“O olhar” (06/02/2010)
Este foi o primeiro encontro do CaféFil. O tema escolhido foi o “O olhar”, através do qual aplicou-se o método de Investigação Dialógica, proposto pelo professor Juarez Sofiste. Como recursos didáticos utilizou-se a pintura de um quadro de Salvador Dalí: “Pessoa à janela”, e também um poema de Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, que descreve bem essa questão de “olhar” e perceber o mundo com a inocência de uma criança, de enxergar as coisas como se visse-as pela primeira vez.
Foram feitas reflexões sobre diversas questões, dentre elas: a necessidade da renovação do olhar, a reflexão, a fenomenologia presente no texto do autor, fazendo com que se volte às coisas mesmas. Qual a contribuição do “olhar” para as coisas ao seu redor, partindo do ponto de enxergar a realidade sem pré-conceitos acerca do que se vê? Em torno disso, foram propostas idéias como a capacidade de percepção as coisas segundo sua essência, como meio da busca do conhecimento.
“Avatar” (27/02/2010)
No último sábado do mês de fevereiro (dia 27), os membros do CaféFil se organizaram em uma interessante discussão sobre o filme “Avatar” do encontro anterior. Como subsídio de leitura que motivasse reflexões foi entregue aos participantes um artigo de opinião, publicado no jornal “Folha de S. Paulo”, no dia 28 de Dezembro de 2009, do qual o autor é Luiz Felipe Pondé. O texto faz uma crítica pesada e negativa ao filme, considerando este um “besteirol”, um “romantismo idiota”. Acerca dos pensamentos expostos na reunião, nos deparamos com opiniões diversas, que se opunham como: a falta de teor filosófico, dando espaço apenas para uma visão técnica avançada, com finalidade estritamente comercial. Já para outros, a Filosofia se fez presente na dialética do bem e do mal, na presença da mitologia com a árvore da vida e a questão do poder. Além disso, uma procura por uma harmonia inexistente entre o homem e a natureza, e conseqüentemente da união entre ciência e natureza no caminho da evolução.
O filme “Avatar” e o texto de Luiz Felipe Pondé geraram nos participantes a necessidade de abordar melhor o tema e de se fazer um diálogo maior a respeito, visto que para alguns as críticas lançadas ao filme assumiam um caráter positivo e relevante, enquanto que para outros a presença deste “romantismo idiota” trazia a mensagem da poesia, do romance, do belo, da maneira de atenuar a visão da condição humana, sempre imersa na desarmonia.
Além das discussões sobre o filme, os participantes manifestaram o desejo de iniciar no mês de Março o desenvolvimento do tema “A história da Filosofia”, tendo como ponto de partida os pré-socráticos.
O ceticismo (24/04/2010)
O encontro teve seu início com a leitura do texto “Ceticismo” de Jean-Paul Dumont, no qual a discussão se deu acerca da filosofia enquanto uma busca constante da verdade. Em decorrência disso, surgiu o questionamento se há uma tendência do ser humano ao dogmatismo? Essa disposição se estabelece por qual propósito? Qual a importância do dogma enquanto uma verdade inquestionável para o coletivo (grupo social)?
Em decorrência das questões colocadas, destaca-se a relação entre dogma e crença, uma vez que o primeiro é entendido como algo “fechado” e este último como aquilo que circunda o dogma, não sendo necessariamente dogmático. Enquanto a filosofia é questionamento constante, o dogma é algo que “congela”, que “fecha” uma questão. Há possibilidade de compreender o dogma sem ser dogmático? O credo é necessário para o homem apoiar-se? E o dogma?
Dessa forma, durante toda a reunião houve uma interação entre os membros do Café. Os discursos foram expostos sobre o prisma da investigação dialógica, evidenciando assim uma conexão reflexiva interessante e que fundamentava os questionamentos que surgiram a partir do tema proposto.
Renascença do Ceticismo (01/05/2010)
O CaféFil deste dia foi um encontro marcado por muita reflexão, interação e bom humor por parte de todos os membros.
Na reunião foi feita a leitura sobre “Renascença do Ceticismo” a fim de contextualizar a visão de Montaigne – autor de “Ensaios” (1580-1588) – acerca dos fatos da vida cotidiana (incluindo os dogmas da sua época) e tendo como centro de sua preocupação o homem. Feito isso, a roda filosófica debateu sobre o texto e depois assistiram ao filme “Montaigne e a Auto-Estima”. A partir desse momento, observações pertinentes foram realizadas, principalmente àquelas relativas ao corpo humano. Sendo assim, de um lado tem-se a negação total do mesmo e, do outro, o culto excessivo. Sobre qual parâmetro existente no nosso plano social, pode-se considerar a negação do corpo? E quais as conseqüências enquanto patologia pode surgir como fruto dessa “aversão”? Será que existe, de fato, um padrão na nossa cultura que o valoriza demasiadamente assim como o rechaça?