Um dos fatores de maior importância para o avanço da medicina — e, consequentemente, de pesquisas e técnicas na área de saúde — é a união de vários campos da ciência com o objetivo de aprimorar e até mesmo corrigir procedimentos que afetam diretamente a vida de pacientes. Exemplo disso é a aplicação da Engenharia Computacional para a simulação de partes do corpo humano. Você sabia que é possível calcular possíveis formas de prevenir efeitos colaterais prejudiciais em tratamentos de câncer? E que os resultados podem ser obtidos bem mais rapidamente do que através de métodos tradicionais, como testes com animais?

Estes são alguns dos pontos que serão abordados na palestra que acontece na próxima segunda-feira, 25, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), promovida pelo Programa de Pós-graduação em Modelagem Computacional. Ministrada pelo pesquisador associado da King’s College London, Bernardo Lino de Oliveira, a apresentação será às 14h, no auditório do prédio da Estatística. Aluno de graduação em Engenharia Elétrica  e mestrado em Modelagem Computacional na UFJF, Oliveira realizou seu doutorado no instituto de pesquisa norueguês Simula Research Laboratory e, atualmente, trabalha em seu pós-doutorado com modelos computacionais voltados para os efeitos tóxicos que afetam o coração de pacientes em quimioterapia contra o câncer.

Vantagens

“Os estudos são feitos de forma multidisciplinar, em parceria com pesquisadores que nos enviam dados obtidos apurados acerca dos efeitos das drogas nos medicamentos, como elas afetam, por exemplo, as expressões de proteínas, genes e enzimas do corpo humano”, explica Oliveira. “A partir disso, o material é incorporado ao modelo computacional, que simula os próprios componentes do corpo e, dependendo, pode ser adaptado de acordo com o paciente.”

Modelos computacionais simulam componentes do corpo humano e, dependendo, se adaptam de acordo com o paciente (Foto: Stefânia Sangi)

Modelos computacionais simulam componentes do corpo humano e, dependendo, se adaptam de acordo com o paciente (Foto: Stefânia Sangi)

O pesquisador também destaca vantagens do uso da engenharia computacional voltada para recursos na área de saúde. “Em um futuro próximo, podemos ajudar a prevenir a toxicidade e, ainda, desenvolver novas drogas de tratamento mais eficazes”, aponta. “Tudo isso de uma forma mais rápida do que seria feito através de testes com animais; o que poderia levar centenas e milhares de horas, por meses ou até anos, pode ser resolvido em um espaço de tempo muito menor e ainda de acordo com os padrões éticos.”

Uso de células-tronco

Segundo Oliveira, o efeito colateral de toxicidade cardíaca é o principal causador da remoção de medicamentos do mercado, tanto em fases clínicas quanto pré-clínicas. “Existe uma demanda crescente por novos métodos e técnicas computacionais para prever, prevenir e tratar a toxicidade o mais cedo possível durante o processo de descobertas de novos compostos”, coloca. Na palestra, intitulada “Modelagem da cardiotoxicidade mitocondrial associada a quimioterápicos”, será discutido o desenvolvimento de novas ferramentas que utilizam células-tronco para este tipo de previsão.

“Também serão apresentados resultados envolvendo a Doxorubicina, um potente quimioterápico de ampla utilização clínica que causa sérias instabilidades no DNA mitocondrial”, afirma Oliveira.

Programa de Pós-graduação em Modelagem Computacional