Memorial da República Presidente Itamar Franco lança selo comemorativo pelos 30 anos da posse, que passa a compor a fachada do prédio (Foto: Divulgação)

Há 30 anos, em 29 de dezembro de 1992, um juiz-forano de nome Itamar Augusto Cautiero Franco tornava-se Presidente da República Federativa do Brasil. Era 13h10 de uma terça-feira quando Itamar Franco assinou o termo de posse, numa cerimônia breve, ainda que bastante emocionante. As galerias do Congresso Nacional estavam lotadas de brasileiras e brasileiros, grande parte jovens com os rostos pintados nas cores da bandeira nacional. Enquanto Itamar caminhava para o Plenário do Senado Federal, ouvia o Hino da Independência ser cantado pelos presentes, o que se alterou quando tomou a caneta e assinou seu nome na história ao som do Hino Nacional. 

Em celebração à data, a casa que preserva todo o acervo do presidente, o Memorial da República Presidente Itamar Franco lança o selo comemorativo pelos 30 anos da posse, que passa a compor a fachada do prédio. A instituição ainda promove, ao longo da semana, entre os dias 26 e 29 de dezembro, projeção com imagens do político durante seus 733 dias de governo.

No decorrer de 2023, o espaço gerido pela Pró-reitoria de Cultura da UFJF apresentará uma série de eventos para debater e refletir sobre o legado da gestão do Presidente Itamar Franco. Em janeiro, será inaugurada a exposição “Excelentíssimo Presidente – Cartas a Itamar Franco (1992-1994)”. A mostra reunirá mais de três mil cartas enviadas por cidadãos a Itamar durante seus dois anos de governo. No total, o Memorial preserva cerca de 60 mil missivas, num retrato complexo e múltiplo daquele instante no país. 

De acordo com Daniella Lisieux, diretora da instituição, ao celebrar os 30 anos de Itamar Franco na presidência, o Memorial resgata a memória de um juiz-forano que foi capaz de devolver a prosperidade a milhares de lares brasileiros, através de projetos sociais e boa articulação política. “Quando Itamar Franco assumiu a presidência, no final de 1992, o Brasil enfrentava dois grandes problemas: a descrença na política, que havia sido assolada por escândalos de corrupção, e a inflação colossal, que representava um grave flagelo à população. Ele, então, teve a liderança de escolher as pessoas certas para gerir as pastas certas, bem como a sensibilidade necessária para notar as dores do povo brasileiro e não fechar os olhos para as mazelas sociais”, destaca.

Dois anos e muitas realizações
Itamar Franco foi eleito vice-presidente na chapa de Fernando Collor de Mello em 17 de dezembro de 1889, na primeira eleição direta após o regime cívico-militar que perdurou de 1964 a 1988 no Brasil. Alvo de uma série de denúncias de corrupção, Collor foi afastado e seu vice Itamar assumiu a presidência interinamente em 2 de outubro de 1992. O processo, que resultou no impeachment de Collor e levou Itamar à presidência, se encerrou exatos 20 dias após a morte da mãe do juiz-forano, dona Itália. Conforme narra o jornalista Ivanir Yazbeck no livro “O Real Itamar – Uma biografia”, o político estava de luto e havia até cancelado a ceia de Natal naquele ano. Discreto, honrou o compromisso e, antes de assinar o termo de posse, sacou do casaco sua declaração de bens como garantia de que a transparência e a honestidade embasariam suas ações.

“Cheguei por acaso, não! Eu era vice-presidente da República. Cheguei à Presidência, primeiro, por Deus, depois, pela Constituição – que me garantiu. Não fui, aliás, o único vice-presidente que chegou à Presidência da República”, afirmou Itamar em reprodução de Yazbeck. A noção de missão se desenvolveu ao longo dos dois anos de governo do juiz-forano, que, nascido num navio (um Ita) em alto-mar, fez sua vida na cidade da Zona da Mata mineira. Político experiente, Itamar Franco foi prefeito e senador antes de assumir a Presidência. Após passar pelo mais alto cargo do Executivo nacional ainda se tornou governador de Minas Gerais, de 1999 a 2002. Seu nome entrou para a história do Brasil como o presidente responsável por estabilizar a economia com a implementação do Plano Real, por reerguer a cultura e a indústria nacional, por conferir novas diretrizes para a educação no país, por combater a fome numa frente ampla que uniu Estado e sociedade civil, dentre muitas outras importantes políticas que novamente colocaram o Brasil nos trilhos.

Outras informações: Pró-Reitoria de Cultura