No Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, a Faculdade de Educação (Faced) promove o evento “As lutas pela Terra e com a Terra: Educação Ambiental Popular e Reforma Agrária”. A mesa-redonda será composta pela estudante do curso de pedagogia da UFJF, militante do Movimento Sem Terra (MST), Júlia Guerra e pelo professor da Universidade Estadual de Minas (UEMG) e coordenador do Grupo Kaipora/UEMG, Emmnauel Almada.
A atividade é uma iniciativa do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Ambiental da UFJF (GEA), no âmbito da 10ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (Jura) UFJF: Reforma Agrária Popular em defesa da natureza e de alimentos saudáveis.
Segundo a coordenadora do GEA/UFJF e diretora da Faced, professora Angélica Cosenza, não há o que comemorar em relação à data. A atual conjuntura ainda é de práticas e políticas anti-ecológicas, com ataque às pastas dos Ministérios do Meio Ambiente e povos indígenas, além da criminalização do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
“Marcar o Dia do Meio Ambiente pela denúncia das injustiças ambientais e de desmonte ambiental, assim como anunciar o direito à terra e o direito ao meio ambiente sadio e para todxs, assim como o direito à soberania alimentar é nossa intenção.”
Pensar a questão ambiental junto da agrária permite problematizar o sistema agroalimentar no Brasil, o qual concentra terra, objetifica e monetiza a natureza, desterritorializa comunidades e produz fome
Ainda de acordo com a professora, a mesa-redonda pretende trazer reflexões a respeito do papel da agroecologia e dos movimentos sociais, como o MST, na superação das desigualdades. Além disso, o evento busca trazer um caráter educativo para formar sujeitos capazes de enfrentar os conflitos socioambientais e as injustiças geradas, principalmente, pelo agronegócio e pela mineração no Brasil.
“A Universidade, por meio da formação em educação ambiental e aliada aos movimentos sociais, ajuda a formar esse sujeito ecopolítico. Esse é o nosso desafio e a esperança que nos anima. Pensar a questão ambiental junto da agrária permite problematizar o sistema agroalimentar no Brasil, o qual concentra terra, objetifica e monetiza a natureza, desterritorializa comunidades e produz fome.”
Segundo Júlia Guerra, é importante proporcionar a reflexão para o público e a classe trabalhadora, e a programação da Jura é um avanço nesse sentido. “Pensar a educação ambiental para discutir essas questões é mais que urgente. Precisamos pensar formas efetivas de trazer para dentro da educação essa crítica ao sistema contemporâneo de produzir commodities e simultaneamente produzir a fome.”
Ainda de acordo com a estudante, a maior dificuldade em relação à reforma agrária no Brasil é que ela vai completamente contra os interesses do agronegócio. A demarcação de terras indígenas, quilombolas, os assentamentos da reforma agrária, são formas de assegurar não apenas a dignidade das comunidades camponesas e originárias, são também formas de assegurar a preservação ambiental de tais territórios.
“Para caminhar rumo a uma sociedade mais justa, acredito que somente com organização popular, luta popular e formação popular, através de construção de espaços pedagógicos que proporcionem a reflexão crítica sobre nossa atual conjuntura.”
O evento tem início às 18h com a feira agroecológica Gabriel Pimenta, no jardim da Faced. A mesa começa às 19h no anfiteatro Paulo Freire e terá, ainda, a apresentação musical da artista Laura Conceição. O evento é aberto ao público e não precisa de inscrição prévia.