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Para o doutorando Denis Roberto da Silva Petuco, a academia tem um olhar muito mais voltado para o conhecimento do que para as lutas sociais em torno de políticas dirigidas a pessoas que usam álcool e outras drogas (Foto: Twin Alvarenga)

O aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, do Instituto de Ciências Humanas (ICH), da UFJF, Denis Roberto da Silva Petuco, defendeu, nesta sexta-feira, 29, a tese “O pomo da Discórdia? A constituição de um campo de lutas em torno das políticas públicas e das técnicas de cuidado em saúde dirigido a pessoas que usam álcool e outras drogas no Brasil”.

O doutorando aborda os conceitos dos teóricos Michel Foucault, Pierre Bourdieu e Baruch de Espinoza para o contexto brasileiro, fazendo uma análise que vai do  início do século XX até o final da década de 1980. A pesquisa contou com entrevistas de pessoas que desenvolvem trabalhos com usuários de álcool e outras drogas e que são referência na área.

Petuco estuda o tema desde a graduação. Seu interesse pelo assunto aumentou em decorrência de seu trabalho com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro. Segundo o pesquisador, o universo acadêmico é um campo de batalha, sobretudo no que tange à pesquisa sobre políticas públicas e técnicas de cuidado em saúde dirigido a pessoas que usam álcool e outras drogas. Para ele, a academia tem um olhar muito mais voltado para o conhecimento do que para as lutas sociais em torno destas políticas e técnicas.

“Creio que meu trabalho contribui com a produção de uma certa ‘memória das lutas’ que constituíram este campo ao longo do tempo: os temas, os modos de falar, as ideias, os agentes. Com isto, foi possível refutar a hipótese de que a ‘Redução de Danos’ teria sido o ‘pomo da Discórdia’, a primeira controvérsia a mobilizar agentes e discursos no Brasil,” explica.

Para o orientador da pesquisa, Paulo Fraga, a política de abstinência é uma total utopia, pois não é capaz de dar um tratamento efetivo aos usuários. “A pesquisa traz uma enorme contribuição para a sociedade, por que apresenta um debate que ninguém tinha feito ainda. É inovador por que pela primeira vez se discute a política de ‘Redução de Danos’, que vai de encontro com as políticas proibicionistas que só produzem mais violências e não conseguem coibir o tráfico”, pontua.