Integrantes de duas ações extensionistas da do campus visitaram a aldeia Geru Tucunã, durantes as comemorações da 10ª Festa Indígena Pataxó. (Foto: Sebastião Junior)

“Ser indígena é ser reconhecido”. A frase do pataxó Sinaré Braz dá o tom do que anseiam os primeiros habitantes de Pindorama por ocasião das comemorações deste 19 de abril. E para reconhecer é necessário, primeiramente, conhecer. E é justamente isso o que tenta fazer o Núcleo de Agroecologia (Nagô) e o Pluriversidade do Watu, ações extensionistas do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora focadas na disseminação da cultura e saberes dos povos originários que vivem no Vale do Rio Doce. E o mais recente desses intercâmbios aconteceu na última sexta-feira, 14, quando integrantes de ambos os projetos visitaram a aldeia Geru Tucunã, no município de Açucena, durante a 10ª Festa Indígena Pataxó. No local, além de Sinaré, vivem dezenas de outros indígenas da etnia.

É o caso de Natália Pataxó. A professora, que carrega o seu povo no sobrenome, conhece muito bem o papel da educação nesse processo de revisão da história que é ensinada sobre os indígenas. “É uma história de que os povos indígenas vivem na mata, da caça e da pesca, e isso não é o que acontece hoje no nosso país. Nós temos 523 anos de contato e há uma diversidade cultural dos povos indígenas”, ressalta.

Escrita em linhas tortas pela caneta dos colonizadores, essa história acaba gerando, segundo a educadora, “um grande preconceito e um equívoco de que o indígena tem que ter uma característica física, que é o olho esticado, pele morena, cabelo liso e de que só existem na Amazônia”. É por conta disso que precisam “lutar todos os dias pela sobrevivência, pelo território e pela permanência da cultura”, explica Natália, para quem o momento é de “as pessoas conhecerem a verdadeira história dos povos indígenas e de tentar valorizar e respeitar”.

O intercâmbio foi uma oportunidade de conhecer a cultura e história desses povos originários. (Foto: Sebastião Junior)

Na opinião do professor do campus, Reinaldo Duque, que é coordenador do Nagô e do Pluriversidade, atividades como a da última semana contribuem para “reforçar os laços de parcerias com as comunidades por meio das ações de extensão” e para que os estudantes “saiam dos muros da universidade e conheçam o território a volta, quais os povos e comunidades que vivem aqui no Médio Rio Doce”.

A fala de Duque encontra eco na estudante de Nutrição do campus, Mariana Mendes, para quem “todo o conhecimento vem através desses povos originários”. A discente destaca a importância de “sair desse lugar de detentor do saber”, de aprender e de estabelecer uma troca, movimento que, segundo ela, “faz ter um olhar mais humanizado” para muitas questões.

Confira no vídeo abaixo como foi a participação do campus na 10ª Festa Indígena Pataxó.