O significado de ‘servidor’, segundo o dicionário, parece bastante óbvio: refere-se a aquele que serve, ou a aquele que é empregado para exercer uma atividade pública ou particular, de ordem material, técnica ou intelectual. No caso do servidor público, seu sentido é certamente maior na vida das pessoas do que no dicionário – tanto para quem exerce a função quanto para a sociedade que se beneficia dos serviços. 

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) conta, hoje, com um total de 3.108 servidores, divididos entre 1.405 técnico-administrativos em Educação (TAEs), 1.557 professores de magistério superior e 101 de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT). Ao lado dos terceirizados, eles compõem a força de trabalho responsável por garantir o funcionamento da instituição, ainda que em meio às adversidades como os cortes no orçamento da educação. 

Ao longo de mais de 60 anos de história, muitos foram e são aqueles e aquelas que participaram e seguem fazendo parte do cotidiano da UFJF. Os três personagens ouvidos pelo Portal da UFJF para celebrar este 28 de outubro, Dia do Servidor Público, representam a carreira dos TAEs e compartilham suas histórias de luta, de  serviço à sociedade e de realização de sonhos.

“Não há sociedade possível sem Educação”

Lucas Simeão ingressou na UFJF em 1984 (Foto: Carolina de Paula)

Lucas Simeão ingressou na UFJF em 1984. Lá se vão, portanto, quase 40 anos de atuação como TAE. Ao longo dessa trajetória, atuou na secretaria, na coordenação de curso e nos departamentos de Política de Ação e Fundamentos da Faculdade de Serviço Social. Tanta dedicação lhe rendeu, em dezembro de 2021, a maior homenagem cedida pela Universidade aos seus funcionários: a Medalha Juscelino Kubitscheck.

Simeão ainda acumula um período como trabalhador terceirizado antes de ingressar na unidade acadêmica da qual faz parte. “Na década de 80, vim trabalhar na Faculdade de Serviço Social e também no Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação da UFJF (Sintufejuf). Lembro que fui muito incentivado a fazer o concurso no ano de 1983 pela madre Altiva Paixão, que junto às Missionários de Jesus Crucificado, foi uma das responsáveis pela fundação da Faculdade, há mais de 60 anos”, recorda.

O que mais gosto aqui é a convivência em um espaço tão plural

A relação com a luta dos servidores é bastante estreita, visto que ocupou o cargo de diretor do Sinfufejuf por mais de uma década, além de atuar em comissão de assessoria à antiga Pró-Reitoria de Recursos Humanos (PRORH) da UFJF. Sempre buscando melhorar as condições de trabalho dos TAEs. “Durante essas lutas, conheci muita gente nessa Universidade. Então, o que mais gosto aqui é a convivência em um espaço tão plural. A UFJF é meu segundo lar, onde me sinto bem, me sinto acolhido enquanto trabalhador”.

Para Simeão, é preciso discutir sempre o papel das universidades públicas e de seus servidores perante a sociedade. “A Universidade é formadora pedagógica e crítica. Não há sociedade possível sem Educação. Ser servidor, portanto, significa luta, resistência e liberdade para poder transformar a sociedade. Embora nossos governantes não reconheçam nosso valor, posso dizer que sinto muito orgulho de ser um servidor público federal”, finaliza.

“São tempos difíceis para o serviço público”

A gente sabe que os tempos são difíceis para o serviço público, diz o coordenador do Sintufejuf Flávio Sereno (Foto: Carolina de Paula)

Lucas Simeão divide a mesma sala e o mesmo horário de trabalho com um dos técnico-administrativos mais conhecidos no campus da UFJF. Também funcionário da Faculdade de Serviço Social, Flávio Sereno é, atualmente, coordenador geral do Sintufejuf. Ele é funcionário da UFJF desde 2010 e também já atuou no Centro de Educação à Distância (Cead).

A trajetória profissional de Sereno começa na UFJF, como estudante de graduação da antiga Faculdade de Economia e Administração (FEA). Posteriormente, a relação com os órgãos públicos também se deu como empregado terceirizado do Núcleo de Prevenção à Criminalidade, órgão ligado à Secretaria de Estado e Defesa Social do Governo do Estado de Minas Gerais.

Há 12 anos, ele prestou o concurso para TAE e estabeleceu uma relação próxima com o Sintufejuf, após acompanhar assembleias do Sindicato. “Me interessei pela vida sindical porque queria participar da organização da nossa categoria. Em 2017, fazia parte de uma chapa que concorreu à direção do Sintufejuf, eleita naquela oportunidade e reeleita em 2020. Entendo a importância do Sindicato como uma organização coletiva dos trabalhadores”.

A Universidade é um espaço de produção e reprodução de conhecimento. E nós, TAEs, somos corresponsáveis por esse processo, que tão bem atende à nossa sociedade

Segundo Sereno, o Dia do Servidor, previsto em Legislação Federal, é importante para celebrar e para lembrar que o funcionário público é aquele que atua pelo bem comum. “A gente sabe que os tempos são difíceis para o serviço público. Existe uma tentativa de alterar a sua composição da forma como a conhecemos hoje. Por isso, é importante reforçar esta data, entender que a Universidade é um espaço de produção e reprodução de conhecimento. E nós, TAEs, somos corresponsáveis por esse processo, que tão bem atende à nossa sociedade”.

“A Universidade representa a esperança de uma vida melhor”

. Natural de Ubá, município próximo à Juiz de Fora, ingressou na UFJF pelo concurso em 2019 (Foto: Carolina de Paula)

A história de Gizelli Ferreira como servidora da UFJF não é tão longa quanto a de Simeão ou a de Sereno. Ela ingressou para o quadro de funcionários efetivos da Universidade em julho de 2021 e, atualmente, atua no Núcleo de Planejamento, Inovação e Assistência (Nupla), setor vinculado à Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progepe).

No entanto, Gizelli sempre teve a UFJF como referência. Natural de Ubá, município próximo à Juiz de Fora, ela viu muitos de seus conterrâneos procurarem a Universidade para fazerem curso superior. Além disso, no final da década de 90, ela cursou Informática no antigo Colégio Técnico Universitário (CTU), que era então vinculado à UFJF. Foi neste momento que a TAE se encantou pela cidade.

A Universidade representa a esperança de uma vida melhor

Os caminhos profissionais a levaram até o estado de Roraima, onde morou por mais de dez anos. Porém, em 2019, ficou sabendo de um concurso para técnico-administrativos em Educação na UFJF. Gizelli foi aprovada e pôde realizar um sonho e a possibilidade de vivenciar uma realidade que, segundo ela, era algo muito distante. “A Universidade representa a esperança de uma vida melhor. Não só pra mim, mas para muitas outras pessoas. Participar disso ativamente é algo que me encanta. Através da Educação, conseguimos construir novos caminhos, concretizar sonhos. Por isso, ser servidora, servir como elo entre o Estado e a sociedade, servir a sociedade é algo de grande valia”, destaca. 

Semana do Servidor mobilizou comunidade acadêmica

Espaço da Reitoria recebeu trabalhos e iniciativas dos servidores, além de apresentações culturais (Foto: Carolina de Paula)

Entre os dias 24 e 28 de outubro, a UFJF realizou uma série de atividades com o objetivo de celebrar e reforçar a importância do funcionalismo público para a sociedade brasileira. Foram realizadas rodas de conversa, palestras e um café coletivo, onde servidores puderam apresentar talentos como produtos culinários, artesanatos, trabalhos manuais e cultivo de plantas. Veja aqui as fotos.

Além disso, em cerimônia realizada no Museu de Arte Moderna Murilo Mendes (Mamm), servidores públicos aposentados entre os meses de setembro de 2021 e 2022 foram homenageados. Tudo para reforçar a importância daqueles e daquelas que prestam importantes serviços à comunidade juiz-forana e às atividades realizadas dentro e fora do campus da Universidade.