPGCom-UFJF, nas comunicações livres, e uma participação de duas docentes na Comunicação Coordenada de Telejornalismo. Integrantes da Rede de Pesquisadores de Telejornalismo da SBPJor, as professoras Christina Musse e Iluska Coutinho apresentaram o trabalho “A construção pública dos sentidos de alteridade e identidade na entrevista telejornalística”, na mesa “Linguagens, gêneros e narrativas nos processos editoriais do telejornalismo”.
Nas comunicações livres, a mestranda Fernanda Nalon Sanglard apresentou o artigo “A eleição de Dilma Rousseff repercutida no Jornal Nacional”, escrito em parceria com professor Paulo Roberto Figueira Leal. A pesquisa abordou a cobertura do principal telejornal brasileiro na semana que seguiu o segundo turno da eleição presidencial do Brasil em 2010. Também foi foco do estudo analisar como a vitória de Dilma Rousseff foi repercutida no noticiário.
A professora Christina Musse e a mestranda Marise Baesso escreveram o trabalho “De manchete em manchete: a representação da Polícia Militar de Minas no destaque da primeira página do ‘Super Notícia’”. O artigo lembrou que as manchetes da primeira página são a vitrine dos jornais impressos, em especial dos veículos populares. Tendo em vista que, atualmente, o Super Notícia é o veículo impresso com maior vendagem no Brasil, a questão abordada torna-se importante à medida que a mídia popular ocupa espaço crescente nas vendas, atingindo principalmente a classe C.
Quem também estuda o chamado jornalismo popular é a mestranda Francislene de Paula. No artigo “O leitor (imaginado) dos jornais populares”, ela discutiu a noção de classes populares a partir da perspectiva da formação identitária na pós-modernidade. “Qual leitor está presente nas páginas do jornalismo popular contemporâneo? Essa é a pergunta de fundo desse trabalho”, apontou Francislene.
O professor Wedencley Alves Santana e a mestranda Flávia Lopes tiveram aprovado o texto “Discursos e redes sociais: o caso ‘Voz da Comunidade’”. Nele, os autores observaram que a informação tem ganhado novos suportes e mudado a forma como as pessoas produzem e buscam por conteúdo noticioso. O artigo investigou de que maneira as redes sociais têm influenciado na escolha de fontes e conteúdos pela imprensa, a partir da repercussão do trabalho de um grupo de adolescentes durante a ocupação da polícia no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, pelo perfil @vozdacomunidade no Twitter.
As mestrandas Gilze Bara e Renata Vargas escreveram, com a já mestra pelo PPGCom Mila Perisa, o artigo “Narrativas imagéticas: a discursividade do mostrar”, analisando imagens dos apresentadores/editores do Jornal Nacional (TV Globo) em 29 de novembro de 2010, um dia após a tomada do Complexo do Alemão. O trabalho partiu de pressupostos sobre identidades, televisão e telejornalismo, por exemplo, considerando que as imagens falam por si, significam, incluem, rejeitam e traduzem posturas e condições como discursos ideológicos.
Já a mestranda Ana Eliza Ferreira apresentou o artigo “Análise do Discurso no telejornalismo: caminhos para a apreensão dos sentidos da doação de sangue”. O estudo buscou, em matérias sobre doação de sangue apresentadas em dois telejornais da TV Globo, as marcas discursivas que predominam nas campanhas e ações que incentivam o gesto da doação. Segundo ela, o método utilizado foi eficaz para constatar como o jornalismo produz seus próprios discursos e se apropria dos já constituídos.
Por sua vez, o mestrando Marcello Machado apresentou a pesquisa “Telejornalismo, deficientes visuais e identidades: uma análise sobre a representação de cegos no Repórter Brasil”. A proposta foi analisar a representação telejornalística de pessoas com deficiência visual no principal noticiário da TV Brasil. No artigo, o estudante notou que ações inclusivas permitem mudanças identitárias no significado de ser cego e realçou a importância da audiodescrição em telejornais, em prol da cidadania e do direito à informação.
Os professores Boanerges Lopes Filho (PPGCom) e Jorge Menna Duarte (Curso de Especialização em Comunicação Empresarial da UFJF) elaboraram, junto com o mestrando Raphael Carvalho e as mestras pelo PPGCom Cássia Lara e Iara Marques, o artigo “Salas de Imprensa na área pública: um estudo a partir da análise de 20 casos”. O trabalho buscou compreender e analisar as salas de imprensa, identificando suas características, qualidades e deficiências, com base em 20 salas de prefeituras. A análise foi feita a partir das seguintes categorias: visibilidade no site, facilidade de acesso e uso, conteúdo, organização do conteúdo, diversidade no conteúdo, rapidez de resposta e atualização.
Egressos do PPGCom, os mestres Jhonatan Mata e Livia Fernandes tiveram aprovado o trabalho “Mídia, identidade e território: as cidades projetadas pelos formatos noticiosos no telejornalismo local”, enquanto a mestra Kelly Scoralick inscreveu o estudo “Telejornalismo e informação de interesse público”, que também teve aprovação para o Encontro.
Novidade no evento
Nesta nona edição, uma novidade foi o 1º Encontro de Jovens Pesquisadores em Jornalismo — um momento destinado a pesquisadores em nível de graduação. Podiam ser inscritas pesquisas realizadas nos anos de 2010 e 2011, por graduandos ou recém-graduados. A Faculdade de Comunicação (Facom) da UFJF também foi representada nessa parte do evento. As alunas Allana Meirelles e Roberta Braga tiveram aprovado o trabalho “O Massacre de Realengo apresentado no Repórter Brasil – uma análise da cobertura de tragédia feita pelo telejornalismo público”, orientado pela professora Iluska Coutinho.
Também com a orientação da professora Iluska, a aluna Thais Ribeiro teve aprovada a pesquisa “Dilemas Editoriais e Ética Jornalística: Uma Análise das Reportagens do Fantástico e Folha de São Paulo”. Já os estudantes Daniella Lisieux e Lucas Mendes tiveram aprovação do artigo “Os desafios de implementar o jornalismo digital em um ambiente tradicionalista: um estudo de caso da Pró-Reitoria de Recursos Humanos da UFJF”, orientado pela professora Christina Musse.
Outras informações sobre a SBPJor podem ser obtidas no site www.sbpjor.org.br.